O
ex-executivo da Petrobras Nestor Cerveró e sua advogada, Alessi Brandão,
afirmaram nesta terça-feira 8 que receberam pressões apenas de Delcidio do
Amaral, para que evitassem citar o ex-senador na delação premiada assinada pelo
ex-funcionário da estatal.
Segundo
informações divulgadas pela defesa do ex-presidente Lula, as afirmações foram
feitas em audiência realizada em Brasília, no processo penal em que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros, é acusado por obstrução
de Justiça. A informação desmonta a principal acusação contra Lula no processo,
de que ele teria pressionado o ex-executivo da Petrobras para omitir fatos em
sua delação premiada.
Tanto
Cerveró quanto sua advogada reafirmaram não terem nenhuma pressão para evitar
menções ao ex-presidente Lula ou ao banco BTG. Todas as testemunhas ouvidas na
audiência disseram desconhecer qualquer ação do ex-presidente Lula para
obstruir a delação de Cerveró.
Os
depoimentos reforçam a tese de que que Delcídio agiu por interesse próprio ao
tentar impedir a delação de Nestor Cerveró, que citava propinas de empresas
privadas (G.E. e Alstom) recebidas pelo ex-senador, quando este era diretor da
Petrobrás no governo Fernando Henrique Cardoso. E também de que o ex-senador
teria desviado US$ 2.5 milhões para sua campanha ao governo de Mato Grosso do
Sul em 2006.
A
advogada de Cerveró, Alessi Brandão, relatou bastidores da sua relação com seu
cliente, sobre a condução das negociações para que ele obtivesse uma delação
premiada com os procuradores da Operação Lava Jato. Ela acusou o advogado Edson
Ribeiro, que representava Cerveró, de dificultar o acordo de delação, junto com
o senador Delcídio do Amaral.
A
advogada reiterou que só ouviu sobre suposta participação de Lula a partir da
delação do senador Delcídio do Amaral. Cerveró também reiterou que não houve
nenhuma outra pressão a não ser a de Delcídio do Amaral para que ele não
fizesse delação.
“Delcídio,
ao acusar Lula sem provas, conseguiu fechar ele próprio um acordo de delação
que permitiu que o ex-senador saísse da cadeia e ficasse em liberdade. Ou seja,
após atuar para impedir uma delação, bastou Delcídio acusar Lula sem provas
para ele mesmo obter um acordo de delação premiada, ao atribuir a outro uma
ação do próprio Delcídio“, diz a defesa do ex-presidente Lula.
Cerveró
também confirmou que seu filho recebeu R$ 50 mil no primeiro semestre de 2015,
que devolveu ao advogado Edson Ribeiro como pagamento e que segundo Edson, veio
do Delcídio do Amaral. Segundo Cerveró, seu filho não recebeu nenhum outro
pagamento de Delcídio, nem pediu aqueles recursos, diferente do que foi dito em
depoimento do ex-senador.
Leia
abaixo nota divulgada pelos advogados de Lula a respeito:
Os
depoimentos colhidos na data de hoje (8/11/2016)na 10a Vara do DF desmentem, de
forma inequívoca, a delação premiada do ex-senador Delcidio do Amaral quanto à
denuncia de obstrução de justiça envolvendo o ex-Presidente Luiz Inacio Lula da
Silva.
Foram
colhidos depoimentos de Nestor Cerveró, sua advogada e outras três pessoas, que
negaram qualquer ação direta ou indireta de Lula com o intuito de impedir ou
retardar a delação de Cerveró.
Diferentemente
de versões já divulgadas pela mídia, Cerveró não disse que sua indicação para a
diretoria da BR Distribuidora foi um ato de Lula como agradecimento por
qualquer fato anterior. Ele confirmou que “ouviu dizer” por terceiros esta
versão, citando o nome de Sandro Tordin, ex-executivo do setor privado, que não
tinha nenhuma relação com Lula.
Dessa
forma, a audiência de hoje deixou claro que nosso cliente não praticou qualquer
ato ilícito antes, durante ou depois do cargo de Presidente da República.
Cristiano
Zanin Martins e Roberto Teixeira
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/11/cervero-desmente-midia-lula-interferiu-delacao.html
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