Se
até O Globo, que não gosta de Lula, destaca os prazos discrepantes que o juiz
Sergio Moro estipulou para as intimações de Eduardo Cunha e do ex-presidente, é
porque algo está mesmo mudando na relação entre as elites e a Lava Jato. Agora
que o PT já foi nocauteado, Lula está triplamente qualificado como réu, e a
Operação se aproxima de outros partidos, parece estar chegando ao fim o tempo
da unanimidade e da idolatria em relação a Moro e ao dispositivo judicial de
Curitiba.
Moro
deu 30 dias para que a Justiça do Rio intime Cunha em sua residência a prestar
depoimento sobre o processo que, com sua cassação, foi transferido do STF para
Curitiba, o tal da propina de US$ 5 milhões. Tempo demais para um oficial de
Justiça ir ao condomínio em que ele mora na Barra da Tijuca notificá-lo. Outra
indulgência de Moro para com a família Cunha foi a devolução do passaporte de
Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado, aceitando também ouvir seu depoimento por
via eletrônica, sem comparecimento pessoal.
Já
no caso de Lula, para que uma vara de São Bernardo o intimasse, Moro deu cinco
dias. Lula foi citado num sábado para se defender em 10 dias de uma denúncia de
779 páginas e 16 mil páginas de anexos.
A
diferença de tratamento não pode deixar de ser tomada como uma evidência
gritante da parcialidade do juiz em relação ao ex-presidente. Por que ele representaria
maior risco para a Justiça do que Cunha, que conseguiu adiar por mais de um ano
sua cassação? Por que havia no caso de Lula uma urgência que não se aplica ao
caso de Cunha? Cristino Zanin Martins, um dos advogados de Lula, limita-se
porém a externar seu estranhamento:
-
Não consigo encontrar fundamento jurídico para que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva seja tratado com um rigor que o mesmo juiz não aplica a qualquer
outra pessoa.
Fundamentos
jurídicos estão se tornando instrumentos casuísticos. Ora são necessários, ora
são dispensados em nome da “excepcionalidade” da situação.
http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/260772/Moro-Cunha-e-Lula.htm
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