Ignorado
pelo governo e Congresso, CNS projeta perdas para a saúde pública e propõe fim
da renúncia fiscal e a taxação de grande fortunas para equilíbrio das contas do
governo.
A
reportagem é de Cida de Oliveira e publicada por Rede Brasil Atual - RBA,
20-10-2016.
O
presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Ronald Santos, apresentou hoje
(20) argumentos que desmentem a propaganda do governo de Michel Temer (PMDB) em
defesa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela
investimentos federais por 20 anos e desobriga a União de repassar a estados e
municípios percentuais estabelecidos pela Constituição para o financiamento de
ações na área de saúde e educação, colocando em risco o Sistema Único de Saúde
(SUS).
“Como
até aqui não fomos ouvidos pelo governo e nem pelo deputado Darcisio Perondi
(PMDB-RS), relator da PEC 241, que outrora foi defensor do SUS e do
fortalecimento do seu financiamento, vamos alertar o governo e a sociedade que
haverá perdas sim”, disse Santos.
Regulamentado
pelo Decreto 99.438, de 7 de julho de 1990, o CNS é um órgão com funções
normativas, consultivas, deliberativas para assessorar o Ministério da Saúde. É
composto por 30 membros, entre representantes dos usuários, trabalhadores da
saúde, gestores (governo) e prestadores de serviço no setor.
Em
reunião ordinária do CNS na semana retrasada, o ministro Ricardo Barros foi
questionado sobre prejuízos à saúde pública e também ao total desprezo da pasta
pelo colegiado. "Ele se limita a repetir a versão oficial, o discurso do
governo, segundo a qual não há teto específico para a despesa com saúde” e que
“nada impede que o Poder Executivo proponha um valor acima do piso” a partir de
2018. No entanto, há omissão de dados e o governo demonstra mais uma vez que
vivemos num Estado de exceção, em que a legalidade é secundária", diz.
"O
teto de gastos corrigido pelo IPCA vai deteriorar as condições de vida e saúde
da população em 20 anos. Para que saúde e educação tenham recursos acima do
mínimo constitucional, seria necessário tirar de outras áreas", afirma.
"O aumento de receita nos próximos 20 anos será acompanhado de mais
recursos para o pagamento de juros e amortização da dívida em prejuízo da
população. Ou nossos governantes vão instituir PEC definindo que não pode
nascer mais gente do que morrer nos próximos 20 anos?”, provoca.
Para
o presidente do CNS, a intransigência do governo Temer e suas propostas
"retrógradas" só poderão ser enfrentadas com a ocupação dos espaços
públicos pela sociedade organizada, a exemplo da mobilização de estudantes,
movimentos sociais e sindicais.
"O
nosso grande desafio é sensibilizar a sociedade desorganizada e desinformada,
sem noção dos riscos aos direitos que estão em curso, para tomar parte na
mobilização em defesa dos direitos."
Revista ihu
on-line
http://www.ihu.unisinos.br/maisnoticias/noticias/561429-conselho-nacional-de-saude-desmente-temer-pec-241-vai-tirar-dinheiro-do-sus
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