É
característica das ditaduras a reação policialesca do ocupante do Ministério da
Educação, Mendonça Filho, à mobilização dos estudantes contra a reforma do
Ensino Médio e o projeto de lei chamado de “Escola sem Partido” ou “Lei da
Mordaça”, e contra a PEC 241 que reduz severamente as verbas públicas para a
educação.
Em
ofício enviado na quarta-feira (19) o MEC queria transformar os dirigentes dos
institutos federais de educação em informantes. A resposta foi um claro “não”
daqueles dirigentes, ao mesmo tempo em que a União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (Ubes) denunciou aquela tentativa policialesca e garantiu que as
ocupações continuam.
As
ocupações já abrangem mais de 1000 escolas, principalmente do ensino médio mas
também em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) e
universidades. Embora seja mais forte no estado do Paraná, o movimento já
chegou a vinte unidades da federação, revelando o alcance nacional da luta.
A
juventude assume hoje a mesma posição de vanguarda que sempre teve nas lutas
sociais. Por exemplo, em1966 esteve à frente da luta de massas que resistiu à
ditadura militar ao se insurgir contra o Acordo Mec/Usaid que impunha uma
reforma do ensino ao Brasil que, não por acaso, era semelhante à que o governo
ilegítimo de Michel Temer quer impor meio século depois.
A
juventude foi vanguarda também em 1977, no reinício das grandes manifestações
de massa que marcaram o colapso da ditadura militar. E teve participação
decisiva no Fora Collor, em 1992, contra igual ameaça neoliberal ao
desenvolvimento democrático do Brasil e sua condição de nação soberana.
Hoje,
a luta é semelhante, contra as mesmas forças conservadoras e de direita que
pretendem manietar o ensino e transformá-lo em mero treinamento com escassa
formação humanista, histórica e filosófica, a juventude insurge-se e diz, com
voz poderosa: não!
As
ocupações reapareceram em setembro, como resposta imediata ao anúncio pelo
ocupante do MEC da intenção de impor, por Medida Provisória, aquilo que os
estudantes chamam de “deformação do ensino médio”.
A
resposta dos estudantes contra aquela “deformação” e a iniciativa policialesca
e ditatorial do MEC foi a luta que se espraia pelo Brasil.
A
Ubes rejeita as declarações do MEC que “no lugar do diálogo, prefere ameaçar e
perseguir estudantes nas ocupações”. E garante: “permanecerão resistentes até
que a MP da ‘Deforma’ do Ensino Médio seja revogada”.
A
criminalização deste movimento, apelidado por seus líderes de “Primavera
Secundarista”, é acompanhada pela mídia golpista, como se viu num editorial do
jornalão paulistano O Estado de S. Paulo, que tentou desqualificar as ocupações
como “atos que são criminosos, por afrontar a ordem jurídica”, e pede o uso da
polícia contra os estudantes.
Os
estudantes respondem com o compromisso histórico que têm não apenas com a
juventude e a educação, mas também, com o Brasil e os brasileiros. Em nota
divulgada na quinta-feira (20) a Ubes afirma: “somos lutadores do hoje para
garantir um futuro melhor e mais justo para todo o povo brasileiro”. Os
estudantes merecem a inteira solidariedade das forças democráticas e
progressistas em sua luta em defesa da educação de qualidade e defesa da
democracia seriamente golpeada pelo governo ilegítimo de Michel Temer.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/10/as-ocupacoes-e-o-compromisso-com-o.html
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