Passavam-se
0,11 minutos da madrugada do dia 23 de agosto de 1927, quando dois
trabalhadores, um sapateiro e um peixeiro, foram levados à cadeira elétrica no
estado de Massachusetts – EUA.
Primeiro
Nicola Sacco, de origem camponesa, tornando-se sapateiro; depois Bartolomeo
Vanzetti, peixeiro; foram eletrocutados por um crime que não cometeram. O caso
tornou-se de repercussão mundial. Dois inocentes que foram assassinados por uma
plutocracia.
Condenados
por um júri montado com a finalidade de condenar os dois trabalhadores, sob a
instrução de um juiz tendencioso (Thayer), preconceituoso, reacionário; uma
promotoria (Katzmann), parcial, estabelecendo atos de natureza condenável,
deixando a razão (base da justiça) escamoteada, sendo substituída por
preconceitos, mentiras, leviandades, fraudes; e um governador (Fuller) a
serviço dos interesses escusos e da classe exploradora e privilegiada.
[N.E.
- Não foram absolvidos nem mesmo depois que um outro homem admitiu em 1925 a
autoria dos crimes. O governador de Massachusetts Michael Dukakis, em 23 de
Agosto de 1977, promulgou um documento que os absolvia, exatamente 50 anos
depois.]
Os
trabalhadores, na época, trabalhavam, segundo as palavras do próprio Vanzetti:
“doze horas em um dia e catorze no outro, com cinco horas de folga um domingo
sim, outro não. Nosso pagamento consistia numa comida úmida, que quase não
prestava para os cachorros, e em cinco dólares ou seis por semana”
Lutavam
pela liberdade, contra a exploração do homem pelo homem, pelo fim da opressão,
pela paz, pela justiça social, por uma distribuição de renda justa: eram
anarquista. Posicionavam-se junto aos comunistas, socialistas e sindicalistas.
Não
adiantou as manifestações contra a execução propagadas no mundo inteiro, por
cientistas como Albert Einstein, intelectuais, artistas e milhares de
personalidades e gente simples do povo ao redor do mundo. Nem mesmo a greve de
fome sustentada pelo operário Sacco durante trinta dias.
Prevaleceu
a justiça do poder (burguês), preterindo a justiça do direito, da razão e da
compreensão humana. A justiça não transcende aos interesses de classes.
Restam-nos
a luta, pois a formação econômica transitória de exploração e opressão
persiste, a coragem, a perseverança, a clareza de trazer em nossas consciências
as injustiças cometidas contra inocentes como, Dreyfus, Lula e tantos outros e
as palavras do trabalhador Vanzetti:
“É cruel ser insultado, humilhado,
injustiçado, perdido, sob acusações infamantes, por causas de crimes dos quais
estou totalmente inocente no sentido mais completo da palavra.
Nada existe, nem na terra e nem no céu,
nada que transforme a verdade em mentira ou a mentira em verdade... Desejo
declarar que sou inocente. Jamais cometi crime algum; talvez tenha alguns
pecados, mas não tenho crimes...”
João Martins
http://www.contextolivre.com.br/2018/08/salvem-sacco-e-vanzetti-justica.html
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