"Hoje
foi um dia de a sociedade dizer não a todas as manobras que têm sido feitas
para afastar Lula da urna. Uma atitude de afirmação da soberania popular. O
recado é claro: a sociedade quer Lula na disputa. Quem o tirar fatalmente vai
ter que prestar contas à história." A avaliação é do ex-ministro da
Justiça Eugênio Aragão, sobre a marcha popular que acompanhou nesta quarta-feira
(15) o registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à
Presidência da República no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Comandado
agora pela nova presidente, Rosa Weber, que tomou posse hoje, o TSE vai ser
responsável por julgar processos que podem validar ou impugnar a candidatura de
Lula. Sobre suas expectativas a respeito do posicionamento do TSE, Aragão
afirma que "há uma tendência clara por parte de alguns atores de querer
inviabilizar a candidatura".
Para
ele, vai acontecer agora "uma queda de braço" entre esses atores.
"Vamos ver até onde chega. Não há dúvida nenhuma da plausibilidade das
razões da defesa de Lula. Esse processo do Guarujá (relativo ao tríplex) foi
feito apenas para prender Lula e tirá-lo da política."
Hoje,
o juiz Sérgio Moro, responsável pela primeira condenação do ex-presidente, em
julho de 2017, adiou depoimento de Lula, em 11 de setembro. Segundo o
magistrado, a decisão se deu "a fim de evitar a exploração eleitoral dos
interrogatórios, seja qual for a perspectiva".
Sobre
mais essa decisão polêmica do juiz de Curitiba, Eugênio Aragão começa a
responder com uma risada. Depois, diz: "Ele sabe que, nesses
interrogatórios, costuma perder. Não há mais nada a se dizer a respeito desse
rapaz. Ninguém tem dúvida nenhuma de que Moro não jurisdiciona, ele faz
política", avalia o ex-ministro, que participa nesta quarta-feira, em São
Paulo, de debate no lançamento do livro Vontade Popular e Democracia:
Candidatura Lula? (editora Praxis), em São Paulo.
Em
coletiva em Brasília após o registro da candidatura, o candidato a vice na
chapa, Fernando Haddad, afirmou ser incompreensível a decisão de Moro desta
quarta, adiando o depoimento.
"É
curioso. Exatamente neste momento, em que Lula tem a oportunidade de se defender
perante o país, ele adia? Por que não adiou os depoimentos das testemunhas de
acusação, que não trouxeram nada de novo?", disse Haddad. "Me parece
que estamos no limite de um tensionamento jurídico que está transbordando
rituais mínimos do Estado democrático de direito".
Aragão
cita como emblemática a atuação de Moro no episódio de 8 de julho, quando o
desembargador Rogério Favreto concedeu habeas corpus para soltar Lula, depois
derrubado por articulação dos desembargadores do TRF4 (João Pedro) Gebran Neto
e (Carlos Eduardo) Thompson Flores.
"Moro
interrompeu suas férias para mandar a polícia descumprir uma ordem judicial
porque não agradava a ele", lembra o ex-ministro. "O desenho está
claro. As provas são fragilíssimas. Há ainda um desembargador que não teve
problema em dizer a amigos, segundo os jornais, que cometeu uma ilegalidade
para evitar um mal maior."
Na
semana passada, a grande imprensa divulgou que o desembargador Gebran Neto
teria admitido a amigos que ignorou a lei ao negar a liberdade a Lula, barrando
o habeas corpus de Favreto para evitar um erro maior: o ex-presidente ser
libertado.
"O
importante é que o recado foi dado hoje. As pessoas que têm consciência neste
país não se dobram diante dessas ameaças e dessas pressões", acrescenta
Aragão.
https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/365427/Eug%C3%AAnio-Arag%C3%A3o-'Quem-tirar-Lula-da-elei%C3%A7%C3%A3o-vai-ter-que-prestar-contas-%C3%A0-hist%C3%B3ria'.htm#.W3TIOun4jEo.twitter
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