Em
uma rara aparição pública, o ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou, na noite
dessa segunda-feira (16), em Brasília, que a esquerda precisa lutar contra a
prisão do ex-presidente Lula (T) e a onda conservadora que tomou conta do país.
A declaração foi feita durante uma palestra dirigida a militantes do campo
progressista.
“Hoje
nós vivemos um momento em que temos que ter a sabedoria de compreender o que
está se passando: eles estão transformando o processo eleitoral num simulacro”,
disse o ex-ministro, pouco depois de ser recepcionado aos gritos de “Dirceu,
guerreiro, do povo brasileiro”.
A
palestra se deu em clima de despedida por conta de uma possível nova prisão. O
petista, que hoje cumpre prisão domiciliar em Brasília, aguarda esta semana uma
decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) sobre o último
recurso judicial referente a uma ação penal no âmbito da operação Lava Jato.
Durante
o evento, o ex-ministro abordou os desafios do atual contexto político e
afirmou que, ao retornar ao poder, a esquerda brasileira terá o desafio de
“governar sem aderir à agenda neoliberal”.
Os
fatos relacionados ao golpe de 2016 também estiveram entre os destaques da
noite. Dirceu reforçou os interesses externos sobre o Brasil por conta do papel
que o país passou a ter na América Latina e no mundo durante os dois últimos
governos.
Ele
salientou ainda a participação do grande poder econômico e da mídia
corporativa, em especial da TV Globo, no processo que levou à ruptura
democrática.
“Nossos
principais inimigos hoje são o sistema financeiro bancário e a rede Globo. Nós
vamos travar uma batalha, antes de mais nada, pela independência nacional e a
soberania, mas a independência da classe trabalhadora, não da elite financeira
do país”, bradou.
Ele
acrescentou que a luta popular é o motor das grandes transformações ocorridas
ao longo da história e que o país precisaria, na atualidade, de uma maior
mobilização das massas para reverter o processo de avanço neoliberal que levou
à aprovação de medidas como a reforma trabalhista.
“Por
que a classe trabalhadora se reorganiza? Por causa da exploração. É o que está
acontecendo agora”, enfatizou.
Com
mais de 50 anos de vida política, o petista também afirmou que o povo
brasileiro precisaria revisar os fatos históricos para traçar uma rota que leve
a uma nova ascensão popular ao poder. Ele considera que o momento favorece a
aglutinação de diferentes forças.
“O
desmonte do Estado de bem-estar social vai trazer luta, como está trazendo.
Temos um grande ciclo de luta no futuro. Nós vamos ter que criar uma frente, e
é uma frente ampla, no sentido de que ela é nacionalista”, completou.
Do Brasil de Fato
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