Muitos
juízes, procuradores do Ministério Público e delegados da Polícia Federal bem
que podiam se candidatar nas próximas eleições. Já que não honram mais suas
funções públicas em razão do ativismo político de direita que abraçaram, passa
diante deles um cavalo encilhado que pode levar à Câmara dos Deputados, ao
Senado, às assembleias legislativas ou até aos governos estaduais. E só montar.
Se
tiverem coragem para tentar a presidência da República, mesmo sabendo que serão
surrados nas urnas, tudo bem, o problema é deles. Disputar o voto popular devia
ser o caminho natural para quem usa a magistratura ou o MP para expressar suas
preferências político-partidárias, para posar de comentarista político ou se
manifestar fora dos autos sobre assuntos relevantes para o país, mas que nada
tem a ver com o cargo que ocupam.
É
interessante notar que esses altos funcionários do Estado, embora sejam
protagonistas da campanha de demonização e desmoralização da política e dos
políticos - especialmente se eles pertencerem ao Partido dos Trabalhadores-,
não se pejam em politizar suas condutas, seja direcionando processos criminais
contra militantes, dirigentes e figuras públicas de esquerda, além de
empresários cuja criminalização pode ajudar a comprometê-los, ou protegendo aliados,
quase sempre tucanos e assemelhados.
Desde
o julgamento da Ação Penal 470, o conhecido processo do mensalão, o Judiciário
tomou gosto pelo ativismo político. Suas excelências descobriram ali o caminho
para atalhar a soberania popular e pôr um ponto final na longa hegemonia
petista no governo da República : a condenação sem provas. Sim, porque com a
inversão do ônus da prova, a dispensa do ato de ofício para incriminar agente
público por corrupção e o cerceamento do direito à ampla defesa (tudo amparado
pelo cartel mafioso da mídia), ficou fácil carimbar a pecha de corrupto e
ladrão na testa dos adversários da elite mais retrógrada e antidemocrática do
planeta.
A
Lava Jato radicalizou e aprofundou o atropelo das garantias fundamentais, em
flagrante violação da Constituição. Então, hoje, quando uma parcela
considerável da sociedade já enxerga com nitidez a seletividade e a
parcialidade de juízes e procuradores, que têm na perseguição sórdida ao maior
líder popular da história do país e ao seu partido sua face mais escandalosa, é
hora de lançar o seguinte desafio a esses servidores privilegiados, quase todos
filhos das classes média e alta: dispam-se de suas togas, abandonem seus cargos
e supersalários acima do teto constitucional e venham para a raia da disputa
eleitoral.
Vocês
não se dizem imbuídos da missão de "combater a corrupção e a
roubalheira?" Não se julgam portadores da virtude e paladinos da
moralidade ? Nada mais adequado para que deem vazão a tão "nobres"
propósitos, portanto, do que a carreira política. Nos regimes democráticos e
republicanos é assim que funciona. Mas é claro que tudo isso é puro devaneio.
Duvido que sejam capazes de gesto de tamanho desprendimento e espírito público.
Até porque o estado de exceção vivido pelo país lhes assegura o melhor dos
mundos, que é prestar serviços aos grupos monopolistas de mídia, aos banqueiros
e aos demais rentistas nacionais e internacionais a partir de suas trincheiras
invioláveis no serviço público.
De
Porto Alegre, a multidão em defesa da democracia e do direito de Lula ser
candidato deve gritar para o Brasil e o mundo: juízes e procuradores não têm
voto e por isso não podem mandar no Brasil.
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