O
Brasil vive um momento de estado de exceção, como se pode depreender pelo
noticiário diário. A última diz respeito a uma batida policial na residência de
Marcos da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma
denúncia anônima de que lá havia drogas. A ação foi realizada e nada foi
encontrado.
O
que se deve exigir da Justiça é saber o motivo de uma denúncia anônima tenha
originado uma ação policial. Quer dizer que o Brasil está se transformando no
país do Judas, ou seja, qualquer um pode denunciar quem quer que seja e a
justiça acolhe sem mais nem menos, na prática institucionalizando a deduragem?
E
se, por exemplo, algum integrante do grupo de idiotas do chamado MBL (Movimento
Brasil Livre) pegar o telefone e fazer uma denúncia contra algum inimigo, vai
ser a deduragem telefônica imediatamente acolhida?
Tal
fato demonstra que na prática o Brasil está vivendo em estado de exceção que
precisa ser imediatamente tornado público. É preciso que a justiça evite
inclusive que uma denúncia do tipo feita contra o filho do Lula produza um fato
grave, isto é, que se plante alguma droga durante a batida policial e leve quem
foi denunciado a sofrer as conseqüências de uma arbitrariedade.
É
comum isso acontecer às pessoas denunciadas que sejam pobres. Em favelas
acontece rotineiramente esse tipo de ação policial atingindo pobres e negros. E
de nada vale o acusado alegar inocência e acusar a polícia de ter plantado
alguma coisa para incriminá-lo.
É
o caso de Rafael Braga, um jovem negro e pobre, catador de material reciclável,
o único cidadão brasileiro condenado pela (in) justiça ao ser preso durante as
manifestações populares de 2013. A polícia alegou que ele portava material
inflamável, o que não se confirmou, mas mesmo assim ele foi condenado. Tudo
armado, segundo a defesa de Rafael, que segue preso e acometido de tuberculose,
por isso agora com direito a prisão domiciliar. Ele foi também acusado
posteriormente de portar drogas, o que foi negado, tendo sido alegado pela
defesa que a ação foi forjada pela polícia, mas a denúncia ignorada pela
justiça. Prevaleceu uma condenação superior a 11 anos de prisão,
Provavelmente
em todo o Brasil existem outros cidadãos negros e pobres condenados de forma
injusta, sem provas, mas mesmo assim cumprindo penas em presídios infectos. Por
mais que aleguem inocência e exijam justiça, prevalece a condenação.
A
receita aplicada contra o filho do Lula poderia ter resultado em uma farsa que
levaria o acusado a uma condenação por uma denúncia anônima de algum inimigo do
próprio pai. Como no caso em questão provavelmente a repercussão seria muito
grande e até poderia ser colocada em cheque esse tipo de ação policial, os
agentes que foram à casa denunciada preferiram agir com mais cautela.
É
urgente que se questione esse tipo de ação policial, que afeta principalmente
pobres e negros. Que o que aconteceu com o filho do Lula sirva de alerta também
para o que vem ocorrendo rotineiramente nos mais diversos rincões do território
brasileiro, o que confirma que a justiça neste país é preconceituosa.
https://www.brasildefato.com.br/2017/10/11/acao-policial-na-casa-de-filho-de-lula-brasil-institucionaliza-a-deduragem/
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