quinta-feira, 14 de setembro de 2017

HORA DE LULA DECLARAR GUERRA AO MINISTÉRIO PÚBLICO. Por Bepe Damasco

Já não cabem mais afirmações de Lula, seus advogados ou de figuras públicas do PT fazendo profissão de fé nas instituições ou procurando creditar a apenas uma parte do sistema de justiça a responsabilidade pelo massacre sofrido por ele e seu partido.

Quase como um mantra ouvimos coisas do tipo: “eu acredito nas instituições”, “setores do MP e do Judiciário estão partidarizados, “parte do sistema de justiça trai sua função republicana para perseguir Lula e o PT”, “Lula é caçado pela força-tarefa de Curitiba”, “o objetivo final dos procuradores, juízes e delegados da Lava Jato é a destruição do PT.”

Nada disso faz mais sentido. Pelo menos isoladamente. Não que não haja gente nessas instituições que se negue a seguir o efeito manada, reme contra a maré e se paute pelas leis do país. O problema é que os legalistas hoje são fracamente minoritários. E ainda mais grave: no seu conjunto, o MP e o Judiciário apodreceram.

A visão edulcorada segunda a qual somente algumas maças do cesto estão estragadas não resiste a uma rápida observação da movimentação das peças no tabuleiro judicial do país:

- As atrocidades jurídicas e aberrações processuais cometidas pela Lava Jato, na esmagadora maioria dos casos, são referendadas pelos tribunais superiores;

- Depois de ter sido cúmplice de um golpe de estado que rasgou a Constituição, a qual teria que proteger, o STF se cala diante da prática do direito penal do inimigo que grassa em Curitiba;

- O Conselho Nacional de Justiça, cidadela corporativa do Judiciário, é conivente com vazamentos de grampos ilegais, salários acima do teto constitucional e juízes que atuam à margem da lei;

- Idem, idem, idem para o Conselho Nacional do Ministério Público em relação aos procuradores.

Nos últimos dias, o procurador-geral do MP, Rodrigo Janot, deu mostras de sua sintonia fina com a República de Curitiba no cerco ao ex-presidente Lula e ao PT, apresentando em menos de 24 horas duas denúncias desprovidas de provas e fundamentação. Isso não importa. O que vale é conquistar manchetes de jornais e um latifúndio de tempo no Jornal Nacional, engrossando o caldo que leve à associação definitiva do maior líder popular do país com corrupção, organização criminosa e obstrução de justiça. Logo em seguida, no jogo sujo de cartas marcadas, entra em cena o MP do Distrito Federal para acusar o ex-presidente, na chamada Operação Zelotes, com base numa medida provisória editada por FHC, e não por Lula.

Tudo isso em absoluta sincronia cronológica com o sucesso estrondoso da caravana de Lula pelo nordeste. Não transcorre uma semana sem uma nova denúncia envolvendo petistas. Já perdemos a conta do número de denúncias e processos envolvendo Lula. Até quando? Já passou da hora dessa avalanche de ataques ser enfrentada sem as mesuras e os não-me-toques que visam preservar o que não pode mais ser preservado.

As passeatas de protesto não surtem mais efeito por si só. É preciso radicalizar a luta. A começar pelo discurso. Notas de conteúdo moderado e impregnadas de jurisdiquês, como aquela na qual a defesa de Lula (muito competente, aliás) classificou como “injurídica” a última denúncia do MP, estão em descompasso com a gravidade da situação. Torço para Lula dizer ao Brasil e ao mundo que o MP e o Judiciário, longe de combaterem a corrupção, são peças da engrenagem golpista e da escalada de fascistização do país.

Sem ressalvas ou meias palavras, cabe apontar que essas instituições foram corrompidas pelo ativismo político-partidário. Suas decisões, portanto, padecem do mínimo de isenção, credibilidade e legitimidade. Lula, não aceite sua condenação por parte dos coveiros da democracia. Rebele-se.

http://blogdobepe.com.br/index.php/politica/item/1670-hora-de-lula-subir-o-tom-contra-o-mp-e-o-judiciario


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