Já
não cabem mais afirmações de Lula, seus advogados ou de figuras públicas do PT
fazendo profissão de fé nas instituições ou procurando creditar a apenas uma
parte do sistema de justiça a responsabilidade pelo massacre sofrido por ele e
seu partido.
Quase
como um mantra ouvimos coisas do tipo: “eu acredito nas instituições”, “setores
do MP e do Judiciário estão partidarizados, “parte do sistema de justiça trai
sua função republicana para perseguir Lula e o PT”, “Lula é caçado pela
força-tarefa de Curitiba”, “o objetivo final dos procuradores, juízes e
delegados da Lava Jato é a destruição do PT.”
Nada
disso faz mais sentido. Pelo menos isoladamente. Não que não haja gente nessas
instituições que se negue a seguir o efeito manada, reme contra a maré e se
paute pelas leis do país. O problema é que os legalistas hoje são fracamente
minoritários. E ainda mais grave: no seu conjunto, o MP e o Judiciário
apodreceram.
A
visão edulcorada segunda a qual somente algumas maças do cesto estão estragadas
não resiste a uma rápida observação da movimentação das peças no tabuleiro
judicial do país:
-
As atrocidades jurídicas e aberrações processuais cometidas pela Lava Jato, na
esmagadora maioria dos casos, são referendadas pelos tribunais superiores;
-
Depois de ter sido cúmplice de um golpe de estado que rasgou a Constituição, a
qual teria que proteger, o STF se cala diante da prática do direito penal do
inimigo que grassa em Curitiba;
-
O Conselho Nacional de Justiça, cidadela corporativa do Judiciário, é conivente
com vazamentos de grampos ilegais, salários acima do teto constitucional e
juízes que atuam à margem da lei;
-
Idem, idem, idem para o Conselho Nacional do Ministério Público em relação aos
procuradores.
Nos
últimos dias, o procurador-geral do MP, Rodrigo Janot, deu mostras de sua
sintonia fina com a República de Curitiba no cerco ao ex-presidente Lula e ao
PT, apresentando em menos de 24 horas duas denúncias desprovidas de provas e
fundamentação. Isso não importa. O que vale é conquistar manchetes de jornais e
um latifúndio de tempo no Jornal Nacional, engrossando o caldo que leve à
associação definitiva do maior líder popular do país com corrupção, organização
criminosa e obstrução de justiça. Logo em seguida, no jogo sujo de cartas
marcadas, entra em cena o MP do Distrito Federal para acusar o ex-presidente,
na chamada Operação Zelotes, com base numa medida provisória editada por FHC, e
não por Lula.
Tudo
isso em absoluta sincronia cronológica com o sucesso estrondoso da caravana de
Lula pelo nordeste. Não transcorre uma semana sem uma nova denúncia envolvendo
petistas. Já perdemos a conta do número de denúncias e processos envolvendo
Lula. Até quando? Já passou da hora dessa avalanche de ataques ser enfrentada
sem as mesuras e os não-me-toques que visam preservar o que não pode mais ser
preservado.
As
passeatas de protesto não surtem mais efeito por si só. É preciso radicalizar a
luta. A começar pelo discurso. Notas de conteúdo moderado e impregnadas de
jurisdiquês, como aquela na qual a defesa de Lula (muito competente, aliás)
classificou como “injurídica” a última denúncia do MP, estão em descompasso com
a gravidade da situação. Torço para Lula dizer ao Brasil e ao mundo que o MP e
o Judiciário, longe de combaterem a corrupção, são peças da engrenagem golpista
e da escalada de fascistização do país.
Sem
ressalvas ou meias palavras, cabe apontar que essas instituições foram
corrompidas pelo ativismo político-partidário. Suas decisões, portanto, padecem
do mínimo de isenção, credibilidade e legitimidade. Lula, não aceite sua
condenação por parte dos coveiros da democracia. Rebele-se.
http://blogdobepe.com.br/index.php/politica/item/1670-hora-de-lula-subir-o-tom-contra-o-mp-e-o-judiciario
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