Políticos
e ativistas de movimentos sociais realizaram nesta sexta-feira (1º) o Ato
Político-Cultural pela Paz na Venezuela. "A Venezuela é o bastião da
resistência na América Latina. A todos que são comprometidos com causas sociais
e o avanço da democracia cabe resistir contra uma direita sangrenta, bárbara e
golpista no país", afirmou o coordenador nacional do Movimento dos
Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, em ato promovido pelo Comitê
Brasileiro pela Paz na Venezuela.
O
evento foi marcado pela divulgação de um manifesto assinado pela Articulação
Brasileira dos Movimentos Sociais, Brigadas Populares, Casa de Cultura Carlos
Marighella, Central dos Trabalhadores do Brasil, CUT, Coletivo Poder Popular,
Conselho Mundial da Paz, Consulta Popular, Federação Sindical Mundial,
Federação Única dos Petroleiros, Fundação Perseu Abramo, Intersindical, Levante
Popular da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, entre outros.
Além
de Boulos, estiveram presentes o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, o ex-chanceler Celso Amorim, o fundador do
PT Luiz Eduardo Greenhalgh, o ex-deputado do PCdoB Jamil Murad, representantes
do consulado venezuelano e o professor da UFABC Gilberto Maringoni.
O
ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim atribuiu a crise por que passa
o país vizinho a ações externas e condenou a ameaça do presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, de intervir militarmente na Venezuela. Para ele, a queda
global do preço do petróleo é parte das operações que afetam o governo de
Nicolás Maduro. O ex-chanceler comparou conflitos entre Rússia e Ucrânia, Irã e
Arábia Saudita e a situação da América do Sul. "É muita coincidência que
os preços do petróleo tenham baixado tanto."
Amorim
observou ainda que a criação de blocos por governos progressistas da região,
sem os Estados Unidos, como a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e a Celac
(Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe), influencio os ataques
desferidos pela potências ocidentais, com Estados Unidos à frente. "Essas
coisas incomodaram muito", acredita. "Defender a Venezuela neste caso
é defender o Brasil", afirmou.
O
ex-ministro enfatizou que as ações de Trump foram a gota d'água para que
aderisse "por conta própria" a esse ato de defesa. "Porque
queremos a paz na Venezuela. A política externa do ex-presidente Lula foi
sempre pela paz. Eu, como interlocutor, sempre atuei pela paz (...) Por
políticas que sempre ajudaram a Venezuela a perseguirem o caminho democrático",
disse.
"É
uma obrigação. A história, neste caso, tem dois lados. Temos de estar no lado
certo, contra a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de intervir
militarmente na Venezuela. É algo gravíssimo a ameaça do uso da força, não só
porque ela pode se transformar em realidade, mas mesmo sem concretizar, isso é
um incentivo ao terrorismo e às forças reacionárias para que elas se levantem e
a usem", completou.
Povo vencedor
"Estamos
aqui para nos manifestar de forma contundente sobre a solidariedade que temos
que manifestar. O que está em jogo é o imperialismo e o petróleo", disse
Stédile. "As forças do capital não se dão por vencidas. Nos últimos 20
anos aplicaram várias táticas para derrotar o povo venezuelano. Em todas, o
povo foi vencedor. Chávez foi inoculado de uma bactéria que anulavam os
remédios que ele tinha que tomar contra o Chávez. Mataram o Hugo Chávez, mas no
inferno vamos cobrar", disse o líder do MST.
Greenhalgh,
representando o PT, reafirmou o apoio ao governo de Nicolás Maduro. "O PT
se compromete com toda sua militância a dar toda a solidariedade ao povo da
Venezuela. Assim como demos à Cuba, à Nicarágua, aos países e povos livres da
América Latina em busca de acabar com as ditaduras. O povo respaldou o Maduro.
Abriu-se uma crise pela queda do preço do petróleo e pelo boicote de setores da
economia que trabalharam pelo caos no país", disse.
"Tem
momentos decisivos na história. Não importa se concorda ou não, se é simpático
ou não. A decisão é que se perdermos na Venezuela, haverá um retrocesso para
todos nós. Se ganharmos e mantivermos a liberdade e autonomia esse raio de
vento vai ventar na América Latina", completou o petista.
Jamil
Murad, que já atuou como deputado federal, estadual e vereador por São Paulo,
afirmou que as investidas contra o governo de Maduro "não dizem só a
respeito da Venezuela. Os inimigos do povo venezuelano não estão só la dentro.
Quando nosso companheiro Hugo Chavez venceu em 98, em 2002 derrubaram o Chavez,
mas ele tinha as forças armadas do lado dele", disse.
"Aquela
direita está querendo ir para as vias de fato, pela violência, desde 2002. Não
abandonaram esse propósito. Em 2015, oito senadores brasileiros liderados por
Aécio Neves foram lá para visitar o líder do golpe preso segundo a lei venezuelana.
Teve um acidente, o povo não deixou eles chegarem lá. Na saída do aeroporto
resolveram, como covardes que são, voltar ao Brasil", lembrou.
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/09/celso-amorim-queremos-a-paz-defender-a-venezuela-defender-o-brasil
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