Na
fase final do julgamento simbólico da Operação Lava Jato, que ocorre nesta
sexta-feira (11) em Curitiba, o jornalista e escritor Fernando Morais condenou
também a mídia brasileira e viu relação direta entre a força-tarefa e o
processo que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado.
"Cada dia mais me convenço que há uma implicação, uma ligação radical
entre o golpe de Estado e a Lava Jato", afirmou. "São irmãos siameses,
são xipófagos, uma coisa não teria acontecido sem a outra, uma dependeu da
outra."
Para
ele, o tribunal popular organizado hoje pode ser um "aperitivo", já
que em algum momento os responsáveis pela Lava Jato serão "julgados pela
história". Tanto o golpe como a operação, acrescenta, resultaram do que os
advogados chamam de societa celeris: "Um grupo de pessoa que se junta para
cometer delitos".
Morais
observa que é injusto falar da Lava Jato sem considerar o papel do Judiciário,
do Ministério Público e da chamada "grande imprensa" brasileira.
"A mídia que hoje está aí atuando, que defende o que eles chamam de
reformas, é a mesma que levou Getúlio ao suicídio em 1954, que não queria
deixar Juscelino assumir a Presidência, que apoiou dois golpe de Estado contra
Juscelino", afirmou, citando ainda as ações contra João Goulart. A atual
seria uma espécie de "UDN empobrecida", sem personagens como Carlos
Lacerda.
Mas
seguem atuantes, diz o jornalista. Desde o período do golpe, por exemplo, as
três principais revistas brasileiras concentraram forças contra o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Foram, segundo ele, 22 capas de Veja, 29 de IstoÉ e
12 de Época. "Em qualquer lugar do planeta, a imprensa está a serviços dos
interesses e das ideologias de quem paga as contas no final do mês."
Para
ele, em alguns aspectos a situação política atual é pior que a ditadura de
1964, sem tanques nas ruas, mas "muito mais dissimulado". Os
militares cometeram crimes bárbaros, diz Fernando Morais, "mas não tocaram
na soberania nacional".
A
organização popular é pequena, avalia Morais, citando MST (sem-terra), MTST
(sem-teto) e "duas ou três centrais sindicais", e por isso o caminho
será logo. O primeiro passo é repetir pelo Brasil o que está sendo feito hoje
em Curitiba. "Se a OAB (do Paraná) fechou as portas da sua sede para que
pudéssemos fazer este ato, vamos fazer no MST, no sindicato, na UNE, e se não
der pra fazer em lugar nenhum fazemos na rua", afirmou, antes de votar,
como jurado, "pela condenação da Lava Jato e da mídia".
Da Rede Brasil
Atual
http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2017/08/fernando-morais-golpe-e-lava-jato-sao-irmaos-siameses
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