Um
dos fenômenos mais impactantes do processo histórico vivido pelo país neste
momento é a extensão, profundidade e complexidade alcançadas pelo amplo esquema
de contrainformação fascista montado nos últimos anos.
Voltado
para atingir não apenas o público geral, mas também segmentos específicos da
opinião pública, como a juventude, as igrejas (católicas e evangélicas) os
ruralistas e os empresários urbanos, ele tem operado, desde 2013, praticamente
sem contestação.
Na
ausência de planejamento tático, estratégia, determinação ou articulação, a
esquerda, que poderia servir de alternativa a esse discurso, reage, junto com o
campo nacionalista e democrático, de uma forma tão lamentável e errática, que
as derrotas vão se sucedendo, umas sobre as outras, com grande rapidez e
facilidade, como ocorreu com o golpe jurídico-parlamentar-midiático de 2016.
Não
há no Brasil uma frente pela democracia.
Não
existe, no país, um comitê estratégico de comunicação, que pudesse, ao menos em
parte, suprir a ausência dessa frente, ou transformar-se no seu braço mais
atuante, em defesa da Verdade, da Liberdade, do Estado de Direito e da
Constituição.
Nem
uma coordenação jurídica nacionalista e desenvolvimentista, que possa
restabelecer minimamente a justiça e fazer frente ao verdadeiro tsunami de
calúnias produzido de forma mendaz pelo sistema de manipulação entreguista e
fascista, em seus moinhos, ininterruptamente ligados, de ódio, mentira e
hipocrisia.
E
nem sequer grupos de monitoramento dignos desse nome, para ao menos mapear o
que está ocorrendo nesse contexto, na internet e nos meios tradicionais de
comunicação.
A
cada 24 horas, no âmbito econômico e no institucional, da desculpa da busca de
austeridade – agora ridicularizada pelos mais de 3 bilhões em emendas
parlamentares aprovados pelo governo – que disfarça e sustenta a entrega da
nação aos estrangeiros, à suposta defesa da honestidade que justifica, por meio
do discurso de combate à corrupção, a destruição do Brasil, de programas e
projetos no valor de centenas de bilhões de reais, são gerados, livre e
maciçamente – na mídia, nos organismos de controle, justiça e segurança da
República, nos intestinos de uma plutoburocracia sem nenhuma visão geopolítica
ou um mínimo de sensibilidade estratégica para com a dimensão e a história do
país que está irresponsavelmente arrebentando – centenas de ataques (milhares,
se somarmos as redes sociais) ao Estado, à Democracia e à Política.
Às
principais empresas nacionais e aos nossos bancos públicos – que poderiam nos
servir de instrumento para enfrentar a crise em que nos meteram a propaganda, a
conspiração e a sabotagem golpista desde a época da Copa do Mundo – distorcendo
descaradamente a verdade, invertendo a realidade dos fatos, criando mitos tão
mendazes quanto absurdos.
Disseminam-se,
como sementes de ódio que brotam assim que atingem o solo – e tivéssemos sido
tomados por um cego, orgásmico e orgiático viralatismo – falsos paradigmas que
estão chegando – pela constante repetição, no incansável “pós venda” da
“pós-verdade” – a milhões de brasileiros, nos mais diferentes nichos da
sociedade e regiões do país, cumprindo sua missão de enfraquecer e destruir o
Estado, desnacionalizar a economia e nossos principais instrumentos de desenvolvimento, e de ajudar
a entregar, quem sabe definitivamente, o país ao fascismo, com embrulho de
presente e tudo, nas próximas eleições.
Para
fazer isso, a aliança entre direita “light”, o anticomunismo tosco e anacrônico
e o entreguismo mais abjeto, que encontraram no território brasileiro, nos
últimos anos, um campo fértil, adubado com o preconceito e a ignorância, não
utilizam apenas a mídia de massa – a ponta mais visível do iceberg que está
afundando o país.
Mas
também os mais insidiosos métodos e instrumentos, desenvolvendo estratégias
específicas para cada tipo de público, por meio de instituições ligadas a
interesses estrangeiros, vide as ligações entre o MBL e os irmãos Koch, por
exemplo.
Há
palestras e cursos de formação de “liderança” promovidos e financiados por
consulados e embaixadas estrangeiras, de países que nos espionaram ainda nesta década.
Há
“seminários” organizados por institutos e fundações de “defesa” da “justiça” e
da “democracia”, que não apenas levam nossos jovens para outros países,
facilitando por meio de “bolsas” suas viagens e estudos, como depois também
promovem e premiam, com plaquinhas, diplomas, medalhas, espelhinhos, festinhas,
diplomas e miçangas e palestras remuneradas, sua fiel, abjeta e prestimosa
“cooperação”, quando alcançam algum poder em suas carreiras.
Há
centenas de sites sofisticados, sem fontes de financiamento claras, e também
empresas de “consultoria” e “research” que, a pretexto de prestar informações ao mercado e a investidores,
fazem o mais descarado proselitismo político e antinacional.
Isso,
sem serem incomodadas ou impedidas, na maioria das vezes, nem pelas autoridades, nem por quem está
sendo por elas impiedosa e constantemente caluniado.
Usando,
para pescar otários no oceano dos brasileiros comuns, saturantes- e caríssimas
– campanhas de mídia dirigida, que, por sua extensão e capilaridade, devem
envolver, principalmente na internet, milhões de reais.
Ora,
todo mundo com um mínimo de conhecimento histórico sabe que, desde o início dos
tempos, a mentira e o medo são as duas principais muletas do fascismo.
Que
as utiliza para percorrer a trilha, pavimentada pela desinformação e o
analfabetismo político, que costuma conduzí-lo ao poder, para finalmente calçar,
sem abandoná-las como apoio para equilibrar-se, as pesadas botas do terror e do
autoritarismo.
Quando
na oposição, a falsidade e o preconceito servem ao fascismo para incentivar o
golpismo.
Quando
na situação, para impedir que ascendam novamente ao poder forças que possam se
opor a ele.
Em
fevereiro de 2015, denunciamos, em um texto para o qual recomendaríamos
novamente a leitura, publicado na “Revista do Brasil”, com o título de “O “FIM”
DO BRASIL”, a realização, na linha do “tenho medo”, lembram-se? – de uma ampla
campanha de mídia, dirigida principalmente para os meios empresariais,
disfarçada como a venda de relatório de conjuntura, que afirmava – dentro da
estratégia de disseminação e justificação do golpismo – que o Brasil iria
“quebrar” naquele ano.
Por
trás dela, estava uma empresa de “consultoria” cuja principal missão tem sido,
nos últimos anos, a de explorar e apoiar abertamente o anticomunismo e o
antipetismo no Brasil, adotando o sensacionalismo mais vulgar e o mais
descarado terrorismo econômico, mesma estratégia que adota em outros
“mercados”, como Portugal, por exemplo.
Não
apenas negando as eventuais conquistas que o país obteve na última década, mas,
principalmente, assustando um público ignorante em economia, suscetível e
contaminado ideologicamente pelo discurso conservador, privatista, entreguista
e antibrasileiro vigente.
Ameaçando-o
com a perspectiva da volta ao poder de um governo nacionalista, capaz de
recolocar o país, por meio de um programa desenvolvimentista, em uma situação
minimamente soberana e digna diante do mundo.
Agora,
com a mesma estratégia, já denunciada, entre
outros, por Fernando Brito, Tereza Cruvinel e Denise Assis – a de
apresentar um discurso escarradamente político, em sua forma e consequências,
como peça de propaganda de uma pseudo “análise exclusiva” – essa mesma empresa,
a EMPIRICUS – sócia do site Antagonista e já processada pela CVM e o MP de São
Paulo – está promovendo outra campanha milionária, que, no lugar de “O FIM DO
BRASIL” traz como apelo o alerta “A AMEAÇA QUE PODE ARRUINAR COM O PATRIMÔNIO DE
SUA FAMÍLIA”.
Nela,
ela usa como principal gancho o retorno de Lula – que tirou o Brasil da
decima-terceira economia do mundo e levou para sexta, hoje, ainda, nona
posição, pagou a dívida com o FMI, triplicou o PIB, e multiplicou por 10, para
340 bilhões de dólares, as reservas internacionais – à Presidência da República
e também defende, em outra peça de propaganda, a condenação definitiva do
ex-presidente como um fator de melhora da situação para os investidores.
Em
homenagem a Goering (Goebbels era mais sofisticado) vale a pena ler, na
íntegra, o fac-símile dessa pilantragem:
Agora,
resta saber o que o PT poderia fazer a respeito disso.
O
leitor escolha, nas alternativas abaixo, como nas provas do Ministério Público:
a)
Chamar alguns economistas sérios e incentivar a montagem de uma consultoria
para concorrer – ao menos institucionalmente – com a Empiricus, que possa
finalmente explicar aos investidores – e a parte da opinião pública – o que
realmente ocorreu com a economia
brasileira desde 2002.
b)
Mandar alguém fazer um estudo criterioso dos “relatórios” da EMPIRICUS nos
últimos anos e mostrar que, entre os alegados 1.6 milhão de “leitores” que a
seguem, muita gente jogou dinheiro fora – como no caso das ações da Petrobras –
ao se deixar contaminar ideologicamente e indo atrás da conversa fiada deles.
c)
Processar – como já fez no passado – essa pseudo consultoria junto ao TSE por
propaganda (ou contra informação) eleitoral antecipada.
d)
Não fazer absolutamente nada, porque trata-se
de um caso típico de liberdade de expressão, ou porque “isso não vem ao
caso”, como diz certo juiz “imparcial” de Curitiba.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/goering-ficaria-orgulhoso-os-violentos-ataques-da-empiricus-a-lula-nos-meios-empresariais-por-mauro-santayana/
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