Marcelo
Odebrecht, em seu depoimento a Sérgio Moro, agora tornado formalmente publico –
antes, só um site de de extrema-direita tinha acesso a ele – algumas questões
vão ficando mais claras, apesar da forma que são expostas na grande mídia.
Tal
como em relação a Dilma Rousseff, o executivo não recebeu nenhum pedido de
recursos de Lula e disse ter certeza apenas por episódios em que “ficou
evidente para mim” esse destino.
“As
duas únicas comprovações que eu teria de que Lula de certo modo tinha um
conhecimento dessa provisão foi quando veio o pedido para compra do terreno do
Instituto IL, que eu não consigo me lembrar se foi via Paulo Okamotto ou via
Bumlai. Com certeza foi um dos dois e depois eu falei com os dois. Deixei bem
claro que se fosse comprar o terreno sairia do valor provisionado. A gente
comprou o terreno, saiu do provisionado e depois o terreno acabou… A gente
vendeu o terreno e voltou a creditar.”
O
empreiteiro delator disse ainda. “E teve também, faz parte da minha
colaboração, uma doação para o Instituto Lula em 2014 que saiu do saldo
‘amigo’. São as únicas duas coisas que eu consigo dizer. O resto, essa
informação vinha do Palocci, quando ele pedia para Brani pegar o dinheiro em
espécie. Ele dizia: ‘Olha, era para abater do saldo ‘amigo’ ou do saldo
‘Itália’ que era gerido por ele’.“
Será
que com tanto contato com Lula, como se alega, com ajuda à empreiteira em obras
no exterior e viagens em jatinho, a sós, o empresário não teria dado um
jeitinho de fazer Lula “assinar recido”, com um comentário casual, do tipo
“aquele assunto do Palloci chegou direitinho para o senhor”?
Nada
mais conveniente a quem está, supostamente, “comprando” alguém do que
passar-lhe um laço no pé? “Isso é pra você ficar sabendo que eu sei tudo,
certo?”
Ainda
mais quando a “prova” que se tem – e que deram “certeza” a Marcelo – é a compra
de um terreno para o Instituto Lula, teoricamente a pedido de Lula, negócio que
foi desfeito em seguida, por desinteresse, provavelmente de Lula. Ora, não
seria óbvio que os supostos mensageiros de Lula já tivessem ir pedir a compra
do terreno quando esta já estivesse definida pelo principal interessado?
Os
repasses em dinheiro, numa quantia volumosa (R$ 13 milhões), implica em outro
problema? Conde guardar esta fábula? No armário? Como gastar, recebendo das
mãos de Lula. É evidente que ele mandar entregar a alguém um “paco” de dinheiro
criaria uma situção em que haveria dúzias de “recebedores” dizendo: “Lula me
deu 50 mil em dinheiro, Lula me deu R$ 100 mil em dinheiro” e por aí…
A
história, até agora, só tem como provas as declarações e papéis da empreiteira.
Falta uma conta, um destino físico para o dinheiro. Falta o que se chamava, na
Justiça de antigamente, materialidade.
Mas,
como este é um processo nas mãos de Sérgio Moro, isso não vem mais ao caso.
http://www.tijolaco.com.br/blog/marcelo-odebrecht-assume-que-lula-nao-lhe-pediu-nada/
Nenhum comentário:
Postar um comentário