A
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou à imprensa uma
cronologia a respeito dos depoimentos do ex-diretor da empreiteira OAS, Léo
Pinheiro, levantada pelos advogados de defesa de Lula desde sua primeira
prisão, em 2014, que aumenta indícios de que o instrumento jurídico da 'delação
premiada' foi utilizado para pressionar empresário.
Em
novo depoimento dado na quinta-feira (20) ao juiz Sergio Moro, no âmbito da
Lava Jato, Pinheiro implicou Lula no caso do apartamento no Guarujá, no litoral
paulista, o que não havia ocorrido desde que foi preso pela primeira vez, em
2014. Afirmou ainda que não seria possível provar suas afirmações, pois teria
recebido do próprio Lula orientações para "destruir tudo" sobre o
caso.
Em
junho de 2016, por exemplo, Pinheiro não tocou no nome do ex-presidente para
explicar os acordos ilícitos entre a construtora e políticos o que, segundo
informações levantadas na época pela Folha de S.Paulo, levou seu acordo de
delação a ser recusado pela justiça de Curitiba. Poucos meses depois, em
agosto, a procuradoria pediu por nova prisão de Léo Pinheiro.
Em
setembro passado, o empresário voltou a ser preso. A defesa de Lula aponta que,
em outubro passado, nota de "um blog que atua como assessoria clandestina
de promotores da Lava Jato" afirmava que o objetivo da prisão era obter
informações para corroborar a tese de que o triplex do Guarujá pertencia a
Lula.
Em
novembro, apontam os advogados, Pinheiro continuou não informando que o ex-presidente
seria dono da apartamento, e sua pena foi aumentada em dez anos. Segundo
matéria de O Estado de S. Paulo que noticia a sentença faz referência à
dificuldade em se conseguir uma delação de Léo Pinheiro contra Lula.
Agora
recentemente, em abril de 2017, o executivo finalmente incriminou Lula,
observam seus advogados.
Leia a
cronologia levantada pela defesa do ex-presidente sobre o caso Léo
Pinheiro/Lava Jato
Novembro de 2014
A
primeira prisão de Léo Pinheiro data de novembro de 2014. Cinco meses (!)
depois, em abril de 2015, o STF decidiu que ele fosse colocado em prisão
domiciliar.
Junho de 2016
Condenado
a 16 anos de prisão, o empresário aceitou fazer delação premiada. A sua delação
foi recusada em junho porque, segundo matéria publicada na Folha de S.Paulo,
não incriminava Lula.
Agosto de 2016
No
final de agosto, a Procuradoria-Geral suspendeu as negociações com Léo Pinheiro
e a OAS. Os advogados de Lula pedem que sejam apuradas as informações de que a
delação foi recusada por inocentar o ex-presidente.
Setembro de 2016
Duas
semanas depois de recusada a primeira delação de Léo Pinheiro, o empresário foi
preso novamente. Segundo o despacho do juiz de primeira instância Sergio Moro,
para “garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e segurança
da aplicação da lei penal”.
Outubro de 2016
Um
blog que atua como assessoria de imprensa clandestina dos promotores da Lava
Jato publica uma nota revelando qual era o verdadeiro objetivo da prisão de Léo
Pinheiro: obter qualquer afirmação que corroborasse a insustentável tese de que
Lula seria dono de um apartamento no Guarujá.
Novembro de 2016
A
pressão se intensifica sobre o empresário em novembro, quando sua pena é
aumentada em 10 anos. A matéria do Estadão que noticia o caso faz referência à
dificuldade em se conseguir uma delação de Léo Pinheiro.
Abril de 2017
Finalmente,
em abril de 2017, Léo Pinheiro se dobra, troca de advogados e faz o depoimento
que os procuradores queriam incriminando Lula. O empresário diz ter sido o
único responsável dentro da OAS pela questão do triplex e deixa claro que não
tem provas do suposto acerto.
Para
Fernando Britto, do blog O Tijolaço, "em qualquer país democrático, esta
'conversão' de um acusado seria motivo de inquérito e possivelmente, de
anulação de sua nova versão. Mas, no estranho país que se tornou o Brasil, isso
é o 'triunfo da verdade'".
Leia também
nota de repúdio ao depoimento do empresário emitida pela defesa de Lula
Léo
Pinheiro no lugar de se defender em seu interrogatório, hoje, na 13ª Vara
Federal Criminal de Curitiba, contou uma versão acordada com o MPF como
pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da
prisão. Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser
Lula o proprietário do chamado triplex do Guarujá. É a palavra dele contra o
depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o
dono do imóvel.
A
versão fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um diálogo - não presenciado
por ninguém - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de
destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio
depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o
ex-Presidente. É uma tese esdrúxula que já foi veiculada até em um e-mail falso
encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao Juízo,
não mereceu nenhuma providência.
A
afirmação de que o triplex do Guarujá pertenceria a Lula é também incompatível
com documentos da empresa, alguns deles assinados por Léo Pinheiro. Em
3/11/2009, houve emissão de debêntures pela OAS, dando em garantia o
empreendimento Solaris, incluindo a fração ideal da unidade 164A. Outras
operações financeiras foram realizadas dando em garantia essa mesma unidade. Em
2013, o próprio Léo Pinheiro assinou documento para essa finalidade. O que
disse o depoente é incompatível com relatórios feitos por diversas empresas de
auditoria e com documentos anexados ao processo de recuperação judicial da OAS,
que indicam o apartamento como ativo da empresa.
Léo
Pinheiro negou ter entregue as chaves do apartamento a Lula ou aos seus
familiares. Também reconheceu que o imóvel jamais foi usado pelo ex-Presidente.
Perguntado
sobre diversos aspectos dos três contratos que foram firmados entre a OAS e a
Petrobras e que teriam relação com a suposta entrega do apartamento a Lula,
Pinheiro não soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma história
pré-definida com o MPF e incompatível com a verdade dos fatos.
Cristiano
Zanin Martins
Da Rede Brasil
Atual
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/291784/%E2%80%98Convers%C3%A3o%E2%80%99-de-L%C3%A9o-Pinheiro-contra-Lula-aumenta-suspeitas-sobre-dela%C3%A7%C3%B5es.htm
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