O
golpe de 1964 destruiu o processo organizativo acumulado pela luta popular,
eliminando toda uma geração militante através de uma ditadura militar que
protagonizou a maior repressão de nossa história. Praticou um alinhamento aos
interesses geopolíticos dos Estados Unidos na lógica da "guerra
fria", fortaleceu o latifúndio, acabou com estabilidade decenal prevista
na CLT criando o FGTS, estabeleceu uma política salarial de arrocho definida em
decretos. Porém, manteve e ampliou as bases do projeto nacional desenvolvimentista,
inaugurado em 1930, apostando no fortalecimento da intervenção estatal.
Mesmo
em seu período mais sanguinário, a ditadura fortaleceu uma política soberana de
controle dos recursos naturais, protegendo recursos energéticos e matérias primas
estratégicas para o desenvolvimento nacional. Também no plano geopolítico
surgiram contradições. Recordemos que no período Geisel surgiram tensões que
levaram ao rompimento do tratado militar com os EUA. Além do perigoso incômodo
causado pela recusa estadunidense em reconhecer nossa soberania sobre as 200
milhas marítimas.
Desmonte atual
Nada
se compara com o atual golpe. Em poucos meses, a lista de destruição e ameaças
às bases do Estado brasileiro são incomparáveis. Aceleradamente desmontam a
capacidade da Petrobras em atuar como principal indutora da economia
brasileira. Além de a retirarem da exclusividade na exploração do pré-sal,
abrindo a possibilidade para empresas estrangeiras atuarem no setor, vendem
seus principais ativos, destruindo nossa maior empresa estratégica
indispensável para qualquer futuro soberano de nosso país.
O
governo golpista já anuncia que pretende agilizar novos leilões de petróleo,
agora sem a Petrobras como operadora exclusiva. As empresas estrangeiras vão
importar sondas, plataformas, equipamentos submersos e, portanto, inviabilizar
a expansão da indústria nacional de equipamentos para o setor de petróleo.
Quando se trata de um leilão de petróleo, estamos falando de ceder um contrato
de exploração de 30 anos!
A
devolução de R$ 100 bilhões por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro Nacional, uma das primeiras medidas do
golpista Temer, inviabiliza por um bom período, nosso segundo maior indutor
econômico.
Inviabilizaram
o projeto nacional de construção de nosso submarino nuclear, arma essencial
para a defesa de nossa soberania sobre a zona econômica exclusiva de 200 milhas
marítimas, onde a exploração dos recursos naturais abrange as jazidas de
pré-sal. Acenam com a possibilidade de um acordo com os EUA na base de
Alcântara, não só comprometendo o projeto de um Satélite Espacial
Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), como
possibilitando o grave risco da presença militar estadunidense em nosso
território.
A
alteração constitucional que estabelece um teto para os gastos públicos nos
próximos 20 anos é a maior blindagem limitadora do desenvolvimento social e
econômico. Nenhuma das rupturas golpistas em nossa história causou tanto
desmonte das bases do Estado nacional.
Com
a Reforma da Previdência buscam acabar com a grande conquista da Constituição
de 1988, a formação de um sistema de Seguridade com três componentes: saúde
pública (amparo universal aos doentes), assistência social (amparo a portadores
de deficiência e a pessoas em situações de risco social) e previdência (amparo
aos que ultrapassaram o período de vida laborativa).
Um
ataque sem precedentes à Nação e ao Povo Brasileiro. O maior retrocesso social
e civilizatório que nos empurra para uma situação de explosão social. A cada
dia cresce a insatisfação popular e até mesmo setores que foram arrastados para
o golpe percebem a fraude em que todos fomos vítimas. Nosso povo não se deixará
destruir.
https://www.brasildefato.com.br/2017/02/08/golpe-e-destruicao-do-estado/
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