O
golpe liberou as comportas de uma represa envenenada com a cólera fascista da
classe dominante e elevou ao paroxismo a fúria dos segmentos da sociedade que
odeiam à morte os pobres, gays, lésbicas, negros, mulheres.
O
golpe incandesceu uma espécie de fúria maligna naquelas pessoas que detestam o
povo, a diversidade e o ideal de igualdade; destapou o subterrâneo assombroso
de pessoas que consideram as pessoas diferentes inimigos e, por isso, alvos que
devem ser exterminados.
Esse
sentimento odioso e intolerante é imanente à natureza da oligarquia brasileira,
não nasceu hoje. Subsiste no tempo em estado de latência, e transborda para a
arena pública e contamina o convívio social sempre que a oligarquia sente seus
privilégios ameaçados por políticas democráticas de igualdade social e
distribuição de renda.
É
incrível a semelhança das estratégias, discursos, linguagens, ardis e
violências do golpe de 2016 com os eventos que levaram Getúlio ao suicídio em
1954 e com a conspiração que desaguou no golpe de 1964.
Os
delírios e as histerias de hoje têm o cheiro da naftalina dos mesmos delírios e
histerias de 1954, 1961 e 1964. Esta cólera fascista está hoje no auge, como
esteve naqueles momentos do passado de aguda confrontação ideológica.
O
aterrador é que essa desumanidade parece não conhecer fronteira. Ao invés
disso: propaga o fanatismo e a irracionalidade com requintada crueldade humana.
A
morte da primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva confrontou-nos com a
verdade apavorante de que o Brasil está sendo desumanizado, o sentido da vida
esvaziado e a existência humana abastardada.
O
que pensar da condição humana quando um macabro procurador de justiça ofende
uma pessoa gravemente enferma e deseja a morte que quer celebrar? ["Morre
logo, peste! Morra em agonia, desgraçada. Quero abrir o champagne" – Rômulo
Paiva Filho, no facebook].
Qual
o destino de uma sociedade cujos médicos que deveriam observar o juramento
humanitário de Hipócrates [século V a.C, de salvar vidas e curar enfermos com
dignidade] apregoam métodos para assassinar um ser humano? ["Tem que
romper no procedimento. Daí já abre pupila. E o capeta abraça ela" –
Richam Faissal Ellakkis, vai whatsapp].
Estes
comportamentos aberrantes não brotam espontaneamente, não surgem do nada; eles
se inspiram no "novo normal" criado pelo regime de exceção e que é
validado socialmente pela Rede Globo.
Os
exemplos dos "heróis" justiceiros, cujos Power Points canalhas são
incensados pela Globo, encorajam a disseminação do fascismo pelo tecido social.
O
ódio e desrespeito à Marisa inclusive no momento mais débil da sua existência
física, é decorrência natural da caçada patológica que é feita ao Lula.
Não
fosse Marisa a companheira de sonhos do Lula e parte ativa da trajetória de
emancipação do povo brasileiro; não fosse Marisa a "galega" que
iluminou a vida do Lula e que agora vai iluminar o céu, e ela não seria
destinatária desta cólera fascista.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2017/02/colera-fascista-e-assassinato-da.html
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