A
pretexto de tirar o país da crise, empresários buscam alterar a legislação para
retirar direitos dos trabalhadores
Não
foi contra a corrupção e o aumento de impostos que os empresários da Fiesp
inflaram aquele pato amarelo na Avenida Paulista e em frente ao Congresso
Nacional, durante o golpe do impeachment, apoiados pelos batedores de panelas
vestidos com a camiseta da CBF.
Os
empresários que atropelaram a democracia e financiaram o afastamento da
presidenta Dilma possuem outros interesses, cuja fatura já foi devidamente
cobrada do presidente ilegítimo Michel Temer. Não existe almoço grátis.
A
pretexto de tirar o país da crise, eles buscam alterar a legislação para
retirar direitos dos trabalhadores. Direitos, aliás, que nunca foram empecilho
para que as empresas crescessem e o Brasil se tornasse uma potência mundial.
Além
de patrocinar o golpe, a Fiesp e outras federações empresariais querem tirar
proveito da composição mais favorável no Congresso para aprovar projetos que
certamente, se apresentados em campanha eleitoral, não renderiam votos. Querem
fazer o trabalhador pagar o pato!
O
projeto de lei ainda não foi enviado por Temer ao Congresso, mas o que foi
anunciado às vésperas do Natal, sem qualquer participação da CUT, já é
suficiente para revelar que se trata da maior reforma trabalhista na história
do país, pois visa flexibilizar a CLT e a Constituição de 1988. Por exemplo,
com o negociado sobre o legislado, em plena recessão, com 12 milhões de
desempregados, o governo propõe a precarização do trabalho, o que vai gerar
menos renda, menor consumo e produção, comprometendo a retomada do crescimento
econômico.
Ao
invés de avanço trabalhista, como propagandeiam golpistas de plantão, existem
retrocessos inegáveis. Dizer que é uma proposta de modernização na legislação é
uma farsa. É uma reforma feita sob medida para empresários gananciosos, que
desrespeitam leis e querem se livrar de ações trabalhistas. Segurança jurídica
é cumprir a legislação vigente. Legalizar fraudes é roubar direitos dos
trabalhadores.
Temos
agora mais uma frente de resistência em defesa dos direitos, ao lado do combate
à reforma da Previdência que visa tirar da maioria dos trabalhadores o direito
de se aposentar. Estamos diante da volta aos tempos da escravidão.
O
que o Brasil precisa é de redução dos juros, reformas tributária e política,
combate à sonegação, revisão das renúncias fiscais, geração de empregos com
trabalho decente, e qualificação dos serviços públicos com valorização dos
servidores. O caminho é a retomada da democracia com eleições diretas, já!
Nenhum direito a menos!
Claudir
Nespolo é metalúrgico e presidente da CUT-RS
https://www.brasildefato.com.br/2016/12/30/a-farsa-da-modernizacao-trabalhista/
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