Os
EUA prepararam os golpistas de 1964 desde a ida das tropas brasileiras à Itália,
no final da Segunda Guerra Mundial. Castelo e Branco e Golbery foram encarregados de fundar a Escola
Superior de Guerra que, com a Escola das Américas, no Panamá, formaram a alta
oficialidade das FFAA brasileiras na Doutrina de Segurança Nacional – e nos
métodos de tortura –, que deram as diretrizes que desembocaram no golpe de 1964
e na ditadura militar que comandou o pais durante 21 anos.
Foi
a mentalidade que militarizou o Estado brasileiro, fazendo do SNI o seu eixo,
para controlar e reprimir tudo o que lhes aparecesse como sintoma de conflito,
de contradição, de divergência, que se enfrentasse à visão totalitária de que
quem se opusesse ao Estado militar seria agente subversivo e deveria ser
extirpado.
Na
pós-guerra fria, com o fim do campo socialista e da URSS, os EUA buscaram seu
novo inimigo, figura essencial para canalizar os males do pais em algum inimigo
externo. O narcotráfico, o terrorismo, passaram a desempenhar esse papel de
exorcismo para os EUA.
Como
parte da luta contra o terrorismo, com toda a abrangência que George W. Bush
passou a dar ao tema – que fez com que até a Tríplice Fronteira fosse incluída
na lista de organizações terroristas -, desenvolveu-se um campo de atividade
chamado de “contraterrorismo”, como parte da função de “policia do mundo” que
os EUA assumiram quando passaram a ser a única super potência
A
lavagem de dinheiro passou a fazer parte dessa ação, na suposta crença de que o
terrorismo lavasse os seus recursos. Passou-se à “investigação e punição nos
casos de lavagem de dinheiro, incluindo a cooperação formal e informal entre os
países, confisco de bens, métodos para extrair provas, negociação de delações ,
uso de exame como ferramenta , e sugestões de como lidar com Organizações Não
Governamentais (ONGs) suspeitas de seres usadas para financiamento ilícito”.
No
seminário “Projeto Pontes: construindo pontes para a aplicação no Brasil” , -
cujo teor foi revelado pelo Wikileaks, - realizado em outubro de 2009,
realizado em pleno Rio de Janeiro, com a presença de autoridades
norte-americanas, de formação do novo pessoal a serviço do Império, para
consolidar treinamento bilateral de aplicação e habilidades praticas de
contraterrorismo. Participavam no treinamento promotores e juízes federais de
26 estados brasileiros, além de 50 policiais federais de todos os estados entre
outros, na maior delegação de países, que contava também com representantes do
Mexico, da Costa Rica, da Argentina, do Panamá, do Uruguai e do Paraguai.
No
meio dos trabalhos, intervém Sergio Moro, que fala sobre os “cinco pontos mais comuns acerca da lavagem
de dinheiro no Brasil”. “Os participantes requisitaram treinamento adicional,
sobre a coleta de evidenciais, entrevista e interrogatório, habilidades usadas
nos tribunais”. Esse interesse se daria
porque “a democracia brasileira não alcança 20 anos de idade. Assim os juízes
federais, promotores e advogados brasileiros são iniciantes no processo
democrático, não foram treinados em como lidar com longos processos judiciais
(...) e se encontram incapazes de utilizar eficazmente o novo código criminal
que foi alterado completamente”.
O
informe pede, nos resultados da reunião, que se ministrem cursos mais
aprofundados em Sao Paulo, Curitiba e Campo Grande. O relatório conclui que “o
setor judiciário brasileiro claramente está muito interessado na luta contra o
terrorismo, mas precisa de ferramentas e treinamento para empenhar forcas
eficazmente. (...) Promotores e juízes especializados conduziram no Brasil os
casos mais significativos envolvendo corrupção de indivíduos de alto escalão”.
O
surgimento de governos que contrariam as orientações dos EUA foi a oportunidade
para adaptar essas orientações a projetos de desestabilização desses governos,
apoiado em ações que se concentrem na denúncia de supostas irregularidades
cometidas por esses governos, pelos partidos que os apoiam e por seus lideres.
A contribuição de Moro foi a de usar os métodos que aprenderam com os norte-americanos
– que incluíam ja o uso das delações, entre outros métodos – para destruir a
democracia, reconstruída depois do esgotamento das ditaduras militares,
instaladas pela geração anterior de golpistas formados pelos EUA.
Os
dados revelados pelo Wikileaks, a começar por essa reunião de 2009, devem ser
investigados pelo Congresso brasileiro, como a mais escandalosa intervenção nos
assuntos internos do pais, violando sua soberania, com a participação de
membros do Judiciário e da Polícia Federal. Como preparação, pelos EUA, da nova
violação da democracia brasileira, valendo-se dos seus agentes internos.
http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/272365/Os-Estados-Unidos-prepararam-os-golpistas.htm
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