Não
dava mais para esconder. Nem os “midiotas” iriam acreditar. Nos últimos dias do
trágico 2016, o ano do “golpe dos corruptos”, a mídia chapa-branca finalmente
confessou que a economia está desabando. Em manchetes nos jornais e comentários
na tevê, inclusive na Globo, ela agora admite: “Com Natal fraco, vendas em
shoppings caem 9% no ano”; “Contas do governo têm pior resultado para novembro
desde 1997”; “Índice de Confiança da indústria registra menor patamar desde
junho”. Os barões da mídia até poderiam publicar em conjunto – já que difundem
o mesmo pensamento único emburrecedor – um enorme “Erramos”. O mais correto
seria “Mentimos”, com o seguinte texto:
“Em
editoriais, colunas e reportagens afirmamos aos nossos ingênuos leitores e
telespectadores que a economia estava em frangalhos por culpa exclusiva de
Dilma Rousseff. Até omitimos a gravidade da crise capitalista internacional.
Garantimos que bastaria depor a presidenta, eleita democraticamente pela maioria
dos brasileiros, para a economia voltar a crescer. Muitos acreditaram nestas
informações e foram as ruas gritar ‘Fora Dilma’. Com sua queda – e após novas
rodadas de negociação das verbas publicitárias –, espalhamos que Michel Temer
retomava a “confiança do mercado”, com a volta dos investimentos, dos empregos
e da renda. Erramos! Ou – para ser mais honesto – Mentimos”!
Nem o Natal salva o
comércio
Os
dados que confirmam esta baita mentira são inquestionáveis. Nem o Natal
conseguiu reanimar o setor do comércio. O total de vendas em shoppings neste
ano recuou 9,1%, segundo a associação de lojistas do ramo (Alshop). O período
das festas de fim de ano, que costuma alavancar o movimento, não conseguiu
compensar o mau desempenho. As vendas de Natal caíram 8,9% em relação à alta
temporada de 2015. "Esse foi o pior Natal que já vimos. Antes crescíamos
3% a 4% acima do PIB", afirma Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações
institucionais da Alshop.
Como
resultado desta desgraceira, o setor de shopping centers fechou o ano com saldo
negativo de 18.100 lojas, queda de 12,9% em relação a 2015. É a primeira vez
desde 2004 que a Alshop registra um saldo negativo na abertura de lojas. Parte
delas encerrou as atividades e outra parte migrou para o comércio de rua. O efeito
mais perverso foi o aumento do desemprego no setor. Os logistas cortaram 36.659
vagas de trabalho neste ano. A tendência para 2017 é ainda pior. Os shoppings
estão operando em média com 50% da capacidade de ocupação.
A queda de confiança na
indústria
A
queda nas vendas tem impacto direto na indústria. Menos gente consumindo
significa menos gente produzindo. Tanto que o setor industrial já reduziu suas
expectativas de crescimento para o próximo ano. Segundo matéria publicada no
Jornal do Brasil nesta segunda-feira (26), "o Índice de Confiança da
Indústria recuou 2,2 pontos em dezembro, atingindo 84,8 pontos, o menor patamar
desde junho deste ano, quando foi registrado 83,4 pontos. O resultado foi
divulgado pela Fundação Getúlio Vargas. A queda da confiança ocorreu em 12 de
19 segmentos industriais pesquisados".
"A
piora na percepção sobre o nível de demanda foi o que mais influenciou o mau
resultado este mês. Com piores avaliações sobre a demanda interna, esse
indicador caiu 3,5 pontos, marcando 81,8 pontos. O percentual de empresas que
consideram o nível atual de demanda forte diminuiu de 9% para 6% entre novembro
e dezembro. E as que consideram o nível fraco aumentou de 35,5% para
36,1%". Ainda de acordo com a matéria, o índice de ociosidade nas indústrias
bateu novo record. "O Nível de Utilização da Capacidade Instalada atingiu
72,5% em dezembro, novo patamar mínimo histórico para a série iniciada em
2001".
Menos venda, menos
produção, menos empregos
A
consequência inevitável da desintegração da economia é o aumento vertiginoso do
desemprego. Até os banqueiros, que apoiaram o "golpe dos corruptos",
já admitem que o cenário será ainda mais sombrio no próximo ano. Segundo
projeção do Santander, a taxa de desemprego atual, de 11,8%, deve superar 13%
em 2017. "Economistas do banco previam uma taxa média de 11,6% para o ano
que vem, mas revisaram o número para 12,7% depois da divulgação dos resultados
fracos do PIB no terceiro trimestre", informa a Folha. O Bradesco também
elevou sua expectativa de desemprego de 12,5% para 12,9%. Ou seja: o Judas
Michel Temer decepcionou até seus apoiadores.
"Os
dados mostram que o otimismo acerca da atividade econômica no país e, por
conseguinte, com as contratações ao longo dos próximos meses parou de
aumentar", diz o economista da FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho. Com
o aumento do desemprego, a massa salarial também diminui - o que resulta, num
círculo vicioso, na diminuição do consumo e em novas demissões. "A retomada
deve ser bastante lenta. Não vemos uma melhora da massa salarial antes do
segundo semestre", diz Rodolfo Margato, economista do Santander.
Crise detona as contas
do governo
Outro
efeito da crise é a queda de arrecadação do Estado. Menos vendas, menos produção,
menos empregos e menos impostos. A consequência é que as contas do governo
tiveram o pior resultado para novembro desde 1997. Não há austeridade fiscal
que resolva este impasse. Segundo informações do Tesouro Nacional, divulgadas
nesta terça-feira (27), as contas do governo federal tiveram um deficit de R$
38,4 bilhões em novembro, o pior resultado para o mês desde o início da série
histórica, em 1997. No mesmo mês do ano passado, o saldo negativo foi de R$
21,2 bilhões.
O
deficit no acumulado do ano é de R$ 94,2 bilhões, também o pior resultado para
o período desde 1997. No mesmo período do ano passado, o deficit acumulado foi
de R$ 54,1 bilhões. Apesar do desastre, o covil golpista ainda tenta ludibriar
a sociedade. Segundo Ana Paula Vescovi, secretária do Tesouro Nacional, o
usurpador Michel Temer "vai cumprir a meta fiscal" e administra as
contas de forma "responsável". A PEC-55, que congela por 20 anos os
gastos públicos em saúde e educação, é a forma "responsável" de
governar dos golpistas. Tanto que foi batizada de "PEC da Morte".
Estes
e outros dados confirmam o desastre do Judas Michel Temer e do czar da
economia, Henrique Meirelles. Eles também atestam a vergonhosa manipulação da
mídia, que prometeu o paraíso com o impeachment de Dilma e agora confessa que o
Brasil ruma celeremente para o inferno. Poucas foram as posições dissonantes na
chamada grande imprensa. Neste sentido, vale destacar a opinião de Bernardo
Mello Franco, uma das raras vozes críticas da Folha golpista. Confira abaixo seu
artigo:
*****
As
previsões e os fatos
Bernardo Mello Franco -
27/12/2016
"Rombo
nas contas do governo é o maior em 20 anos". "Utilização de
capacidade da indústria cai à mínima histórica". "Pela primeira vez
em 12 anos, shoppings fecham mais lojas do que abrem. "Varejo tem queda no
Natal". "Mercado reduz projeção do PIB". "Desemprego deve
subir ainda mais em 2017".
Todas
as manchetes acima foram recolhidas no noticiário on-line desta segunda (26).
Elas ilustram o desânimo da economia brasileira na reta final do ano, em que os
fatos insistem em contrariar as previsões oficiais.
No
início de 2016, era comum ouvir que o impeachment resultaria na retomada
imediata do crescimento. Em março, o empresário Flávio Rocha, da Riachuelo,
dizia que a volta dos investimentos seria "instantânea". Em setembro,
o ministro Eliseu Padilha se gabava: "A esperança está se convertendo em
confiança".
Os
dois parecem ter confundido desejo com realidade. Os investimentos sofreram um
tombo de 3,1% no terceiro trimestre, segundo o IBGE, e a confiança da indústria
acaba de registrar o menor índice em seis meses, de acordo com a FGV.
As
previsões róseas se baseavam na crença de que bastava trocar de presidente para
tirar a economia do atoleiro. Com lama pelas canelas, os mais otimistas
deveriam dar uma olhada no exemplo da Argentina.
Quando
Michel Temer nomeou sua equipe econômica, os entusiastas da "fada da
confiança" festejaram semelhanças com o time ultraliberal de Mauricio
Macri. Nesta segunda, o presidente argentino demitiu o ministro da Fazenda. Se
é possível fazer alguma previsão para o início de 2017, é de que a pressão
sobre Henrique Meirelles vai aumentar.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/12/economia-desaba-e-midia-confessa-erramos.html
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