Michel
Temer, na sua pomposa pretensão, chamou-se de “uma ponte para o futuro”.
Fernando
Henrique, mais pragmático, chamou-o de pinguela: ¨é o que temos”.
Aécio
Neves, na Folha, hoje, dá um passo além e chama o período Temer de Rubicão:
Eu
conduzirei o partido com as forças que eu puder ter para viabilizar essa agenda
de reformas para que nós possamos atravessar o rubicão e chegar a 2018 com o
país melhor.
Embora
seja duvidoso que Aécio Neves tenha a compreensão do que é “atravessar o
Rubicão” na História.
O
rio, em si, não era nenhum caudal difícil de transpor. Mas era o limite,
imposto pela República Romana, ao deslocamento das legiões para que não se
ameaçasse, dentro da cidade, o núcleo do poder. Os generais só podiam
atravessá-lo sem tropas e o que com elas o cruzou, Júlio Cesar declarou a
guerra civil para tornar-se ditador.
O
“general” Aécio, condottieri tucano, proclama a irreversibilidade da decisão do
PSDB de grudar-se ao Governo Temer, ainda que sabendo que parte das legiões, as
do General Alckmin, não querem se sujar ante o povo com a dissolução do regime
romano.
Declara,
como um Julio Cesar tupiniquim, “alea jacta est”- a sorte está lançada – como
fez seu modelo romano ao cruzar o rio, a dizer que a decisão é irreversível,
para o bem e para o mal.
No
que depender de mim, nós estaremos até o final desse governo contribuindo com
propostas. O PSDB deve estar lado de Michel Temer.
Quando
um tucano desce do muro, a história já nos mostrou para que lado o faz.
Confia
em que, com Temer a atrair o desprezo público, possa passar incólume à agenda
de destruição de direitos sociais e à abertura das poucas porteiras que ainda
protegem resquícios da soberania nacional.
Mas
posso estar errando quando me refiro a Aécio como diante ao Rubicão romano.
Talvez mais adequado seja falar no de Machado de Assis, em seu romance Helena,
onde todos os personagens, pelas conveniências, ambições e dinheiro, vão
despencando para a hipocrisia.
Naquela
mesma noite, ouviu Eugênia a esperada palavra. (…) Concedendo a mão a Estácio, não
era uma castelã que entregava o prêmio, mas um cavaleiro que o recebia com
alvoroço e submissão.Transposto o Rubicon, não havia mais que caminhar direito
à cidade eterna do matrimônio.
Não
faltam romance nem hipocrisia, aliás, na entrevista de Aécio, onde, às risadas,
fala que tem por Serra “uma paixão avassaladora”.
Era
isso mesmo que o velho Machado queria mostrar: as relações sociais movidas por
aparências e pelas ambições.
http://www.tijolaco.com.br/blog/aecio-e-pinguela-sobre-o-rubicao-confissao-do-assalto-ao-poder/
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