Pode-se
medir a importância para o Estado Democrático de Direito da decisão da Câmara
dos Deputados desta terça-feira (29) de punir por crime de responsabilidade os
abusos cometidos por procuradores do Ministério Público e juízes pelas reações
imediatas e iradas de Deltan Dallagnol e Carlos Fernando de Souza, destacados
próceres da República de Curitiba.
Para
Dallagnol, o texto aprovado pelos deputados "é uma tentativa de
aterrorizar promotores, procuradores e juízes." Já Carlos Fernando vê o
começo do fim da guerra à corrupção. A chave para entender a revolta da dupla
está ao alcance de qualquer mortal : a Câmara acrescentou uma emenda à nova lei
anticorrupção prevendo que sejam processados por crime de responsabilidade
procuradores e juízes que instaurem ações movidos pela busca de "promoção
pessoal ou perseguição política."
É
esse o ponto. A matéria agora vai ao Senado e, em caso de alteração, volta a
ser apreciada pela Câmara. Ou seja, muita água ainda vai correr por baixo da
ponte. Mas, se uma lei com esse teor já estivesse em vigor, toda a tal
força-tarefa da Lava Jato, especialmente Moro e esses dois procuradores, já
responderiam a processos judiciais.
Senão
vejamos: Moro participa de eventos promovidos pela Rede Globo, de quem recebe
prêmios e condecorações. Não se furta ainda em posar ao lado de tucanos de alta
plumagem em convescotes com empresários. Se a conduta exigida de um magistrado
é a de só se pronunciar nos autos do processo, alguém tem dúvida de que ele usa
os processos pelos quais é responsável para se promover
pessoalmente
?
Que
dizer também dos cultos religiosos e midiáticos protagonizados por Dallagnol,
de sua presença constante na mídia e do triste espetáculo da apresentação de um
ridículo powerpoint em rede nacional, para acusar Lula, sem provas mas com
convicções, de chefe de quadrilha? E as entrevistas depois das prisões que
duram três, quatro horas, nas quais o procurador Carlos Fernando fala pelos
cotovelos inebriado pelas luzes dos holofotes ?
Tudo
isso se configura busca explícita de promoção pessoal. Contudo, a perseguição
política é ainda mais escandalosa no âmbito da Lava Jato, pois é a própria
razão de ser da operação. Concebida e executada para afastar Dilma, prender ou
inabilitar Lula e cassar o registro do PT, enquanto protege obstinadamente seus
aliados do PSDB, a Lava Jato, infelizmente, ainda consegue seduzir expressiva
parcela da população que compra como verdades absolutas as manipulações,
mentiras, picaretagens e canalhices do monopólio midiático.
Basta,
porém, que o cidadão ou cidadã disponha de um pingo de senso crítico para
compreender o papel deletério da Lava Jato, seja na degradação da democracia,
seja na destruição da economia do país. Suas atrocidades jurídicas, como a
maior caçada a um político brasileiro na história republicana, da qual Lula é
vítima, já foram em boa hora levadas pela defesa do ex-presidente à ONU.
A
revolta de suas excelências (juízes e procuradores) do sistema de justiça mais
caro do planeta, que onera cada contribuinte em mais de trezentos reais por ano
só para mantê-lo, é a revolta de quem se sente acima da lei. E por se
considerarem uma casta de privilegiados também não veem nada demais em receber
acima do teto constitucional e viram bicho diante das denúncias dos
penduricalhos que turbinam seus vencimentos, tais como auxílio-moradia e
auxílio-educação. Uma vergonha.
http://blogdobepe.com.br/index.php/politica/item/1217-a-derrota-da-casta-que-se-acha-acima-da-lei
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