O
Judas Michel Temer, o “vice decorativo” que apunhalou Dilma e liderou o “golpe
dos corruptos”, não vacila nas suas traições. Diante da prisão cinematográfica
de Sérgio Cabral, o traíra fez de conta que não tinha nada a ver com o
ex-governador do Rio de Janeiro e o jogou às traças – ou aos ratos do Presídio
Bangu. Na maior caradura, o porta-voz do usurpador, o elitista Alexandre
Parola, afirmou nesta quinta-feira (17) que “o presidente da República lembra
que o PMDB tem mais de dois milhões de filiados que militam na atividade
política e tem de ser analisado na plenitude de todas as suas ações no país. O
partido continuará a cumprir o seu papel relevante para a história brasileira”.
Ou
seja: comparou o ex-todo-poderoso Sérgio Cabral aos “dois milhões de filiados”
do partido. Ele só deixou de dizer que o atual presidiário governou por dois
mandatos um dos principais Estados da federação e até foi cogitado como
presidencial do PMDB. Também não disse que o político carioca, outro traíra,
ordenou a bancada do Rio de Janeiro a votar pelo impeachment de Dilma e que
indicou vários aliados para o covil golpista de Michel Temer. Mais ainda:
Alexandre Parola nada falou sobre as contribuições financeiras arrecadadas por
Sérgio Cabral que foram destinadas ao caixa do diretório nacional do PMDB,
inclusive para a campanha do “vice decorativo” Michel Temer.
Mais
escrota do que a declaração oficial do porta-voz foi a entrevista do senador
Romero Jucá, atual presidente do PMDB. A velha raposa, que teve uma conversa
vazada na qual confessou que o objetivo maior do golpe seria “estancar a
sangria” das investigações da Lava-Jato, afirmou que “essa questão do Sérgio
Cabral é algo restrito. O partido não se afeta”. Essas e outras declarações,
porém, não escondem o pânico vivido pela cúpula do PMDB. O maior medo é que o
ex-governador do Rio de Janeiro, agora um presidiário com a cabeça raspada,
decida revelar o que sabe sobre o esquema de propina, caixa dois e corrupção do
seu partido.
"Lava-Jato entrou
em nova fase". Será?
Até
jornalistas que apoiaram o “golpe dos corruptos” estão preocupados. Nesta
quinta-feira (17), o blogueiro oficial da famiglia Frias, Valdo Cruz, relatou
que “a prisão de Cabral na Lava Jato gera apreensão no Planalto”. Segundo o
colunista – que já foi carinhosamente apelidado de Valdo Cruz Credo –, a
detenção “já era esperada pela cúpula da política brasiliense, mas mesmo assim
gerou apreensão não só no PMDB como também em outros partidos governistas,
deixando preocupado o Palácio do Planalto por causa do que pode vir pela frente
e fragilizar a atual base aliada de Michel Temer. A avaliação de assessores
presidenciais é que a Operação Lava Jato entrou em nova fase”.
Ainda
segundo o jornalista, um visceral inimigo dos governos Lula e Dilma, “nesta
etapa, a equipe do presidente Temer avalia que o PT deixa de ser o principal
alvo das investigações, que migram também para nomes ligados ao PMDB, PSDB, DEM
e PSB, entre outros, podendo causar, a médio prazo, estrago político nos
maiores partidos da base de apoio do governo atual. Em relação ao presidente,
assessores avaliam que o nome de Temer pode até ser citado em novas operações,
mas nada que afete o atual mandato”. Será? Com tantas traições – dos “amigos”
Eduardo Cunha a Sérgio Cabral – o Judas pode virar alvo dos traídos. Seria mais
uma ironia da História!
Pedalinho
de Lula e a lancha de Cabral
A
prisão de Sérgio Cabral tem gerado reações contraditórias da mídia. Na linha da
escandalização – que garante aumento das audiências e tiragens e serve também
para desmoralizar a política –, ela tem exibido a ostentação vergonhosa do
peemedebista. Antes blindado pela imprensa, até em função dos milhões em
publicidade e de outras benesses do governo carioca, agora ele virou o vilão. É
certo que não se dá o mesmo destaque dedicado aos famosos
"pedalinhos" de Lula, que foram exibidos à exaustão nas telinhas de tevê.
Mas as riquezas acumuladas – ou roubadas – pelo ex-governador são listadas: a
lancha avaliada em R$ 5 milhões apreendida na marina do condomínio Portobello
em Mangaratiba, onde ele morava; o helicóptero particular; a moto aquática; os
automóveis de luxo com blindagem; as jóias e roupas de grife da
ex-primeira-dama; as diversas obras de arte, entre outros bens caríssimos.
Matéria
da Folha, publicada na sexta-feira (18), mostra até onde chegou a sensação de
impunidade do ex-governador. "A propina do Comperj (Complexo Petroquímico
do Rio de Janeiro) direcionada ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) pagou
móveis, eletrodomésticos, veículos, máquinas agrícolas e até vestidos de festa
para a ex-primeira-dama, Adriana Ancelmo. De acordo com o Ministério Público
Federal, Cabral recebeu, em espécie, R$ 2,7 milhões da Andrade Gutierrez pelo
contrato de terraplanagem do Comperj – o equivalente a 1% da participação da
empreiteira na obra".
"A
suspeita dos procuradores é que, do valor total da propina, pelo menos R$ 950
mil tenham sido gastos em bens de alto valor, como os vestidos de Ancelmo, e em
depósitos bancários de até R$ 10 mil... Somente nos seis vestidos da
ex-primeira-dama, foram gastos R$ 57 mil. O casal também comprou dois mini
buggies, com depósitos em dinheiro de R$ 25 mil, e equipamentos gastronômicos
de uma empresa de eventos por R$ 72 mil, também em espécie. Máquinas agrícolas,
automóveis e móveis também estão entre
as compras supostamente feitas com propina. O próprio ex-governador recebeu,
enquanto ainda estava no exercício do mandato, seis depósitos de R$ 9.900, em
espécie".
Cadê o amigão Aécio
Neves?
A
mídia golpista também tem feito um baita esforço para vincular o ex-governador,
agora presidiário, aos governos petistas. De fato, no pleito presidencial de
2010, quando Lula ostentava altos índices de popularidade, Sérgio Cabral – com
o seu conhecido senso de oportunidade – apoiou a campanha pela eleição de Dilma
Rousseff. Já em 2014, ele rompeu a aliança, tentou esconder os investimentos do
governo federal no Rio de Janeiro e apoiou o cambaleante Aécio Neves. Os
"calunistas" da mídia, porém, evitam citar o nome do chefão do PSDB.
Afinal, todos os tucano são "santos" – até os que aparecem com este
rótulo nas planilhas de propina da Odebrecht.
Mas
não dá para negar os fatos. É só recolher os vídeos e fotos da última campanha
para relembrar a aliança de Sérgio Cabral com Aécio Neves e a famosa chapa
"Aezão" – o tucano para presidente e o peemedebista Luiz Fernando
Pezão para governador do Estado. Os materiais eleitorais de deputados do PMDB
também confirmam a sólida aliança. Mas nem precisaria tanto. Bastaria pesquisar
o que foi publicado pela própria imprensa falsa e manipuladora. Em maio de
2013, o jornal O Globo publicou uma matéria que mostrava a relação – quase
carnal – entre os dois políticos matreiros:
*****
"O
jantar que reuniu governadores do PMDB, além de ministros e líderes do partido,
em Brasília, transformou-se em um muro de lamentações contra o PT e contra o
governo federal. E couberam ao governador Sérgio Cabral as maiores e mais duras
críticas. Como previsto, Cabral deixou claro no encontro que não deverá apoiar
a reeleição de Dilma caso o PT lance um candidato para a disputa estadual
contra o vice-governador Luiz Fernando Pezão. O senador Lindbergh Farias é
pré-candidato do PT à sucessão de Cabral. E, para completar, citou sua íntima
relação com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato do PSDB contra
Dilma.
-
Não é bem assim que a gente não tenha alternativa. Eu tenho relação com várias
pessoas no mundo político. O nome do meu filho é Marco Antônio Neves Cabral -
disse, apontando para o filho, também presente ao encontro. Marco Antônio é
filho do primeiro casamento do governador, com Suzana Neves, que é parente de
Aécio.
*****
A
relação entre Sérgio Cabral e Aécio Neves é tão estreita que a imprensa venal
até poderia especular sobre negócios suspeitos entre ambos. Bastaria lembrar
que em 2012 o senador mineiro foi um dos principais responsáveis pela não
convocação do amigo carioca para depor na CPI do Cachoeira. Na ocasião, as
denúncias envolvendo o mafioso com Fernando Cavendish, da construtora Delta, já
eram conhecidas e as festanças do empresário com o governador em Paris vazaram
na mídia. Neste caso, vale relembrar a reportagem de Adriano Ceolin, postada no
iG em 30 de maio daquele ano:
*****
Sob
influência do senador Aécio Neves (PSDB-MG), a maioria dos integrantes tucanos
na CPI do Cachoeira ajudou a derrubar o requerimento de convocação do
governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) no começo da tarde desta
quinta-feira. Os dois são amigos pessoais.
Segundo
o iG apurou, Aécio pediu que a bancada do PSDB rejeitasse o pedido de
convocação do governador peemedebista. Cabral já foi filiado ao PSDB no
passado. Até 2006, era adversário do PT. Aécio, que tem pretensões de disputar
a Presidência da República, sonha ainda com o apoio de parte do PMDB.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/11/judas-temer-abandona-sergio-cabral.html
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