A
classe dominante aposta na permanente fragmentação das forças populares. Ao
longo do enfrentamento ao cerco político conservador que produziu o golpe
contra a presidenta Dilma, nossa maior conquista organizativa foi a Frente
Brasil Popular. Mais uma vez, a atual geração de lutadores pôde comprovar o
ensinamento de que a unidade é mais poderosa arma de um povo em luta. Essa
geração constatou que os meios de comunicação têm consciência do perigo que
representa a unificação nacional das lutas. Que juntos não dispersamos energias
e potencializamos nossa força.
A
"Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional”, em El Salvador, e a
"Frente Ampla", no Uruguai, constituem os dois casos bem-sucedidos de
frentes políticas das forças de esquerda, com caráter estratégico, na América
Latina.
Na
história do Brasil, temos uma preciosa experiência de construção de uma Frente,
na década de 1930, com a Aliança Nacional Libertadora. Criada para lutar contra
a influência do fascismo, cresceu e se enraizou por todo o país, aglutinando um
amplo campo democrático e apresentando um programa político com itens que até
hoje permanecem atuais.
Nenhuma
dessas experiências poderá ser copiada, mas todas elas nos comprovam que a ação
é o melhor cimento da construção da unidade. Uma verdadeira Frente, que
congregue efetivamente as principais forças e organizações populares, é uma
construção paciente, que exige confiança mútua, dedicação e respeito entre seus
participantes. Ela não pode se resumir ao imprescindível trabalho de
articulação ou conformar-se a ser uma organizadora dos calendários de lutas e
atividades. Assim como não pode permitir o hegemonismo de nenhuma das forças
que a compõem, jamais deverá estar a serviço de qualquer projeto individual. Em
outras palavras, seu papel não é de apenas somar as forças existentes, mas de
multiplicar sua capacidade de ação.
Sabemos
que a confiança mútua é construída nas lutas e exige tempo. Especialmente as
lutas de rua, como manifestações, greves gerais e campanhas unitárias. Em
geral, as experiências históricas demonstram que o terreno da luta eleitoral
nunca é o mais favorável para iniciar a construção da unidade. Ocorre que o
calendário eleitoral não nos deu o tempo suficiente para avançarmos na
consolidação de nossa unidade, impedindo a construção de candidaturas unitárias
nestas eleições municipais.
E
exatamente por isso que o período eleitoral, ao invés de aprofundar e
consolidar o funcionamento da Frente, acabou por dificultar reuniões e debates
que vinham se desenvolvendo em inúmeros municípios e bairros por todo o país.
Além disso, a pulverização de candidaturas de partidos que compõem a mesma
Frente contribuiu para piorar o desempenho das forças que lutam contra o golpe
nas urnas. Por isso é fundamental retomar e ampliar o processo de enraizamento
da Frente Brasil Popular, impedindo que mágoas e rancores inevitáveis que se
acumulam nos pleitos eleitorais atrapalhem a construção de uma ferramenta de
lutas muito mais estratégica para nosso povo.
A
luta contra o golpe e sua nova ofensiva neoliberal será longa. Precisamos, mais
do que em outros momentos, consolidar nossa unidade. É hora de jogar energias
na retomada do funcionamento da Frente Brasil Popular.
* Ricardo
Gebrim é da direção nacional da Consulta Popular, organização que integra a
Frente Brasil Popular.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/09/unidade-principal-arma-contra-o-golpe.html
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