Os
80 anos da extradição de Olga Benário (Olga Gutmann Ben-Ario) ocorrido em 23 de
setembro de 1936, foram lembrados pela sua filha Anita Leocádia Prestes, neste
dia 29/9, no Salão Nobre do IFCS/UERJ, no Largo de São Francisco no Rio de
Janeiro, promovido pelo Instituto Luiz Carlos Prestes.
Anita
Prestes fez um emocionante relato da vida de Olga Benário sacrificada no campo
de concentração nazista Bernburg, na Alemanha, em 23 de abril de 1942, depois
do julgamento e deportação pelos juízes STF dos mesmos togados de capa preta.
Olga
era filha de um casal abastado em Munique. Seu pai era advogado social
democrata e sua mãe filha de banqueiros. Ela saiu de casa aos 16 anos para se
juntar com a Juventude Comunista de Berlim, onde conheceu Otto Braun, depois
seu namorado. Otto foi preso e Olga conseguiu entrar na prisão de Moahit,
conseguindo libertá-lo. Fugiram para Moscou, tornaram militantes do Cominter,
recebendo treinamentos de tiros e paraquedismo.
Olga
foi convocada para fazer a segurança do líder comunista Luiz Carlos Prestes que
estava exilado trabalhando como engenheiro na Rússia e pretendia voltar ao
Brasil. Olga já tinha conhecimento do famoso revolucionário Cavaleiro da
Esperança. Em dezembro de 1934, arrumaram documentos falsos como se fosse um
casal portugueses em lua de mel, passando por vários países na Europa, EUA,
América Latina, por Buenos Aires e Montevidéu.
Chegaram
ao Rio de Janeiro e foram morar no Méier, em março de 1935. Quando os gorilas
do Filinto Miller descobriram o paradeiro de Prestes, os policias invadiram a
casa e Olga se postou na frente de Prestes dizendo que não podiam atirar, pois
estava grávida. Foram separados e presos.
Olga
ficou numa cela 4 na Casa de Detenção, na Rua Frei Caneca, com várias
prisioneiras, entre elas, a advogada Maria Werneck de Castro, a psiquiatra Nise
da Silveira, a poeta Beatriz Bandeira, que depois casou com Raul Ryff, a
jornalista Eneida de Moraes e a atriz Eugênia Moreyra, esposa do escritor
Alvaro Moreyra.
Com
decisão do STF, embarcaram Olga Benário e Elise Ewert na calada da noite no
navio cargueiro La Curuña direto para Hamburgo, sem nenhuma escala em países
europeus, pois os estivadores dos portos da Espanha e França estavam dispostos
entrar no navio para resgatar Olga Benário e Elise.
Foram
para prisão de Barnimstasse, em Berlim. Já havia um clamor mundial pela
libertação por Olga Benário. Prestes estava preso e ficou durante 9 anos
incomunicável debaixo de uma escada num porão de uma delegacia no Morro da
Conceição, no Rio de Janeiro. O advogado Sobral Pinto exigiu do governo a
aplicação do artigo 14 da Lei de Proteção aos Animais para retirar da prisão
Luiz Carlos Prestes e Harry Berger, que foi barbaramente torturado pelos
gorilas do capitão Filinto Miller.
Anita
nasceu em 27 de novembro de 1936. Contou que ficou um ano e três meses no campo
de concentração e os policiais da Gestapo não deram nenhuma informação do seu
paradeiro aos familiares. Com a campanha mundial pela libertação e resgate da
filha de Olga, a sua avó Leocádia Prestes e tia Ligia Prestes percorreram o
mundo denunciando a libertação dos presos políticos e as atrocidades nazistas
contra a judia e comunista Olga e sua filha Anita.
Olga
acabou sendo assassinada em 23 de abril de 1942, com mais 200 mulheres na
câmara de gás em Bernburg. Prestes e sua mãe Leocádia só tomaram conhecimento
através de um bilhete escondido na barra da saia de uma presa. A gestapo
declarou que a causa da morte era problemas do coração e se a família queria as
cinzas.
A
comemoração contou com as palestras dos professores universitários Lincoln de
Abreu Penna e Sergio Murillo Pinto.
Sergio
Caldieri – Jornalista e escritor
http://www.institutojoaogoulart.org.br/noticia.php?id=17080&back=1
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