No
mesmo momento em que a Câmara avançava no processo de desarticulação do pré-sal
e se preparava para aprovar um decreto que compromete, por 20 anos, os recursos
do governo para educação e saúde, Michel Temer nomeava o seu nono ministro réu
de processos de corrupção no STF. Para quem tivesse ainda ilusões, fica claro o
sentido do golpe e do governo que emergiu dali: usou a corrupção como pretexto
para instalar o governo mais corrupto da historia do Brasil e, a partir dele,
desmontar o Estado brasileiro.
Desde
o surgimento do neoliberalismo, o Estado passou, segundo eles, a deixar de ser
solução, para ser problema – nas palavras de Ronald Reagan. Passaram a centrar
seu fogo sobre o Estado e desenvolveu-se, a partir de ai, uma dura disputa
sobre o Estado.
Na
resistência ao neoliberalismo também surgiram vozes ambíguas, que se opunham ao
Estado. “Mudar o mundo sem tomar o poder”, dizia John Holloway. Autonomia dos
movimentos sociais em relação à política, diziam outros. Na pratica coincidiam
com os neoliberais na rejeição de um instrumento essencial para regulamentar a
livre circulação do capital especulativo, para proteger o mercado interno, para
garantir direitos sociais, para promover políticas externas soberanas.
Em
que os neoliberais não gostam do Estado? Em primeiro lugar, na capacidade do
Estado de se contrapor ao livre jogo do mercado, que impõe os interesses dos
grandes capitais sobre os interesses do país. Em segundo, na possibilidade de
realizar políticas sociais e garantir os direitos daqueles que o mercado
exclui. Em terceiro, na potencialidade de impulsionar o crescimento econômico,
incentivando os investimentos produtivos, gerando empregos, promovendo a
distribuição de renda. Em quarto, na possibilidade de fortalecer os bancos
públicos, com taxas de juros mais baixas, com realização das políticas sociais.
Em quinto, na garantia dos direitos dos trabalhadores.
Essas
observações bastam para saber porque o Estado se tornou um obstáculo para quem
quer a centralidade do mercado, isto é, o livre jogo da oferta e da demanda,
que favorece e fortalece o poder de quem é mais rico, mais poderoso, que maneja
o grande capital. Dai que tanto na Argentina, como no Brasil, apenas instalado
no governo, se trata de desmontar o Estado, de suas propriedades, como do
manejo do orçamento a favor do desenvolvimento e da distribuição de renda. São
governos que levam ao coração do Estado os interesses do capital financeiro,
que eleva exponencialmente seus lucros, redistribuindo renda para cima, como um
Robin Hood ao contrário, tomando dos pobres para dar mais ainda aos ricos.
As
iniciativas desses governos são uma lista cruel de medidas para tirar direitos
aos que menos tem, para facilitar a acumulação de riquezas sem produzir bens,
nem empregos.
Odeiam
o Estado porque, como diz o ex-presidente Lula, quem precisa do Estado são os
que têm menos, os pobres, os assalariados, os que vivem do seu trabalho.
Precisam do Estado como proteção contra a super exploração do trabalho, contra
o reino da especulação financeira, contra a subordinação do pais às políticas
das grandes potências mundiais. Precisa do Estado o pais, se quer ser menos
injusto, mais solidário, menos desumano.
Basta
enfraquecerem o Estado, para que voltem nossas ruas e praças a estar povoadas
de pobres dormindo ao relento, buscando proteger-se como podem do frio de da
chuva. Voltam as crianças a povoar os sinais de transito vendendo balas, para
complementar o parco orçamento da família, agora vitima da retirada do bolsa
família.
A
batalha em torno do Estado termina sendo a batalha essencial do nosso tempo. A
vingança da direita, dos mais ricos, é tolher a grande maioria da sociedade de
defesa contra eles. Menos Estado, isto é, mais mercado, um mercado controlado
pelo capital especulativo, que logrou ganhar cada vez mais na crise que vive o
pais. Menos Estado, significa mais especulação financeira, mais miséria, mais
desemprego, mais injustiça.
https://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/259533/%C3%89-o-Estado-imbecis!.htm
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