Os
golpistas alcançaram o objetivo: o Senado da República, convertido num tribunal
de exceção, aprovou o impeachment da Presidente Dilma sem crime de
responsabilidade, em total afronta à Constituição e ao Estado de Direito.
Esta
decisão imposta por uma maioria do Senado não surpreende, porque este processo
kafkiano não passou de um jogo de cartas marcadas; de uma farsa montada com
pretextos ridículos para dar ares de normalidade a um crime perpetrado contra a
democracia.
À
medida em que o golpe foi avançando e parlamentares foram sendo comprados com
cargos e promessas de favores e a mídia e setores do judiciário foram blindando
a trama golpista, os canalhas foram abandonando a parcimônia e a dissimulação.
Eles
se sentiram desobrigados de conspirar nas sombras, escondidos; abandonaram o
disfarce da falsa imparcialidade e assumiram abertamente a conspiração.
O
mundo inteiro ficou conhecendo as entranhas de um golpe que teve falsificação
de peças de acusação por militantes partidários disfarçados de funcionários
públicos, de "técnicos do Tribunal de Contas".
Quando
os pretextos contábeis dos falsos "técnicos do Tribunal de Contas"
foram desmascarados, os golpistas abandonaram o discurso cínico que encobria a
falta de motivo legal para cassar o mandato da Presidente, e assumiram que
condenam Dilma pelo chamado "conjunto da obra" – ou seja, pelo fato
de ser uma mulher, nacional-desenvolvimentista e de esquerda.
O
usurpador Michel Temer, sócio do Cunha na conspiração e principal beneficiário
do golpe, revelou a injustiça de um julgamento que não se ampara nos
fundamentos exigidos pela Constituição e pela Justiça, mas que é parte de uma
violência desferida por uma matilha parlamentar que assume a característica de
uma maioria fascista: "o impeachment depende da avaliação política – não
uma avaliação jurídica – que o Senado está fazendo".
O
golpe de Estado, agora formalmente consagrado pela decisão de 61 senadores e
senadoras – quase todos investigados e processados por corrupção e outros
crimes – mergulha o país no abismo do arbítrio.
A
democracia foi abastardada, a Constituição foi violentada. Os personagens donos
dos métodos e das visões mais abomináveis da política brasileira, assaltaram o
poder para impor uma agenda de retrocessos e de entrega da soberania nacional.
O
golpe não é apenas contra uma mulher digna e inocente, mas é sobretudo um golpe
contra a democracia e o Estado de Direito, desfechado para permitir a
restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária.
É
um golpe contra o capítulo dos direitos sociais da Constituição de 1988; contra
o povo pobre, as mulheres, as juventudes, os trabalhadores, os camponeses, os
índios, os povos das florestas.
É
um golpe para entregar o pré-sal, as terras, as riquezas, os alimentos e os
minérios do povo brasileiro ao capital estrangeiro.
É
um golpe para desarticular a América do Sul, para desintegrar a América Latina
e retomar uma política externa mesquinha, de sujeição dos interesses do povo
brasileiro aos caprichos das metrópoles dominantes.
O
governo usurpador não tem legitimidade para comandar o país, e menos
legitimidade ainda para impor a agenda entreguista e de retrocessos que foi
derrotada nas quatro últimas eleições presidenciais e que será derrotada
novamente se submetida ao sufrágio popular.
O
Brasil não pode ser comandado por um governo fundado na usurpação e na
associação criminosa de canalhas golpistas que vivem no esgoto da história.
Depois
de 52 anos, o Brasil novamente é vítima de uma oligarquia golpista que
vandaliza a democracia para usurpar o mandato soberano de uma Presidente eleita
por 54.501.118 brasileiros e brasileiras.
O
governo usurpador que nasce neste 31 de agosto de 2016 não será aceito, não
será reconhecido pelo povo e será combatido sem tréguas. É um governo
ilegítimo. Só nova eleição restaura o Estado de Direito depois deste atentado à
democracia.
Eleição
já! Fora Temer usurpador!
http://www.brasil247.com/pt/colunistas/jefersonmiola/252722/Elei%C3%A7%C3%A3o-j%C3%A1!-Fora-Temer-usurpador!.htm
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