Domingo,
acaba a Olimpíada, que os ingênuos maldisseram por não verem que nosso país
pode e deve receber o mundo com seu melhor, como se pobre não pudesse fazer
festa.
Até
o outro domingo, termina o período de quase 30 anos de legitimidade democrática
que o país, aos trancos e barrancos, viveu desde as eleições de 1989. O direito
de escolha que os pretensiosos e os reacionários também não aceitaram nunca,
porque pobre, além de não poder fazer festa, também não pode decidir quem
governa seu país.
Em
poucos dias, o país que, na última década, vinha se afirmando diante do mundo,
aparecendo com o tamanho enorme que possui, cai de novo da vida medíocre que
nos fazem crer ser uma fatalidade para o Brasil.
Vamos
mergulhar – sabe-se lá por quanto tempo – na velha pequenez do “este país não
tem jeito mesmo”, que a elite sabuja nos ensina a pensar de nós mesmos.
O
acanalhamento da vida volta a ser o normal, a política volta a ser apenas um
negócio, o povo apenas um molambo.
Baixamos,
desde a segunda eleição de Dilma, a bandeira e, baixada a bandeira, perde-se a
batalha.
Os
países se formaram por causas e as causas são seus interesses.
Quando
os interesses de uma coletividade não se erigem em causas, ela perde seu rumo e
capacidade de mobilizar-se.
Os
defeitos políticos – boa parte deles inevitáveis e efeitos colaterais do
exercício do poder – das forças populares no Brasil, porém, não devem ser
superestimados.
Em
primeiro lugar, porque eles são próprios da política – ou de qualquer atividade
humana. Purismos são, quase sempre, imobilizadores, quando não autoritários. Não
se perde a pureza quando não se perde a própria natureza, apenas quando se faz
da política apenas escada do ego e da pecúnia.
Em
segundo lugar, porque a submissão é apenas se deixar-se, enquanto a rebeldia é
a exploração de caminhos, de veredas, de espinhos, por um mapa que tem norte,
mas não tem estradas abertas.
Mas,
sobretudo, porque um país como o nosso é objeto de cobiças imensas,
proporcionais às suas riquezas e seus potenciais. E estas cobiças formam seus
suportes internos, imensos como tudo o mais aqui.
A
história deste país está escrita na frase que li, ontem, no facebook de meu
sempre professor Nilson Lage: “A luta do Brasil pela independência é a luta de
seu povo trabalhador. Dele e dos que sonham com ele.”
Só
quando pararmos de sonhar seremos, de fato, pequenos.
http://www.tijolaco.com.br/blog/o-ultimos-dias-de-um-pais-que-queria-ser-grande/
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