O
império jornalístico das Organizações Globo tem atuado na vanguarda da mídia
brasileira agressivamente contrária aos governos petistas, a partir da ascensão
ao poder do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva pela via democrática.
Esse
comportamento transita com frequência do direito de se opor para o caminho da
desonestidade, como ocorre agora, no acompanhamento do golpe contra a presidenta
Dilma Rousseff, grifado por trapaças editoriais nos diversos veículos das
Organizações.
A
reação anti-Lula começou de forma articulada, ao longo da disputa da primeira
eleição presidencial direta, em 1989, e está marcada por uma “Carta a Lula”,
assinada pelo empresário Roberto Marinho, publicada pelo jornal O Globo, sobre
o debate final da campanha, transmitido pela TV Globo.
No
dia seguinte, véspera da eleição, trechos do confronto com Fernando Collor
foram ao ar no Jornal Nacional, editados contra Lula com malicioso capricho
pela mão do próprio dono da casa.
“Coube
aos vários profissionais das Organizações Globo incumbidos de tal tarefa
analisar o confronto (...) o candidato (Lula) mencionou mais de uma vez meu
nome (...) havia nítido tom negativista no modo com que reiteradamente me foi
atribuído decisivo poder político sobre os destinos nacionais”, escreveu o
advogado Jorge Serpa, articulista invisível e exclusivo de Marinho.
Embora
derrotado, Lula sinalizou um futuro melhor para sua candidatura. De todo modo,
Marinho tornou-se mais cauteloso, como se dá na sua “Carta a Lula”, ou apenas
mais tolerante, embora tenha arrostado petulância. Ele considerou a
correspondência pública “uma homenagem” ao destinatário.
“Não
é verdade que eu exerça poder político hegemônico, e menos ainda que o faça em
caráter pessoal. A orientação que imprimo aos veículos que me cabe dirigir visa
estritamente defesa do que julgo serem os reais interesses do País e dos
caminhos a serem trilhados para que se possa alcançar o bem-estar do povo.”
Na
Carta, deixa “bem claro” que nunca teve “dúvidas” sobre o “dever” de cada
jornal: “Posicionar-se segundo as suas convicções em face dos problemas
nacionais”.
Fez
oposição a Getúlio Vargas e a Jango. Como missivista, declara-se “atual
opositor” do destinatário. Morreu em 2003, poucos meses após a primeira posse
de Lula. O qual viajou ao Rio para participar do funeral de lenço na mão.Talvez
buscasse uma impossível trégua.
Atritos
políticos, aos olhos do império global, sempre virão respeito à desigualdade e
à independência da política exterior brasileira. Marinho nunca deixou de ser
empresário.
Roberto,
José e João, herdeiros dele e diretores por direito divino, não poupam Lula,
tampouco Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de votos e afastada da
presidência pelo golpe.
Embora
responsável pela manipulação do debate Lula–Collor, o doutor Roberto, “nosso
colega”, como era chamado pelos súditos, na sua carta manteve o tom de quem não
agride a ideia democrática. Os filhos dele mandam a democracia para o espaço.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/08/a-carta-do-doutor-roberto-marinho.html
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