“Intervenção militar” à moda
turca
Um balanço do golpe
fracassado na Turquia, até agora, segundo números mais ou menos oficiais: 265
mortos; 1500 feridos; 2800 militares presos.
Esses dados deveriam ser
esfregados com mamona na cara e nas partes pudendas dos indigentes mentais que,
no Brasil, saíram às ruas pedindo intervenção militar, desfilando com torturadores
como um tal Carlinhos Metralha, acreditando num conto de fadas degenerado de
uma salvação da pátria.
Ao grito de “Vai pra Cuba”
soma-se agora o “Vai pra Turquia”, uma Disneylândia para quem tem fetiche por
homens fardados e democracias instáveis.
Segundo o jornalista inglês
Robert Fisk, um dos maiores especialistas em Oriente Médio do mundo, esse golpe
falhou, mas a história mostra que não vai demorar muito até que outro seja bem
sucedido.
É um erro grave, diz ele,
supor que o exército turco permanecerá fiel ao sultão Erdogan. “A instabilidade
é agora tão contagiosa quanto a corrupção na região, especialmente entre os
seus potentados e ditadores, uma classe de autocratas da qual Erdogan tem sido
membro desde que mudou a Constituição para seu próprio benefício e reiniciou o
conflito com os curdos”.
As potências vitoriosas na
Primeira Guerra Mundial destruíram o Império Otomano e as ruínas divididas em
pedaços pelos aliados foram entregues a reis brutais, coronéis depravados e
ditadores. “Erdogan e o grosso do exército que decidiu mantê-lo no poder – por
enquanto – se encaixam nesta mesma matriz de estados quebrados”, escreve Fisk.
As duas mil e tantas prisões
de militares representam apenas alguns dos milhares de homens que acreditam que
o sultão de Istambul está destruindo a nação.
O que aconteceu na Turquia é
uma série muito mais dramática de eventos do que pode parecer de início. “Desde
a fronteira da União Europeia, através da Turquia e da Síria e do Iraque e de
grande parte da península egípcia do Sinai e da Líbia e da Tunísia, existe
agora um rastro de anarquia e de estados falidos”, afirma Fisk.
“O desmembramento do Império
Otomano continua até hoje. É neste quadro histórico sombrio que o
golpe-que-não-houve em Ancara deve ser encarado. Fiquemos de prontidão para o
próximo em alguns meses ou anos.”
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/os-adeptos-brasileiros-da-intervencao-militar-estao-convidados-a-passar-ferias-na-turquia-por-kiko-nogueira/
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