Brito,
eles vão criar emprego em Cingapura!
Um
dos últimos comícios da campanha do candidato Lula à Presidência, em 2001, foi
num estaleiro em Angra dos Reis.
Viu
o chão cheio de capim, máquinas enferrujadas, metalúrgicos desempregados e
soube que o então presidente da Petrobrax, Francisco Gros - o mesmo que tentou
transformar o BNDES num banco de investimentos, como aquele em que trabalhou,
em Nova York, o Morgan Stanley -, o Gros tinha acabado de comprar uma
plataforma em Cingapura, porque era 5% mais barata que a nacional.
Lula
se comprometeu, ali, a cancelar a compra, assim que chegasse à Presidência.
Foi
como renasceu a indústria naval brasileira, depois que o Príncipe da Privataria
a arruinou.
Agora,
quem a arruinou, como demonstra o Brito, foi o Moro, que já fechou a Odebrecht.
O
Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, no Tijolaço:
Os piratas
da privataria afundam a indústria naval brasileira
Economia
tem lá as suas complicações, é verdade.
Mas
em boa parte do que se precisa entender, é como pensar em relação à sua própria
casa, e não é à toa que a palavra economia é a soma das palavras gregas “oikos”
(casa) e “nomos” (costume, lei) , as regras de administração da casa.
Se
você precisa de um serviço que se oferta lá fora, mas tem um filho ou filha sem
emprego, que pode realizá-lo – ainda que isso seja um pouco menos especializado
e talvez ligeiramente mais caro – é obvio que você prefere contratá-lo para
fazer. Mesmo um tantinho mais dispendioso, isso acaba economizando mais, porque
você, ao dar-lhe trabalho, injeta – ou não deixa sair, totalmente – recursos na
sua própria economia doméstica.
É
o que acontecia com a indústria naval brasileira, com a política de conteúdo
nacional e as encomendas de navios para a exploração do pré-sal.
Que,
aliás, escapou, quase toda, dos escândalos da Lava Jato, pois as mutretas se
davam era no afretamento de navios estrangeiros.
Hoje,
em seu blog, o professor Roberto Moraes, desenha o quadro trágico da política
recessiva, da paralisação da Petrobras e da ideia estapafúrdia de, na prática,
revogar a política de exigir que, ao menos em parte, as embarcações e
plataformas de petróleo fossem construídas no Brasil.
Antes
da crise em 2013, o setor de indústria naval chegou a empregar 82 mil
trabalhadores e agora eles são 48,5 mil empregos, de acordo com o Sinaval.
Além
do ERJ, onde a indústria naval sempre foi forte com estaleiros no Rio, Niterói
e Angra dos Reis, o avanço das encomendas, na fase de expansão da economia e do
setor de petróleo – que mais demandava embarcações – avançou para outros
estados.
Assim,
Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina também montaram bases para a
construção e montagem de embarcações. Outras bases nos estados do Espírito
Santo, Bahia e Alagoas estavam sendo instaladas, quando foram atingidas pelo
colapso do setor naval como desdobramento da crise no setor de petróleo e na
Petrobras.
O
município de Niterói talvez tenha sido um dos mais atingidos, por conta da
quantidade de estaleiros ali instalados. Em 2014, os estaleiros do município
empregavam cerca de 14,5 mil trabalhadores. Em 2015, 10 mil destes postos de
trabalho já haviam sido perdidos. No início deste ano, cerca de mais 2 mil
empregos foram suprimidos.
Hoje
Niterói ainda possui 10 estaleiros com pouca gente e encomenda. O estaleiro
norueguês Vard fechou junto com o semestre. A área arrendada voltada para a
Baía de Guanabara já foi devolvida. Agora a empresa só mantém trabalho com a
encomenda de outras embarcações, em sua unidade junto ao Porto de Suape, em
Pernambuco.
Agora
volta a pensar em sua casa, em seu prédio, em sua rua.
Como
seria se metade das pessoas perdessem o emprego?
Em
Niterói, e no Rio, onde vivo, mais de 80% dos trabalhadores da indústria naval
estão nesta situação.
A
última grande obra em andamento, a adaptação do navio plataforma Cidade de
Saquarema zarpou para os campos do pré-sal, deixando apenas um terreno baldio
no Estaleiro Brasa, onde foram montados seus módulos de convés. O velho
estaleiro do Ishikawajima, que estava renascendo com seus navios gigantes – já
foi o segundo maior estaleiro do mundo – está morrendo outra vez, com a carcaça
gigante do P-74, que só precisa ser terminado para tirar 180 mil barris dos
poços de Búzios, um campo quase tão grande como o de Libra.. Três navios de
derivados leves balançam, desertos, embora quase prontos, diante do estaleiro
Mauá.
Os
ladrões da Petrobras gozam a vida em suas mansões, com passeios à Angra dos
Reis, incomodados apenas levemente por suas tornozeleiras eletrônicas.
Mas
os estaleiros e seus trabalhadores tem forca bem pior em seus pescoços. Estão
sendo mortos, mortos pela segunda vez como foram nos anos 80 e início dos 90 e,
teimosos, renasceram com Lula e o pré-sal.
Ou
alguém acha que, entregue o pré-sal, a Chevron, a Shell, a BP, a Exxon e outras
multinacionais vão fazer navios e plataformas aqui?
Os
piratas da privataria vão é acabar de afundar os nossos navios: os em obras
virarão carcaças e os planejados virarão tristeza, levando para o fundo
milhares de brasileiros que os construíram e construiriam.
Blog de
Paulo Henrique Amorim
http://www.conversaafiada.com.br/economia/moro-conseguiu-quebrou-a-industria-naval
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