O
chanceler interino José Serra fez uma enorme acrobacia, em artigo publicado no
último fim de semana, para justificar a sua tentativa de impedir o Uruguai de
transmitir a presidência do Mercosul à Venezuela, descumprindo regras. Não
adiantou levar a tiracolo, para reforçar a sua ação, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, pois o presidente uruguaio rechaçou a pressão dos dois tucanos.
Para quem participou do golpe que afastou a presidenta Dilma Roussef do Palácio
do Planalto, os argumentos de Serra em seu artigo parecem piada. "Todos
nós acompanhamos com preocupação os desdobramentos da crise política, econômica
e humanitária na Venezuela", ele disse, acrescentando que "o conflito
entre Executivo e Congresso paralisa o país, e a ação do Judiciário é objeto de
sério questionamento". Se não citasse a Venezuela muita gente seria capaz
de jurar que ele estava falando do golpe no Brasil.
Serra,
na verdade, que integra o grupo de entreguistas liderado pelo ex-presidente
FHC, em cujo governo o Brasil foi praticamente leiloado, está empenhado não
apenas em levar o governo interino de Michel Temer a vender o resto do
patrimônio nacional que sobrou da fúria privatizacionista do governo tucano
como, também, a abrir caminho na América do Sul para a retomada do predomínio
norte-americano em nosso continente. Funcionando como ponta-de-lança dos
interesses dos Estados Unidos nos organismos sul-americanos o chanceler
interino, como representante da maior nação do continente, quer usar o peso do
Brasil para forçar os demais países – que seguindo o exemplo brasileiro no
governo Lula se tornaram mais independentes da influência norte-americana – a se
atrelarem à liderança do Tio Sam. Como a Argentina já capitulou no governo
Macri – e por isso mereceu uma visita do presidente Barack Obama – Serra quer
pressionar as outras nações sul-americanas a trilharem o mesmo caminho.
Embora
com pouco mais de um mês no comando da nação, como presidente interino, Michel
Temer já mobiliza todos os setores para recolocar o Brasil na condição de
quintal dos Estados Unidos, de onde foi resgatado pelo então presidente Lula. E
para isso conta com a valiosa e experiente colaboração dos tucanos, agora
representados na empreitada pelo ministro interino das Relações Exteriores José
Serra. Como se recorda, antes mesmo do golpe, Serra apresentou no Senado um
projeto abrindo o pré-sal para o capital estrangeiro e retirando da Petrobrás a
obrigatoriedade da sua participação na exploração. O projeto, já aprovado pelo
Senado e atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, será mais um passo
para a privatização da mais importante estatal brasileira, um sonho entreguista
que FHC tentou mas não conseguiu materializar no seu governo. Se os
nacionalistas brasileiros não se mobilizarem para impedir esse verdadeiro crime
de lesa-pátria – tal como a venda da Vale com as riquezas minerais do subsolo –
o Brasil voltará a ser colônia da grande nação do norte.
Mas
não é apenas a Petrobrás que os golpistas estão querendo entregar para o
capital estrangeiro. Também estão relacionados o Banco do Brasil, a Caixa
Econômica Federal, o Banco do Nordeste e o Banco da Amazonia; aeroportos,
portos, rodovias, etc. O ministro interino dos Transportes, Mauricio Quintella,
revelou que até o final deste mês de julho será anunciado o leilão dos
aeroportos. Ele disse mais à Reuters que o governo interino vai reapresentar ao
Congresso a proposta que derruba a restrição à participação do capital
estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras. Se tal proposta for aprovada, o
que parece favas contadas considerando que a maioria dos congressistas é
formada por entreguistas – os mesmos que votaram pelo impeachment da presidenta
Dilma Roussef – as empresas aéreas nacionais poderão ter até 100% do capital
estrangeiro, ou seja, deixarão de ser brasileiras.
Por
sua vez, o presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, anunciou que vai propor
ao governo o fim da exigência do visto de entrada no Brasil para os
norte-americanos. Será que os Estados Unidos também extinguiriam o visto para a
entrada de brasileiros em seu território? O espírito de vira-lata, que tomou
conta do governo de FHC, parece que baixou agora no governo interino de Temer.
Estão todos querendo transformar o Brasil em casa de mãe Joana e entregar o que
sobrou do patrimônio vendido por Fernando Henrique, autor de uma tese segundo a
qual um país subdesenvolvido só se desenvolve atrelado a um desenvolvido, de
preferência os Estados Unidos. Tem-se a impressão de que FHC e Serra, se
tivessem poder para tanto, anexariam o nosso país ao vizinho do norte. Aliás,
no século passado surgiu uma proposta para que o Brasil extinguisse suas Forças
Armadas para deixar ao exército norte-americano a tarefa de defender o nosso
território. Obviamente essa proposta jamais seria aprovada porque a sua
aceitação felizmente não dependeria dos entreguistas, mas dos nossos militares,
reconhecidamente nacionalistas. Mas não se deve perder de vista a movimentação
dos entreguistas, pois eles não desistirão facilmente de entregar o nosso país
ao capital estrangeiro.
Na
verdade, a única maneira de evitar que o Brasil seja vendido é impedir que
Temer seja mantido no governo. Diante dessa ameaça, aumenta a responsabilidade
dos senadores que julgarão o mérito do impeachment da presidenta Dilma Roussef
em agosto próximo. Se eles confirmarem o seu afastamento, mesmo conscientes do
golpe pela absoluta inexistência de crime de responsabilidade, então serão
co-responsáveis pelos males ao país daí advindos, especialmente pela entrega de
nossas riquezas ao estrangeiro. E responderão por isso perante a História.
http://www.brasil247.com/pt/colunistas/ribamarfonseca/243523/Governo-entreguista-j%C3%A1-amea%C3%A7a-vender-o-Brasil.htm
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