O amigo aí curte ser
espetado para tirar sangue para um hemograma?
A cara amiga se amarra em
entrar no tubo de um tomógrafo? Vai dizer que não gosta daquela cápsula e
daqueles rangidos de filme de abdução extra-terrestre?
E um cateterismo de
investigação, daqueles com bastante iodo para contraste, não é legal?
Nem um Raio-Xzinho com
aquela chapa de metal fria e aquela luz mortiça com a marca de alvo de bala
perdida?
Pois é o que o Sr. Ricardo
Barros, Ministro da Saúde de Temer, acha.
Porque diz que “é ‘cultura
do brasileiro’ só achar que foi bem atendido quando passa por exames ou recebe
prescrição de medicamentos, e esse suposto ‘hábito’ estaria levando a gastos
desnecessários no SUS (Sistema Único de Saúde)”.
O ministro, que já havia
proposto “planos de saúde populares”, com pequena cobertura para permitir custos mais baixos às
operadoras, com a redução na lista de exames e procedimentos cobertos.
Sem problemas, na visão do
ministro, porque, afinal, os exames são
uma espécie de placebo, de efeito meramente psicológico.
O ministro é, literalmente,
um ignorante.
A cultura do exame
desnecessário ou realizado antes de outros procedimentos diagnósticos não é do
paciente, mas da própria medicina privada. A preventiva ou de atendimento
primário é essencialmente do sistema público de saúde.
Quando um exame de maior
complexidade é solicitado, o infeliz ainda leva um bom tempo para marcar e
dificilmente deixa de buscar os resultados daquilo que lhe consumiu esforço e
tempo para fazer.
Ter resultado negativo em um
exame não é desperdício, mas recurso da investigação clínica: um quadro viral
muitas vezes só pode ser estabelecido se um hemograma descartar uma situação de infecção, um lipoma requer,
muitas vezes, uma ressonância magnética
para que se elimine a eventualidade de um tumor e assim por diante.
A história de que quer
reduzir os exames clínicos é, portanto, alguma “assoprada” que recebeu dos
planos e jogou em cima do SUS.
E isso o faz pior que um
ignorante, cujo pecado é apenas não saber.
O faz cúmplice de quem quer
ganhar muito dinheiro afirmando genericamente que “se faz exames e dá medicamentos que não são
necessários só para satisfazer as pessoas”.
Isso pode até acontecer na
medicina privada, por não se querer “perder o cliente”. Na rede pública, o
profissional não tem “cliente”.
Tem paciente e nenhuma razão
para ele “virar freguês”.
http://www.tijolaco.com.br/blog/alem-da-crise-tambem-doenca-e-psicologica-para-o-governo-temer/
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