O
jornalista Tales Faria, ontem, deu a melhor definição do que será a apreciação
da defesa da presidente afastada Dilma Rousseff na comissão do impeachment:
Defesa de Dilma vai falar para surdos.
Porque,
disse ele, digo eu e dirá qualquer um, ” a maioria dos senadores já não presta
qualquer atenção aos argumentos da defesa.”
A
ordem é matar e quem vai confirmá-la sabe que participa de um assassinato
político.
Pode
ser – já eu duvido muito de tudo e muito mais ainda da mixórdia que se
transformou a representação parlamentar – crises de consciência, mas é
improvável.
E
Dilma optou pelo papel digno, que pode ser um erro no momento mas sempre é um
acerto na história.
Não
li – seria impossível, são 536 páginas, que podem ser acessadas aqui – mas
correndo os olhos separei um dos trechos finais que retrata esta indiferença e
ressalta a dignidade de quem vai à morte sem súplicas ou sem por-se de joelhos:
Nesse
momento, estas páginas são escritas para o julgamento que se trava no
parlamento e também para a história. Ao serem lidas hoje e no futuro, os
leitores darão o seu veredictum.
O
julgamento que será feito pelo parlamento brasileiro dará a sua sentença. Ela
poderá ser coincidente ou não com a sentença que, no futuro, será dada pela
história.
Qualquer
pessoa isenta que venha a compulsar estes autos não terá a menor dúvida acerca
de qual será o veredictum histórico acerca deste processo de impeachment.
As
acusações dirigidas contra a Sra. Presidenta da República, Dilma Rousseff, são
pífias e manifestamente improcedentes. São meros pretextos retóricos utilizados
para que ela seja retirada do mandato que lhe foi outorgado pelo povo
brasileiro.
Os
decretos de abertura de crédito suplementar são atos comuns praticados dentro
de uma rotina que existe há mais de uma década. Desde a entrada em vigor da Lei
de Responsabilidade Fiscal (2001), todos os governos os praticaram, com as
mesmas características com que foram editados pela nossa atual Presidenta da
República. Nunca nenhum técnico ou jurista levantou a mais leve suspeita de que
seriam ofensivos à lei. O próprio Tribunal de Contas da União aprovou as contas
dos Presidentes que os praticaram. Por isso, todos os pareceres técnicos que
fundamentavam estes atos administrativos afirmavam que eram absolutamente
válidos.
Foram,
por isso, assinados pela Sra. Presidente da República, sem dolo ou mesmo culpa.
Assinou o que todos os que a antecederam assinaram. Assinou amparada na opinião
de todos de que aqueles atos não tinham nada de irregular ou ilícito. (…)
E,
por isso, estas mesmas páginas responderão à pergunta feita logo ao início
destas alegações: é possível um impeachment presidencial ser um golpe de
Estado?
Sim,
é possível, responderão as páginas deste processo. Demonstrarão para os
cidadãos de hoje e para a história, independentemente do seu resultado, que é
possível sim.
Basta
que pessoas que temem as urnas se unam com pessoas que perderam nas urnas,
unindo seus objetivos, à revelia do povo, para que se possamos montar a farsa
de uma destituição ilegítima de um governo legítimo. Uma farsa que teme ser
desvelada e por isso não aceita ser chamada pelo nome que melhor a identifica
na linguagem dos povos: golpe de Estado”.
Creio que não estamos assistindo o martírio de
uma inocente, mas o comportamento estóico de uma mulher digna.
São
seis os votos que precisa e mais de 20 os ministérios que teria a oferecer como
nacos de sua eventual volta ao Governo.
Mas
a “cintura” que faltou a Dilma em seus cinco anos de governo é, agora, a
espinha dorsal que não se dobra.
O
velho Getúlio Vargas não desprezava a política.
Mas
houve uma hora em que teve a coragem de dar-se um tiro no coração.
http://www.tijolaco.com.br/blog/defesa-final-de-dilma-na-comissao-em-que-nao-se-ouve-nada/
Um comentário:
Fora Temer,e volta Dilma, com esse desmonte que é o governo do golpista traidor eu acho impossível que ela não volte.
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