Telegramas
vazados pelo Wikileaks mostram que Lisa Kubiske cita Jucá como “fonte” da
embaixada dos EUA; ele reclamava de “fraqueza” de candidatura de Dilma.
Saiu
na Agência Pública:
Diplomata
americana fala de encontros com Jucá
Em
2009, o atual ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) admitiu, durante
conversa com Lisa Kubiske, conselheira da embaixada dos EUA em Brasília, que
embora seu partido houvesse fechado aliança com o PT para a disputa das
eleições presidenciais de 2010, preferia o nome do senador Aécio Neves
(PSDB-MG) ao da então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, já cotada
como candidata petista.
As
informações constam em arquivo revelado pela plataforma Wikileaks em novembro
de 2010. Enviado em 10 de setembro daquele ano a Hillary Clinton, secretária de
Estado norte-americana à época, o documento, classificado como confidencial, é
intitulado “Aliança de Lula com o PMDB: mais problemas do que ganhos?” e trata,
como sugere o nome, das articulações entre a legenda e o ex-presidente.
Segundo
Kubiske, durante o encontro, o peemedebista “passou cinco minutos reclamando
sobre a fraqueza de Dilma enquanto candidata”. “O senador Jucá admitiu que a
lealdade de seu partido estava dividida entre Dilma, Serra e seu nome
pessoalmente favorito, Aécio Neves do PSDB, que ele gostaria de atrair para o
PMDB como candidato presidencial”, reporta a diplomata norte-americana.
Nesta
segunda-feira (23), reportagem da Folha de S. Paulo revelou conversas gravadas
entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ambos investigados
na Lava Jato. Nos áudios, o ministro sugere a criação de um “pacto” para deter
o avanço da operação.
Aécio
Neves, também investigado na Lava Jato, é mencionado em dois momentos:
primeiro, Jucá afirma que “caiu a ficha” de lideranças do PSDB sobre o alcance
da operação; Machado comenta que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio”. “O
que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para
ele ser presidente da Câmara?”, declara. Posteriormente, Machado volta a se
referir ao tucano: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem não
sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei da campanha do
PSDB…”. Jucá responde: “É, a gente viveu tudo”.
Em
outro telegrama vazado pelo Wikileaks, de 21 de outubro de 2009, Jucá é citado
por Kubiske como uma das fontes da embaixada dos EUA no Brasil. O então senador
teria dito que a filiação de Henrique Meirelles – naquele período presidente do
Banco Central e atual ministro da Fazenda – ao PMDB, pouco menos de um mês
antes, confirmaria os rumores de que ele seria um “potencial vice-presidente”
para Dilma. A diplomata assinala, porém, que Michel Temer, à época presidente
da Câmara dos Deputados, era quem provavelmente comporia a chapa com a petista.
Em
23 de março de 2005, John Danilovich, então embaixador dos EUA no Brasil,
escreveu um pequeno perfil de Jucá, que assumia o Ministério da Previdência
Social do governo Lula. Danilovich informa que o peemedebista “tem sido alvo de
diversas acusações de corrupção ao longo dos anos”. Narra que Jucá desviou
verba de um fundo de assistência social de Roraima, retirou recursos públicos
destinados a projetos de construção civil no mesmo estado e permitiu
desmatamento em terras indígenas enquanto presidente da Funai.
De
acordo com o relatório da Comissão Nacional da Verdade, Jucá é “responsável
pelo massacre de centenas de yanomamis” em consequência das epidemias levadas
pelos garimpeiros que entraram em terras indígenas com a autorização dele,
então presidente da Funai. Recentemente o senador também apresentou projetos de
lei flexibilizando o licenciamento ambiental e abrindo as terras indígenas à
exploração econômica.
http://nossapolitica.net/2016/06/wikileaks-juca-informante/
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