Não
é possível entender o que está acontecendo no Brasil a partir de uma discussão
ideológica: se houve ou não houve golpe.
Essa
gente capitaneada por Temer e Cunha que chegou ao poder não tem ideologia
nenhuma a não ser a do dinheiro.
A
ideologia que conhecem é fazer fortuna com o dinheiro do estado brasileiro.
Sempre foi assim. Vejam o exemplo do decano José Sarney.
Aos
86 anos, 60 dos quais dedicados à política está muitas vezes milionário, sem
até agora fornecer qualquer explicação de como isso ocorreu. Sabe-se, no
entanto, que o então presidente da Petrobrás no governo FHC, Joel Rennó, era
assíduo frequentador de sua mansão e sua família comanda uma das grandes redes
de postos de gasolina do país – além de retransmissoras da TV Globo e de outros
negócios herdados por seus filhos.
Outro
campeão do mesmo esporte, Orestes Quércia, morreu deixando uma herança de
bilhões de reais tendo sido a vida inteira político profissional. Seu sucessor
na presidência do PMDB é Temer. Dá para imaginar que ele tenha chegado a esse
posto sem rezar na mesma bíblia do antecessor?
Nem
Sarney, nem Quércia, nem todos os demais – não esqueçamos de Paulo Maluf, ACM,
a lista é imensa – jamais foram incomodados para valer pela Justiça. (Ainda
hoje, também já octagenário, Maluf continua dizendo que jamais teve conta na
Suíça, embora não viaje mais ao exterior como sempre fez, por suspeitar que a
Interpol se oponha e faça com ele o mesmo que foi feito com José Maria Marin,
por coincidência seu sucessor, por dez meses, no governo paulista ainda no
tempo da ditadura militar.)
Contra
os que deram mais bandeira foram abertos inquéritos que rolam no STF há muitos
anos, sem chegarem aos finalmente. O senador Valdir Raupp, por exemplo, que já
foi vice de Temer no PMDB, citado na Lava Jato, responde a um desvio de 167
milhões de dólares do Banco Mundial desde quando era governador de Rondônia (de
1995 a 1999).
O
STF sempre foi e continua sendo um refúgio seguro, à prova de intempéries.
De
repente, a Lava Jato nasceu. No governo Dilma. E a Lava Jato inovou ao enjaular
grandes empresários que tinham negócios com a Petrobrás e ao lhes oferecer uma
forma de sair da cadeia: a delação.
E
ela não fez nada para barrá-la, por um motivo singelo: tinha certeza de que ela
não estava no rolo. Se outros estavam – inclusive petistas – não importava para
ela.
A
turma do PMDB e seus aliados de partidos satélites enxergaram aí um perigo
real. A Lava Jato, como diz o nome, era mais rápida e mais atuante que o STF. E
eles não tinham nenhuma relação com os jovens procuradores.
Pela
primeira vez em dezenas de anos as suas operações secretas e muito bem
camufladas poderiam vir à tona, denunciadas por empresários que não tinham o
STF para abrigá-los, com o que eles poderiam perder tudo, ou boa parte do que
amealharam, e assim comprometer o seu presente e o futuro dos seus filhos e
netos.
Alguma
coisa precisava ser feita.
De
onde surgiu a iniciativa de pôr fim a essa ameaça? Da fértil imaginação de
Eduardo Cunha, por coincidência aquele que mais tinha a perder com a Lava Jato,
como até os suíços demonstraram - com precisão suíça.
Por
que governos anteriores não foram incomodados pela maioria que vive assaltando
os cofres públicos apesar de Fernando Henrique e Lula terem cometido as mesmas
"pedaladas" que ela? Porque não havia Lava Jato. Não era necessário
inventar pretextos. Sob FHC e sob Lula essa maioria podia agir livremente como
sempre agiu. À luz do dia.
Mas
quando a Lava Jato chegou com tudo e Dilma não fez o menor esforço para
freá-la, muito ao contrário, a estimulou, um plano foi colocado em ação, com
duas etapas: primeiro derrubar Dilma, depois derrubar a Lava Jato. Por questão
de sobrevivência, não de ideologia, embora, para confundir a opinião pública,
que é, na maioria, conservadora, foi criada a narrativa de que era urgente
exterminar a petista por ser uma perigosa agente comunista que desejava
transformar o Brasil numa nova Venezuela.
A
tese do "perigo externo" foi decisiva para convencer a classe média a
ocupar a Avenida Paulista para derrotar os "vermelhos" a fim de
pressionar a maioria parlamentar.
Inventou-se
esse pretexto mequetrefe – pedaladas fiscais – que só deu certo porque qualquer
coisa servia para afastar o "perigo vermelho" do Planalto e era do
interesse da maioria parlamentar tirar Dilma a fórceps, o quanto antes. Antes
que a Lava Jato chegasse neles.
Temer
chegou ao poder afrontando os que achavam que ele queria derrubar a corrupção.
Formou um ministério de suspeitos e quase réus e fechou o órgão – Controladoria
Geral da União - que os fiscalizava. A frase que o marcou foi "eu sei
tratar com bandidos", talvez se referindo ao período em que, à frente da
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo teve que se ver frente a frente
com o rei do jogo do bicho, Ivo Noal e com notórios contrabandistas, dando a
entender que isso o qualificava para ser presidente da República.
Agora
que Dilma está fora, o grupo majoritário trabalha sofregamente, noite e dia,
para acabar definitivamente com ela e com a Lava Jato. Ou seja, age
decididamente no intuito de obstruir a Justiça. Mas o STF não vê.
Não
optou pelo caminho mais óbvio e também mais visível – trocar o chefe da Polícia
Federal, por exemplo – para a obstrução não ficar na cara e assim seus líderes
se arriscarem a serem presos, pois obstruir a Justiça dá cadeia na certa.
(Roubar os cofres públicos, não.)
A
estratégia, mais sutil, mais subterrânea – e ao mesmo tempo "legal" -
foi explicitada claramente nos grampos do delator Sérgio Machado, nos quais os
caciques do PMDB discutem, preocupados, de que forma podem manipular a maioria
parlamentar para aprovar legislação que enfraqueça os efeitos da Lava Jato.
Em
reação a esse ataque em curso, os procuradores da Lava Jato, unidos ao
Procurador Geral da República travam uma batalha de vida ou morte com o governo
Temer.
Não
só derrubam seus ministros, na maioria com imensos telhados de vidro (ou de
petróleo), como também aproximam a guilhotina do seu pescoço.
Além
de contar com a maioria obtida por Cunha na Câmara e por Renan no Senado,
sabe-se lá por meio de quais métodos obscuros, Temer também utiliza seus
ministros nessa cruzada.
Há
alguns dias seu principal colaborador, Eliseu Padilha (conhecido por Eliseu
Quadrilha, talvez por ser adepto de festas juninas) afirmou claramente para
empresários do Lide, instituição comandada por um dos brasileiros envolvidos no
escândalo "Panamá Papers", João 'Dólar Jr'. que está na hora de
acabar com a Lava Jato.
Uma
coisa é certa. Temer vai tentar convencer a opinião pública de que o mal maior
– o governo petista – foi afastado e que agora o país tem que sair da recessão
e que a Lava Jato atrapalha a retomada do crescimento. E vai usar todos os
meios legais e ilegais para alcançar seu objetivo. (Como orador, já se viu, não
convence nem seu filho de sete anos.)
Na
verdade, a Lava Jato atrapalha os seus movimentos e os de seu grupo na
preservação e crescimento de suas fortunas.
Os
procuradores da Lava Jato começam a perceber que a operação só vai sobreviver
se Dilma voltar.
http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/239115/S%C3%B3-Dilma-salva-a-Lava-Jato.htm
Um comentário:
Ouvimos na TV pelos parlamentares da Presidente de Dilma Roussef que o governo Temer está anulando os avanços dos dois últimos governos:Lula e Dilma, para frear a recessão. Criaram um crise econômica com a ajuda da imprensa, além do boato que a presidente é comunista, a fim de perpetuar o golpe. Mas quem está cerceando direitos e liberdades, é, esse governo do Vice afastado, por isso governo interino, peninha no rabo do cachorro. Sem sombra de dúvida um governo atolado no lodo, na lama da corrupção. A Lava Jato está empenhada em prender os corruptos, e está certa.Eu não saberia escrever nada conclusivo com esta política ensujeirada por séculos. É só isso que vemos, desde o afastamento da Presidente. Lama e mais lama. Parlamentares corruptos e suas fortunas que eles não sabem explicar. Mas sobra a Lava -jato. Tive um sonho com o juiz Sérgio Moro, na ocasião dos grampos: Dilma X Lula. Sonho: possuo um vidro dos grandes. Ele estava cheio de balas de coco. O juiz mo pediu todas as balas, e retirou todas para si. Pedi: me devolva uma, o que ele fez. Acordei. Qual seria a interpretação, nessa bazófia toda. Creio que ele conseguirá pegar todos os corruptos. Ele é jovem, e já está sentindo, tão, tamanha carga. Essas autoridades me parecem muito complicadas. De Direito, não entendo nada, e muito menos de Penal. Mas acho que esse juiz se segura, nessa sua árdua missão. Talvez depois, ele até fará, um grande relatório importante a respeito da difícil e intensa tarefa a de SER O JUIZ DA LAVA-JATO.
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