O
núcleo econômico do governo surgido com o golpe é o encarregado de dirigir o
processo de restauração do modelo neoliberal, derrotado nas quatro eleições
presidenciais, desde 2003. Foi um modelo que começou a ser implementado pelo
governo de Fernando Collor de Mello, foi interrompido com sua queda da
presidência, e retomado, em uma versão renovada, por FHC, primeiro como
ministro da economia do governo de Itamar Franco, depois como presidente da
República.
Foram
12 anos comandados pela privatização de empresas, pela centralidade do mercado
e do ajuste fiscal, pela subordinação absoluta da política externa às
orientações dos Estados Unidos. Anos que desembocaram no fracasso das promessas,
a começar pela própria inflação, que ressurgiu com força ainda no próprio
governo FHC, na mais longa e profunda recessão que o país havia conhecido, no
fracasso do governo FHC, na derrota de seu candidato – Serra – e na vitória de
Lula.
Desde
então, as posições neoliberais foram derrotadas quatro vezes seguidas nas
eleições presidenciais. As campanhas eleitorais permitem a contraposição entre
o que o neoliberalismo trouxe para o Brasil nos anos 1990 e o que os governos
antineoliberais trouxeram posteriormente. O contraste tem sido devastador para
a direita e o seu modelo.
Desde
o governo do Lula, a prioridade deixou de ser o ajuste fiscal, para serem as
políticas sociais. O mercado deixou de ter o papel de referência central, com o
Estado recuperando capacidade de indução do crescimento econômico e de garantia
dos direitos sociais. A prioridade internacional deixou de ser o Tratado de
Livre Comércio com os Estados Unidos para ser a integração regional e os
intercâmbios Sul-Sul.
O
programa formulado pelo PMDB para candidatar-se a ser o partido da direita
brasileira, diante do enfraquecimento do PSDB, retoma as teses essenciais do
neoliberalismo e serve como projeto do governo golpista. Um projeto que somente
pela via de um golpe poderia voltar a ser implementado.
Os
eixos do neoliberalismo orientam o governo, especialmente por meio da atuação
dos seus personagens estratégicos: Henrique Meirelles, Moreira Franco e José
Serra. A centralidade do mercado volta a imperar, daí a retomada dos projetos
de privatização de empresas estatais.
O
ajuste fiscal é o nervo central do governo, daí os cortes drásticos nos
recursos para políticas sociais. A reinserção internacional subordinada aos
Estados Unidos é o norte da política externa, daí o enfraquecimento do Mercosul,
da Unasul, da Celac, dos Brics, e a aproximação da Aliança para o Pacífico e de
relações bilaterais com os Estados Unidos.
Daí
que seja essencial o debate de fundo dos dois projetos que, há mais de 25 anos
se enfrentam no cenário político do país: o modelo neoliberal e o modelo
antineoliberal. O primeiro, personificado pelo Collor, pelo PSDB e agora pelo
PMDB. O outro, personificado pelos governos do PT.
O
golpe foi o atalho para retomar o modelo neoliberal, desmontar tudo o que de
positivo foi realizado nos últimos anos e restabelecer a subalternidade do
Brasil diante dos Estados Unidos.
Por
isso o objetivo central dos que lutam contra o golpe é terminar com esse
governo golpista e espúrio. A melhor forma de fazê-lo, no prazo mais curto, é a
melhor via política de reafirmação da democracia, dos direitos do povo e da
soberania nacional.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/06/neoliberalismo-de-temer-e-rejeitado-na.html
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