Quando
a Justiça transforma-se em um processo de ódio, começa a mover-se com uma
estranha lógica: a do massacre, do linchamento.
O
objetivo é destruir: este, aquele, mais aquele outro.
Para
isso, claro, é necessário o apoio da turba e faz-se da mídia os “agitadores”
que insuflam o “mata e esfola”.
Este
processo começou lá em Curitiba, tendo Lula como alvo e, mesmo não tendo
encontrado nada de maior importância, algo vai se usar para tentar prendê-lo,
nem que seja o ridículo transporte e guarda de uma dezena de caixas de
material, que teriam sido pagas por uma empreiteira, como assinala hoje, em sua
coluna, Elio Gaspari.
É
óbvio a qualquer pessoa de bom-senso que trata isso como um caso de “corrupção
presidencial” ultrapassa qualquer limite de razoabilidade.
Mas
não estamos assim, razoáveis.
Vivemos
há dois anos um clima de histeria e uma das caraterísticas da histeria é que
ela é incapaz de limitar-se, mesmo que alguns o desejassem.
Eduardo
Cunha, precioso instrumento do afastamento de Dilma, incensado em suas pautas-bomba
e protegido escandalosamente – inclusive pelo STF – enquanto realizava o
serviço sujo de aprovar a abertura do processo de impeachment tem todas as
razões do mundo para não se ver apenas como um ladrão pego em suas roubalheiras.
Não
é um caso de “perdeu”.
Cunha
é o “traído” e, pior, vê desabar sobre sua família – estes caras roubam em
família – o peso de uma humilhação pública, que já chegou ao bloqueio de bens e
dificilmente deixará de exibir as cenas de D. Cláudia Cruz sendo conduzida ao
xilindró.
Até
onde irá chegar nas suas revelações, já que percebe que não terá nenhum tipo de
clemência, quando outros 60 ladrões já conseguiram a liberdade delatando?
Mas
há outra frente de conflitos, o Senado, onde a decisão do STF deixou exposto o
procurador Rodrigo Janot, porque não é pouca coisa, em qualquer parte do mundo,
um procurador geral da República pedir a prisão do presidente do Senado e vê-la
negada. É óbvio que a guerra entre Renan e Janot vai se acirrar e tem limites
imponderáveis.
Renan
se tornou o líder natural de todos os envolvidos na Lava Jato, pois mostrou que
tem força para fazer o que, até agora, ninguém logrou: parar, ao menos
provisoriamente, o Ministério Público. Como disse Jucá na gravação de Sérgio
Machado, “estancou esta sangria”, ainda que talvez temporariamente.
Renan
tem condições de reação que faltam a Cunha. E a maior delas é não deixar que a
votação do processo do impeachment seja atropelada, como deseja Temer. Enquanto
Temer for interino e dependente da decisão do Senado, não poderá ter
autoridade.
É
a este jogo de chantagens e imundícies que procuram chamar de “livre
funcionamento das instituições”e “moralização do Brasil”.
http://www.tijolaco.com.br/blog/massacre-gera-medo-de-reacao-kamikaze-de-cunha/
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