Não
era contra a corrupção. Era contra o PT.
Essa
é uma das conclusões essenciais da campanha movida pela plutocracia em nome da
“moralidade” da qual resultou o golpe.
Dirceu,
condenado hoje por Moro a 23 anos de prisão, foi uma das vítimas dessa
perversão de justiça.
Três
líderes petistas tinham que ser destruídos para o golpe plutocrático funcionar.
Lula, Dilma e ele, Dirceu.
O
primeiro da fila foi Dirceu. A imprensa, sobretudo a Veja, abandonou
qualquer fundamento jornalístico para
assassinar sua reputação e colocá-lo na prisão.
Transformaram-no
no que ele definitivamente não é: um monstro. Esquarteje-se esse monstro.
Na
perseguição, a Justiça foi cúmplice da mídia. Primeiro foi Joaquim Barbosa,
durante o Mensalão. Barbosa sabia que quanto mais espezinhasse Dirceu mais
seria louvado pela imprensa.
Depois,
Moro com a Lava Jato completaria o serviço sujo. A condenação absurda de Dirceu
a 23 anos é o fecho da obra de Moro contra um dos grandes arquitetos do PT.
Uma
sessão de interrogatório de Moro contra Dirceu é exemplar. Moro revelou, ou
fingiu, uma ignorância desumana em relação a atividades que renderam dinheiro a
Dirceu.
Com
seus relacionamentos com líderes internacionais, Dirceu era o consultor ideal
para empresas interessadas em fechar negócios em outros países.
É
uma atividade comuníssima no mundo globalizado e capitalista. A Ambev, para
ficar num caso, tinha uma pendência na Venezuela. Quem melhor que Dirceu, amigo
de Chávez e de Maduro, para auxiliar a Ambev nessa tarefa?
É
um serviço sempre remunerado. Dependendo dos valores em questão, muito bem
remunerado.
Foi
constrangedor ouvir as questões de Moro, com sua voz fina tão contranstante com
a fantasia de super-heroi que a imprensa tentou lhe por.
A
única manifestação de decência, naquele interrogatório, veio do interrogado.
Pacientemente, Dirceu explicou ponto por ponto das questões que Moro lhe fez.
Num gesto de altivez e lealdade, quando lhe foi indagado se tinha algo a dizer
a mais no final, afirmou que “o presidente Lula” jamais participara de nada que
pudesse incriminá-lo.
O
real crime de Dirceu, neste país que deixa um psicopata ladrão como Eduardo
Cunha roubar durante décadas, é ser um inimigo da plutocracia.
O
resto é encenação.
A
sentença de 23 anos lavrada por Moro é o ápice dessa antijustiça. É uma coisa
tão patética e abstrusa quanto os exercícios de “dosimetria” que fixaram as
penas do Mensalão.
Na
Noruega, uma sociedade imensamente mais avançada que o Brasil construído pelos
plutocratas predadores, 21 anos de cadeia foi a sentença de Anders Breivik, o
fanático de direita que matou dezenas de jovens de um partido para ele
complacente contra a “estratégia” de dominação muçulmana. Dois anos menos que
Dirceu, portanto.
Ou
a Noruega está errada ou Moro e a Justiça brasileira estão errados. Faça sua
escolha. (Breivik, caso se mostre perigoso ao fim da sentença, poderá ficar
preso mais tempo.)
Mais
que tudo, a decisão de Moro sobre Dirceu é uma evidência mais do que justiça
parcial é ainda pior do que justiça nenhuma.
Na
justiça parcial, você autoriza determinado grupo – a plutocracia – a esmagar o
resto da sociedade. Na justiça igualmente falha, você estabelece ao menos uma
meritocracia darwiniana: vence quem melhor se adapta às circunstâncias, não
importa o dinheiro em jogo.
Moro
vai passar para a história como um servo da plutocracia. Dirceu, como uma
vítima dela.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-pena-de-23-anos-de-cadeia-para-dirceu-e-o-triunfo-da-perversao-de-justica-feita-por-moro-por-paulo-nogueira/
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