Pois
é amigos e amigas. Bem que eu gostaria de ficar sempre postando belas imagens,
animais brincalhões ou em seus habitats naturais correndo livres em cenas
espetaculares, fotos de minha família feliz, sorrisos escancarados de
satisfação.
Acontece
que a vida não é apenas beleza. Não, em regra, ela produz cenas degradantes que
ferem nossos olhares e nosso senso de justiça. E o pior de tudo é que este lado
obscuro da vida está asfixiando aquele pouco de beleza que ainda existe. O
individualismo exacerbado pregado pelo capitalismo está sufocando nosso
sentimento de solidariedade.
Antes de ser advogado eu fui hippie e músico, tendo
aprendido a viver com muito pouco. Como não cultuo esta busca desenfreada por
bens materiais, eu poderia estar aí sempre zen, levando uma vida tranquila,
praticando meditações contemplativas, admirando a pouca beleza que ainda existe
no mundo. Poderia estar percorrendo os passos para chegar ao Nirvana, atingindo
um estado de plenitude e paz interior.
Mas
não, eu não posso me fechar em uma redoma e fingir que nada de ruim está
acontecendo ao meu redor. Não posso deixar de constatar que existe um mundo de
trevas, um obscurantismo medieval que se avizinha em figuras como Bolsonaro,
Malafaia, Feliciano, Sheherazade, Eduardo Cunha, legisladores e juízes
deslumbrados pelos holofotes, mídias golpistas, todos querendo devastar os
restos de beleza e de solidariedade que ainda habitam algumas partes do
planeta.
E
é contra tudo isto que eu me insurjo, na certeza de que não estou sozinho.
Sinto necessidade de tentar influenciar nos rumos que a humanidade está
tomando, pois dependendo da opção, poderemos estar decretando o fim da vida no
planeta.
No
transcorrer de minha já longa vida, eu aprendi a não acreditar em felicidade
individual. Para mim, felicidade deve ser um processo coletivo que propicie a
todos, ao menos potencialmente, a possibilidade de atingirem este tão desejado
estado de espírito através da realização de todas as suas utopias.
Afinal,
eu não iria me sentir bem sendo uma ilha de felicidade cercado por um oceano de
infelicidades.
Jorge
André Irion Jobim.
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