sábado, 8 de agosto de 2015

ANTINOMIAS. ENTRE A LUZ E AS TREVAS

Pois é amigos e amigas. Bem que eu gostaria de ficar sempre postando belas imagens, animais brincalhões ou em seus habitats naturais correndo livres em cenas espetaculares, fotos de minha família feliz, sorrisos escancarados de satisfação.

Acontece que a vida não é apenas beleza. Não, em regra, ela produz cenas degradantes que ferem nossos olhares e nosso senso de justiça. E o pior de tudo é que este lado obscuro da vida está asfixiando aquele pouco de beleza que ainda existe. O individualismo exacerbado pregado pelo capitalismo está sufocando nosso sentimento de solidariedade.

Antes de ser advogado eu fui hippie e músico, tendo aprendido a viver com muito pouco. Como não cultuo esta busca desenfreada por bens materiais, eu poderia estar aí sempre zen, levando uma vida tranquila, praticando meditações contemplativas, admirando a pouca beleza que ainda existe no mundo. Poderia estar percorrendo os passos para chegar ao Nirvana, atingindo um estado de plenitude e paz interior.

Mas não, eu não posso me fechar em uma redoma e fingir que nada de ruim está acontecendo ao meu redor. Não posso deixar de constatar que existe um mundo de trevas, um obscurantismo medieval que se avizinha em figuras como Bolsonaro, Malafaia, Feliciano, Sheherazade, Eduardo Cunha, legisladores e juízes deslumbrados pelos holofotes, mídias golpistas, todos querendo devastar os restos de beleza e de solidariedade que ainda habitam algumas partes do planeta.

E é contra tudo isto que eu me insurjo, na certeza de que não estou sozinho. Sinto necessidade de tentar influenciar nos rumos que a humanidade está tomando, pois dependendo da opção, poderemos estar decretando o fim da vida no planeta.

No transcorrer de minha já longa vida, eu aprendi a não acreditar em felicidade individual. Para mim, felicidade deve ser um processo coletivo que propicie a todos, ao menos potencialmente, a possibilidade de atingirem este tão desejado estado de espírito através da realização de todas as suas utopias.

Afinal, eu não iria me sentir bem sendo uma ilha de felicidade cercado por um oceano de infelicidades.

Jorge André Irion Jobim.

Nenhum comentário: