Na noite do dia 25 de Novembro, ligo a televisão para ver e ouvir os telejornais e me deparo estarrecido com um grande aparato policial invadindo favelas do Rio de Janeiro contando com o apoio material das forças armadas. Tudo sob a narrativa de um apresentador que parecia não se conter dentro de si de tanta satisfação com o que estava ocorrendo, como se ele estivesse pensando internamente “está aí o que vocês merecem, corja de vagabundos”.
Não havia como ser diferente. Afinal, a mídia já havia criado um clima de guerra e de linchamento público durante os dias que antecederam estes fatos. Conseguida a legitimidade popular, ninguém teria coragem de abrir a boca para se insurgir contra a implantação temporária de um estado policial de exceção, permitindo que se saia por aí executando pessoas a esmo. Utilizaram-se da velha tática do pânico para despertarem na população um desejo de vingança, quando na verdade, a sociedade deveria clamar por justiça social.
É como se tacitamente, tenha sido dada uma carta branca aos policiais para que eles saíssem vitimando cidadãos inocentes ao atirarem contra meros suspeitos, ao que o secretario da segurança do Rio se referiu como sendo um “efeito colateral” passível de ocorrer em situações de tal natureza.
Não havia como ser diferente. Afinal, a mídia já havia criado um clima de guerra e de linchamento público durante os dias que antecederam estes fatos. Conseguida a legitimidade popular, ninguém teria coragem de abrir a boca para se insurgir contra a implantação temporária de um estado policial de exceção, permitindo que se saia por aí executando pessoas a esmo. Utilizaram-se da velha tática do pânico para despertarem na população um desejo de vingança, quando na verdade, a sociedade deveria clamar por justiça social.
É como se tacitamente, tenha sido dada uma carta branca aos policiais para que eles saíssem vitimando cidadãos inocentes ao atirarem contra meros suspeitos, ao que o secretario da segurança do Rio se referiu como sendo um “efeito colateral” passível de ocorrer em situações de tal natureza.
Até por ter assistido dias atrás a uma reportagem levada a efeito no interior da Favela da Rocinha, deixando transparente a ausência total do estado em tais comunidades, eu fico pensando com meus botões: ao invés desta “primeira dose” maciça de tanques e caveirões cheios de policiais atirando para todos os lados, não seria melhor uma invasão do estado com uma dose cavalar de investimentos com a instalação nas favelas de creches, postos de saúde, escolas públicas, água limpa, esgoto, depósito de lixo, energia elétrica, comida e emprego para todos? Será que a história não seria diferente?
Enquanto isso não ocorre, “tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. A zona sul continua sendo a casa grande e os cortiços e favelas continuam sendo as grandes senzalas do Rio de Janeiro. Separando tudo, os aparatos de repressão desempenhando o papel de feitores e infligindo pesados castigos aos que ousarem se insurgir com o estado de abandono e semiescravidão a que estão submetidos.
Intimamente, eu tenho certeza da inconstitucionalidade das ações mostradas pelas redes de televisão. Mas quem se importa com isso? Ao menos enquanto os “efeitos colaterais” dos estilhaços e balas perdidas não recaem sobre suas cabeças, as pessoas continuarão assistindo silentes aos atos de violência, com ares de satisfação e com um sentimento de falsa segurança.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
Publicado no site
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/11/481497.shtml
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Enquanto isso não ocorre, “tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. A zona sul continua sendo a casa grande e os cortiços e favelas continuam sendo as grandes senzalas do Rio de Janeiro. Separando tudo, os aparatos de repressão desempenhando o papel de feitores e infligindo pesados castigos aos que ousarem se insurgir com o estado de abandono e semiescravidão a que estão submetidos.
Intimamente, eu tenho certeza da inconstitucionalidade das ações mostradas pelas redes de televisão. Mas quem se importa com isso? Ao menos enquanto os “efeitos colaterais” dos estilhaços e balas perdidas não recaem sobre suas cabeças, as pessoas continuarão assistindo silentes aos atos de violência, com ares de satisfação e com um sentimento de falsa segurança.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
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