Eufemismo,
segundo os dicionários, é uma figura de estilo que emprega termos mais
agradáveis para suavizar uma expressão. É uma forma de tornar mais amena, mais
bonita, ou mais importante, coisas que não o são.
Existem alguns eufemismos que ficaram famosos, dentre eles
o de Mário Quintana ao dizer "verdades que esqueceram de acontecer"
em lugar de mentira, ou o de Alvarez de Azevedo quando disse "era uma
estrela divina que ao firmamento voou!" em lugar de morreu.
Pois
é. Ultimamente, uma parte visível de nossa imprensa tem sido pródiga na
utilização de eufemismos. Só que, ao invés de utilizar tal recurso de linguagem
para amenizar algum fato mais impactante para a população, utiliza-o com
finalidades ideológicas, de proteção a um sistema com o qual ela se acumpliciou
e do qual sobrevive.
Assim
é que lemos nas últimas notícias palavras como “seguranças” quando deveríamos
ouvir “jagunços ou capangas”; “produtor rural” quando deveríamos ler “invasor e
espoliador de terras dos índios”; “trabalho de mais de 30 anos” quando
deveríamos ler “expropriação impune das terras indígenas por mais de 30 anos”.
Muitas
vezes, ocorre o inverso, ou seja, ao invés de amenizar uma expressão, a
imprensa venal procura dar a ela um sentido mais degradante e que cause maior
repúdio na população. Por exemplo: ao invés de usar o termo “movimento social”
(principalmente se estiver tratando do MST), ela fala em “terroristas”,
“seqüestradores”, “assassinos”, etc. Se estiver tratando de reivindicações de
professores em relação ao governo do Estado, eles evidentemente serão
denominados “baderneiros”.
Ah,
e dependendo da fazenda na qual estiver acontecendo o fato, se lhes convier,
eles darão nome a todos os bois, por mais insignificante que seja o indício de
prova de algum ilícito. Já, em algumas outras, omitirão os nomes sob a
justificativa de preservar a dignidade de pessoas que, ao final do processo,
poderão ser consideradas inocentes. Ou seja, aplicam o Princípio da Presunção
de Inocência conforme os seus interesses espúrios.
Jorge
André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário