Explorar
a fome de justiça e a ignorância sempre foi a grande arte dos demagogos e dos
oportunistas. Foi o que fez um grupo de procuradores da República em Curitiba.
Para dar ares de grandiosidade e nobreza a um trabalho que deveria ser sério e
discreto, eles se auto apelidaram "força-tarefa da lava jato".
Integram-na juízes, procuradores, policiais federais, auditores fiscais e
jornalistas — mas só os procuradores lhe emprestam rosto.
Na
onda da enganação, inventou-se que processos não deveriam ser identificados com
números, mas com nomes. Inquéritos, dentro dessa empulhação, foram rebatizados
como "operações". Esse conjunto de engodos foi cultivado para
envolver o grande público numa espécie de novela. O truque da luta do bem
contra o mal. Pura fantasia.
Em
um press release apócrifo, divulgado no site da Procuradoria da República no
Paraná, a auto apelidada "força-tarefa da lava jato", com sua
arrogância e prepotência características, afirmou que notícia publicada nesta
revista eletrônica é "fake news".
Essa
expressão em inglês ganhou força quando o Supremo Tribunal Federal abriu
inquérito para investigar a origem das falsas notícias fabricadas pela
"força-tarefa da lava jato" com o objetivo de emparedar ministros do
STF. O sistema era simples, mas eficiente. Donos do monopólio das grandes
notícias, os novos poderosos faziam barganhas com quem quisesse ganhar a
manchete do dia. O preço, módico, seria publicar falsas imputações contra
ministros do Supremo e seus familiares.
Essa
trapaça envolveu não só a difusão de suposições desonestas. Agentes públicos
lotados na Polícia Federal e na Receita Federal fabricaram
"documentos" supostamente comprometedores para intimidar os ministros
que ousavam "desobedecer" às franquias da "lava jato". De
fake news, logo se vê, entendem bastante.
Ao
saber que estavam sendo investigados pela Procuradoria-Geral da República, o
grupo resolveu sair do seu recente ostracismo. Atirando, naturalmente. As
pessoas que se construíram dizendo que ninguém está acima da lei, que tudo deve
ser investigado e divulgado, repentinamente, mudaram de opinião.
Difamadores
contumazes e linchadores, acusaram pessoas decentes sem provas. Tanto nos autos
quanto pelo Instagram e com ajuda de colaboracionistas que, por fim, elegeram a
nova classe política brasileira. Eles que enfrentem investigações e acusações
com a humildade que exigiram das pessoas a quem acusaram.
Quem
for investigar as ações desse grupo, poderá se espantar com ousadias como a de
pedir quebra de sigilo de altas autoridades da República pelas partes menos
conhecidas de seus nomes, mas com o CPF certeiro do alvo. Talvez pessoas
chamadas Rodrigo Felinto ou Davi Samuel Tobelem.
No
release divulgado nesta segunda-feira (29/6), pessoa ou pessoas que se assinam
como "força-tarefa" negam que tenham adquirido equipamentos de
interceptação e organização de gravações telefônicas (Guardião), conforme este
site publicou, com base em fontes fidedignas. Negam também que tenham fraudado
distribuição de processos em Curitiba.
O
site mantém cada palavra do que publicou. As investigações da
Procuradoria-Geral da República, da Corregedoria do MPF e os processos em curso
no Conselho Nacional do Ministério Público esclarecerão os fatos. No que pese a
resistência de Curitiba, que se negou a compartilhar com a PGR os dados que,
tão gentilmente, compartilhou com o governo dos Estados Unidos.
Leia abaixo a íntegra da nota
divulgada pela "lava jato":
"Diante
da fake news divulgada no site ConJur em 26/06/2020, a força-tarefa de
procuradores do Ministério Público Federal (MPF) no caso Lava Jato informa que
jamais adquiriu o equipamento/sistema Guardião ou qualquer outro equipamento de
interceptação telefônica. Todas as interceptações telefônicas realizadas no
caso Lava Jato foram autorizadas por decisão judicial e efetivadas
exclusivamente pela Polícia Federal.
Também
são mentirosas uma série de afirmações feitas na matéria publicada, como a de
que houve 'distribuição de processos fraudadas'. Todas as distribuições dos
processos da Lava Jato em Curitiba são submetidas ao Poder Judiciário e são
registradas eletronicamente por meio do sistema E-proc, da Justiça Federal, e
do Sistema Único, do MPF.
A
força-tarefa repudia a divulgação de informações evidentemente falsas pelo
referido veículo."
Márcio Chaer é
diretor da revista Consultor Jurídico e assessor de imprensa.
Revista Consultor
Jurídico
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