De
2003 até o golpe de 2016, o Brasil foi protagonista no cenário internacional
com uma política externa altiva e ativa, contrariando os interesses
imperialistas
Ele
disse que nossa bandeira jamais seria vermelha. Falou que o país era o seu
partido. Seu slogan, repetido exaustivamente, dizia que era ‘Brasil acima de
tudo, Deus acima de todos’. Ocorre, no entanto, que esse falso discurso
nacionalista só foi usado para vencer a eleição. A verdade é que para ele só
importam os interesses do imperialismo.
Lembrou
de alguém não é? Falar de subserviência e submissão nos faz inevitavelmente
lembrar da cena de Jair Bolsonaro (PSL) batendo continência para um assessor do
presidente estadunidense Donald Trump. Note que a importância da pessoa
reverenciada com o gesto do presidente eleito, para o Brasil, é tanta que seu
nome virá apenas no próximo parágrafo. Mesmo assim, Bolsonaro fez questão de
mostrar sua servidão aos interesses dos Estados Unidos.
John
Bolton, conselheiro sobre a política externa dos Estados Unidos, esteve no
Brasil para trazer quais são as ordens do imperialismo a Bolsonaro. O
presidente eleito, inclusive, foi rápido em seguir seu chefe e manobrou para
que o país desistisse de sediar a COP-25, maior conferência mundial sobre o
clima. Em 2017, Donald Trump abandonou o Acordo de Paris sobre mudanças
climáticas. Na mesma semana, Eduardo Bolsonaro confirmou a mudança da embaixada
brasileira em Israel para Jerusalém, novamente acompanhando o líder dos EUA.
Com
Lula, Brasil deixou de ser “quintal”
A
dobradinha Trump-Bolsonaro é só mais um capítulo da tentativa dos Estados
Unidos de retomar sua influência na América do Sul. Na década de 90, durante o
governo de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil adotou com afinco parte da
cartilha imperialista, prova disso foram as privatizações e os empréstimos do
Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas isso mudou a partir 2002.
Com
Lula, o Brasil reassumiu sua soberania e passou a ter uma política externa
altiva e ativa, baseada no diálogo, igualdade e solidariedade entre os povos.
Logo no início da gestão do PT, o país reafirmou a importância do Mercosul e
passou a priorizar as relações comerciais e geopolíticas com os vizinhos
sul-americanos, rechaçando a Área de Livre Comércio das Américas (Alca),
proposta pelo então presidente George W. Bush. Era o início do protagonismo do
Brasil em detrimento dos interesses dos EUA.
Responsável
pela condução da política externa ativa e altiva, o ex-ministro da Relações
Exteriores Celso Amorim lembra que o discurso de Lula na 4ª Cúpula das
Américas, que ocorreu em novembro de 2005 em Mar del Plata na Argentina, foi
uma verdadeira pá de cal nas intenções imperialistas de Bush com a Alca.
“Aquele discurso foi definitivo. O Brasil conseguiu concretamente parar a Alca,
pois queríamos um acordo que fosse bom para o país e manter o Mercosul”, lembra
Amorim.
Lula
e o ex-ministro foram além. No segundo mandato, eles abriram diálogo com a
China, Rússia, Índia e África do Sul e consolidaram os BRICS, que passou a
fazer contra-ponto à atuação dos EUA na questões mundiais. A partir daí, o
Brasil passou a ser o principal país aliado de diversas nações africanas.
“A
política externa foi ativa porque eu e o presidente Lula acreditávamos que o
Brasil deveria ser mais protagonista nas relações com a África e com a América
do Sul. E isso com ações concretas de integração, também com os países árabes e
depois os Brics. A política foi altiva porque nós identificamos que poderíamos
sim resistir às pressões e as agendas que não atendiam os nossos interesses,
como a Alca por exemplo”, destaca o ex-ministro de Lula entre 2003 e 2011,
Celso Amorim.
Ainda
segundo o chanceler, a constituição de blocos de países deve ir além dos
interesses comerciais e priorizar uma geopolítica que traga estabilidade as
regiões “O fortalecimento do Mercosul progrediu e foi importante porque o
objetivo de uma integração não pode ser só econômico, mas também a construção
da paz. Isso fortalece a região como um todo”, explica.
Amorim
lembrou ainda o importante papel que a União de Nações Sul-Americanas (Unasul)
desenvolveu ao longo dos anos na construção da paz no continente americano. “A
Unasul foi criticada pela imprensa brasileira, mas o próprio Obama pediu
reunião com a Unasul, porque ele percebia que era uma forma de ter um diálogo
com a Venezuela”, destaca.
Brasil
promovendo a paz
O
respeito a Lula e Amorim na comunidade internacional levou o país a ser o
principal ator nas discussões de paz para conflitos e tensões que já duram
décadas. Em 2010, no Parlamento de Israel, Lula defendeu a criação de um Estado
Palestino e pediu que os países que produzissem armas nucleares seguissem o
exemplo do Brasil e de outros países latino-americanos e proibissem a produção
nuclear para fins bélicos. Israel está entre os países produtores de armas
nucleares.
Anos
antes, na iminência da Guerra do Iraque, o George W. Bush conclamou os países
latino-americanos para apoiar sua invasão ao país árabe. Na ocasião, Lula
reafirmou que o compromisso do Brasil era com a Guerra contra Fome
mundial. Ainda durante o governo do
ex-presidente, o país desafiou a hegemonia dos Estados Unidos ao avançar nos
BRICS com a criação de um Banco Financiador desses países e a proposta de
estabelecer uma nova moeda para fazer frente ao dólar estadunidense.
E
justamente por conta do protagonismo do Brasil internacionalmente, junto a
outros governos progressistas da América Latina, o Departamento de Estado da
Casa Branca tem atuado para sabotar a democracia brasileira. O golpe
parlamentar de 2016 contra a presidenta legítima Dilma Rousseff e a perseguição
política a Lula nasceram em Washington, conforme mostrou o Diário do Centro do
Mundo.
Por Erick Julio da
Agência PT de Notícias

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