Há
uma grande possibilidade do governo Bolsonaro ser apenas de destruição, sem
criar nada no lugar.
O
superministro Moro fez carreira prendendo, muitas vezes sádica e ilegalmente,
os políticos, arrancando urros de prazer da massa sedenta por vingança contra
os poderosos. É um justiceiro megalomaníaco e narcisista, cujo senso de justiça
se resume à punição, mesmo que à margem da lei. Quanto mais poder tiver, mais
punições espetaculosas ele promoverá.
Eduardo
Bolsonaro, cuja influência sobre o pai parece ser grande, é um olavete fanático
capaz de enxergar comunismo até na banca, se esta resolver contrariar suas
crenças. Vive numa realidade paralela na qual o mundo é dominado pelo “marxismo
cultural” e os intelectuais e professores querem transformar os jovens em
gays-ateus-terroristas.
Para
não deixar Eduardo Bolsonaro delirar sozinho, o bando de pastores evangélicos
próximos a Bolsonaro (gente como Silas Malafaia, Edir Macedo e Magno Malta) têm
uma visão de mundo fanática e preconceituosa, anti-gays, anti-esquerdopatas,
anti-feministas e anti-macumbeiros. Sua perspectiva fantasiosa do mundo parece
sem menor, apenas, que sua ambição por poder e dinheiro.
Eduardo
Bolsonaro e os pastores nunca agregam. É muito delírio, ganância, vaidade e
excesso de “anti” para um país que precisa, mais do que nunca, de pragmatismo,
solidariedade, desprendimento e ações construtivas.
Resta
Paulo Guedes, o trator neoliberal que, pelo jeito, vai acabar com os direitos
que restam aos trabalhadores e com a escassa proteção da já debilitada
indústria nacional. Paradoxalmente, na economia capitalista, a destruição às
vezes pode promover o crescimento, mesmo que às custas de uma exploração maior
do trabalho – leia-se precarização generalizada, no caso do Brasil. Com a
situação atual, qualquer crescimento da ordem de 4% ao ano que baixe
significativamente o desemprego, seria considerada um sucesso.
Mas,
até agora, não parece que Guedes tenha experiência nem tato suficiente para
promover uma destruição criativa na economia, que exigiria o pragmatismo de
investimentos pontuais do estado em pontos chave, combinados com uma política
cambial, fiscal e monetária no estado da arte, mais capacidade de articulação
política com o Congresso, a banca e o setor produtivo. Definitivamente, não
parece ser o perfil de Guedes. E para piorar, 2019 não parece ser um ano
promissor para a economia mundial.
Se
não tomar jeito, Paulo Guedes promoverá apenas a parte da destruição, sem criar
nada no lugar: nem crescimento, nem emprego.
Por
falar em mercado mundial, o futuro chanceler Ernesto Araújo, escolhido por
sugestão de Eduardo Bolsonaro e Olavo de Carvalho, é tão delirante quanto
ambos. Ele também acredita em marxismo cultural, é Trump/EUA até debaixo d'água
e acredita que a América (Brasil incluso?) precisa resgatar sua cultura cristã
e que, pelas mãos de líderes como Trump e Bolsonaro, voltará a se aproximar de
Deus!
O
prognóstico, com uma turma dessas no comando do barco, infelizmente não é dos
melhores. A nossa torcida deve ser para acontecer o menos pior: que o navio
atravesse a tormenta que se avizinha fazendo água, mas sem naufragar, ou seja,
que o país continue apenas estagnado, como tem sido ao longo do governo Temer.
Creiam, se for assim os anos Bolsonaro, já estará de bom tamanho.
Mas
não creio que os eleitores de Bolsonaro tenham sido enganados. Eles estavam
mesmo com sede de destruição. Votaram com sangue nos olhos, com muita raiva dos
políticos, dos partidos, da mídia e dos bandidos. Queriam alguém para destruir
tudo, talvez com a esperança de que da destruição nasça um novo país. Talvez
sem esperança nenhuma, apenas com o desejo mórbido de vingarem-se de sua
situação desesperadora, de descarregarem suas frustrações nas urnas e acabar
com tudo isso daí, como gosta de dizer o nosso capitão.
https://jornalggn.com.br/blog/wilton-cardoso-moreira/um-governo-de-destruicao-por-wilton-moreira
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