Depois
deste final de semana, ninguém poderá alegar inocência no futuro, quando cair
sobre nós a escuridão anunciada por Jair Bolsonaro e seu grupo, se confirmada
sua eleição no domingo.
Eles
mesmos nos avisaram de que haverá desprezo e talvez violência contra as
instituições democráticas, de que o regime será tirânico, perseguindo
adversários, mandando-os para o exílio ou para a prisão. O nome disso é
ditadura.
Começando
pela fala do deputado eleito Eduardo Bolsonaro, de que o STF poderia ser
fechado por um soldado e um cabo, dispensado até o uso de um jipe.
Isso
haveria caso o STF impugnasse a candidatura de seu pai, embora a matéria seja
afeta ao TSE.
O
ministro Celso de Mello, decano da corte, qualificou-a de “inconsequente e
golpista” e o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, afirmou em nota que
atacar o Judiciário é atacar a democracia.
Palavras
enérgicas mas insuficientes para o tamanho da afronta.
Como
disse a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, “o tempo dos tribunais deve
ser o tempo de salvar a democracia”.
“Já
adverti o garoto”, disse o pai.
A
fala foi em julho mas não vem ao caso.
O
que ela expressa é a ideologia do grupo que integra, que transpareceu também,
neste final de semana revelador, em declarações do senador Magno Malta, fiel
escudeiro do candidato: “O Brasil tem bandidos também nos tribunais superiores.
O
Supremo Tribunal Federal deste país, cada um tem o seu bandido de estimação”.
O
repúdio enérgico de Mello e Toffoli é insuficientes porque Eduardo Bolsonaro
incorreu em crime previsto pela Lei de Segurança Nacional, como lembrou o
ministro Alexandre de Morais.
Caberia
um pedido de abertura de inquérito, talvez pela Procuradoria Geral da
República.
A
LSN trata de crimes “contra o regime representativo e democrático, a Federação
e o Estado de Direito”, além dos que atentem contra a integridade e a soberania
nacionais, e contra a pessoa dos chefes de poderes.
O
deputado eleito blasfemou contra o Estado de Direito, segundo previsão da lei,
ao “fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para a
alteração da ordem política ou social”. Fechar o Supremo é isso, e portanto,
caberia uma ação. Mas o Judiciário, que ajudou a criar o monstro, agora lida
com ele cheio de dedos, temendo ser devorado.
Foram
também indicadoras da tirania que nos espera, se Bolsonaro for eleito, suas
próprias declarações, em mensagem por vídeo aos apoiadores reunidos na avenida
Paulista: “Vamos varrer do mapa esses bandidos vermelhos do país. Essa turma,
se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão
para fora ou vão para a cadeia.”
Não
duvidemos: os adversários serão perseguidos, forçados ao exílio ou a prisões
arbitrárias.
Na
mesma fala, ele falou de um Brasil “sem Folha de São Paulo”, em outro aviso
macabro, este à imprensa livre que tanto contemporizou com ele. E proclamou que
o ex-presidente Lula vai mofar na cadeia, explicitando a intenção de controlar
o Judiciário, pois não cabe ao Executivo decidir sobre a execução da pena de
nenhum preso.
Avisou
ainda que o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, será preso e fará
companhia a Lula, juntamente com o atual candidato do partido, Fernando Haddad.
Bolsonaro
aponta para o terror de Estado, com o governo decidindo quem prender, fora do
devido processo legal, fora do Estado de Direito. Quem for capaz, que arranje
outro nome para esta ditadura anunciada.
Não
podem os democratas brasileiros comungar da resignação do ministro do STF
Roberto Barroso, para quem “os países, como as pessoas, passam pelo que tem que
passar, para amadurecerem e evoluírem”.
Isso
equivale à teoria espírita do karma, que não pode ser aplicada às Nações.
O
Brasil que venceu uma ditadura há de evitar o seu retorno, se os democratas
saírem de seu imobilismo.
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