Medidas
baseadas em argumentos repetidos até a exaustão podem produzir efeitos
contraproducentes e conduzir a anomalias sociopolíticas. Há uma lei que deve
ser cumprida como tal, e não se pode suscitar excepcionalidades para não
cumpri-la, até porque esta alegada excepcionalidade não se evidencia no caso da
prisão e isolamento de Lula. Não se trata de um criminoso stricto sensu, mesmo
com o estigma criminal. A popularidade do “condenado” — ao que parece —
continua aumentando.
Cabe
refletir sobre a medida em termos sociopsicológicos: a tentativa de
desconstrução de uma memória, sem efeitos na sua popularidade. Mesmo que uma
parcela das redes sociais alardeie vitória e considere sua prisão uma derrota
de representatividade, isso não diminuiu os seus índices de popularidade. O
isolamento de Lula, em termos foucaultianos, visaria debilitar sua saúde
mental, demonstrando a capilaridade do poder. Entretanto, isso parece não estar
surtindo o efeito esperado: fazê-lo desaparecer paulatinamente do imaginário
popular.
Quando
o vínculo de um líder — com tal grau de ligação com parcela da população de um
país, como atestam todas as pesquisas de popularidade — é psicofisicamente
cerceado, o risco é dar origem a uma reconstrução de sua figura no imaginário
popular e fortalecer sua ligação com esta população, já agora descompromissada
dos elementos de realidade.
Esse
fenômeno psicológico ocorreu com Mandela, na África do Sul, e é a essência da
formação dos movimentos messiânicos nas sociedades ocidentais. Tais movimentos,
no Brasil, e nos países de língua portuguesa, ganharam uma amplitude suis
generis com a construção do assim chamado sebastianismo. Essa ocorrência
derivada do desaparecimento do rei de Portugal D. Sebastião, na batalha do
Alcácer Quibir (1578), no Marrocos, marcou profundamente o pensamento lusófono
de modo a converter-se no ponto de partida de muitos movimentos salvacionistas.
Os
episódios no Brasil foram muitos e se mantiveram por séculos. Em Canudos, na
Bahia (1897), conforme cita Euclides da Cunha (Os Sertões), um dos sediciosos
falava que a rendição seria impossível, porque havia um núcleo de homens de
“muita opinião” que a ela se opunha. A construção desta dita “opinião” abandona
os caminhos da política e da racionalidade para ingressar no estágio da fabulação
e do fanatismo quase delirante. Foi assim no Episódio da Pedra Bonita
(1836-38), em Pernambuco, e também na Guerra do Contestado, em Santa Catarina
(1912-16), onde os “homens de opinião” acreditavam na vinda de um exército
sobrenatural, o “Colosso”, comandado pelo rei D. Sebastião, que os salvaria
miraculosamente da derrota. Em 1926, ocorreu o episódio do Beato do Caldeirão,
que culminou em 1937 com o uso de aviação e grande mortandade de rendeiros e
posseiros em Juazeiro do Norte. Em 1938, o episódio do Massacre do Fundão,
ocorrido no hoje município de Tunas, no Rio Grande do Sul, e outros ainda mais
recentes ilustram o perigo de tentar ocultar um líder dos seus liderados.
As
tentativas de interferir no imaginário coletivo podem causar verdadeiras
patologias sociais. É necessário, neste aspecto, transcender o campo
estritamente jurídico e perceber os pontos de encruzilhada com a Sociologia,
Psicologia Social e a história do povo brasileiro.
Esses
acontecimentos históricos fazem refletir sobre a necessidade de preservar a
ligação de um líder atual, Lula, por exemplo, com seus seguidores. Isso
permitirá uma visão mais clara da realidade e poderá evitar que a fantasia
popular teça conjecturas e as dissemine pelas redes sociais. Manter o princípio
da realidade como forma de soberania dos fatos é fazer prevenção de patologias
sociais e de futuros desdobramento danosos à paz e ao desenvolvimento do país.
Ao
conceito freudiano de “ressurgência do reprimido”, cabe esclarecer que, no
campo dos fenômenos de massa, incontroláveis por natureza, as memórias
reprimidas no inconsciente coletivo costumam retornar em manifestações
disruptas e esgaçadoras do tecido social.
Gabriel Camargo é psiquiatra
forense.
Jorge Trindade é psicólogo e
professor de Psicologia Jurídica (Ulbra/RS).
Revista Consultor
Jurídico
https://www.conjur.com.br/2018-jun-08/opiniao-sebastianismo-desmemoria-lula
Um comentário:
PUTA QUE O PARIU! ATÉ QUANDO VAMOS FICAR DE QUATRO NESTE BORDEL?
> https://gustavohorta.wordpress.com/2018/06/11/puta-que-o-pariu-ate-quando-vamos-ficar-de-quatro-neste-bordel/
... ...PUTA QUE O PARIU!
ATÉ QUANDO VAMOS FICAR DE QUATRO NESTE BORDEL A TOMAR NO CU PASSIVAMENTE?
ATÉ QUANDO? SERÁ QUE ESTAMOS GOSTANDO?
PUTA QUE O PARIU!
O pior de tudo, companheiros, é que eles fazem as coisas à luz do dia, sem qualquer escrúpulo ou receio, com a certeza da impunidade.
Para esclarecimentos da jogatina e ilegalidades que a quadrilha de plantão desse governo está disposta a fazer para dilapidar o patrimônio nacional....
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