Perdemos
já o direito de nos surpreendermos com a obsolescência mental de Temer.
Mas
ainda assim é difícil acreditar que ele tenha citado Margaret Thatcher como
referência.
A
esta altura?
Sabe-se,
há muito tempo, qual foi o legado do thatcherismo — uma brutal concentração de
renda. Thatcher fez um governo de ricos, por ricos e para ricos.
Até
os conservadores britânicos a rejeitaram faz tempo. Morta em 2013, jamais foi
erguida uma única estátua para ela. Seria derrubada em poucas horas.
Sua
receita foi uma mistura de privatizações e desregulamentações. Nos dias de
fausto de Thatcher, nos anos 1980, essa receita foi amplamente imitada em todo
o mundo.
O
governo FHC foi essencialmente thatcherista, embora ele negue para manter a
fama de “intelectual de esquerda” (aspas e gargalhada.)
A
doutrina de Thatcher com o tempo se mostraria ruinosa — e não estamos falando
apenas de concentração de renda. A grande crise econômica de 2008 foi fruto do
thatcherismo: as desregulamentações financeiras estimularam os banqueiros a
fazer barbaridades em busca de bônus bilionários e a bolha acabou explodindo.
Para
um país como o Brasil, as ideias de Thatcher representam um avanço monumental
na desigualdade.
Quando
morreu, Thatcher era tão detestada que os ingleses fizeram uma festa animada em
Trafalgar Square, no centro de Londres. Eu vivia então em Londres, e
testemunhei as celebrações. “A bruxa morreu”, cantavam as pessoas em Trafalgar
sob chuva.
E
é Thatcher que Temer cita agora. O Brasil precisa do exato oposto. E, neste
momento, o primeiro passo é nos livrarmos dele, Temer.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-ignorancia-desumana-de-temer-sobre-margaret-thatcher-por-paulo-nogueira/
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