O
Cafezinho tem a honra de publicar a carta do professor Paulo Metri, Engenheiro
Mecânico, mestre em Engenharia Industrial, e conselheiro do Clube de
Engenharia, endereçada às petrolíferas estrangeiras a respeito da legalidade do
governo interino de Michel Temer.
As
negociações com os golpistas não tem nenhum valor legal e no futuro podem
resultar em indenizações e quebras de contratos por um novo governo.
Os
engenheiros do Brasil alertam: não se deve negociar com ilegítimos.
Abaixo
segue a versão em português da carta. A versão em inglês estará disponível na
página O Cafezinho International.
***
TEMER,
FATOR DE INSEGURANÇA JURÍDICA. Por Paulo Metri
Apesar
do domínio do capitalismo sobre a humanidade, existem rasgos esporádicos de
lucidez humana se contrapondo à asfixiante dominação. A agressão imoral do
capital à democracia brasileira dos últimos meses, valendo-se de figuras
deploráveis, merece a ida à sarjeta para derramar um mar de lágrimas.
Os
piores integrantes da nossa política deram um golpe. Começaram com uma
encenação teatral por Dilma ter utilizado, segundo eles, artimanhas para
mostrar números perfeitos de desempenho do seu governo que findava em 2014 e,
com isso, conseguir ser reeleita. Neste caso, uma intervenção teria sido
necessária para que políticos com interesses próprios na questão não fossem os
julgadores. Contudo, consumou-se o impedimento de Dilma, sem pruridos, nem
ressentimentos por se macular a democracia. Daí, Temer pensou, tal o saco de
maldades trazido para a sociedade, algo como: “somos os vencedores, temos o
poder, aos vencidos nenhuma batata”.
Mas,
à medida que o mundo gira, em uma destas voltas, a racionalidade, a justiça e a
democracia podem vencer para desespero do capital e dos corruptos. Nesta hora,
serão revertidos muitos dos maus feitos de Temer. Infelizmente, ficarão
máculas, que não poderão ser apagadas. Por exemplo, as vidas ceifadas antes da
hora por Temer, por diminuição do atendimento da saúde pública e por diminuição
da aposentadoria ou pensão daqueles que menos dinheiro significa menos comida:
não poderão ser revertidas.
Os
exemplos de países que rasgam contratos leoninos para as suas sociedades, são
inúmeros, haja vista todos os contratos de empresas petrolíferas estrangeiras
com os países do Oriente Médio na época da nacionalização do petróleo deles.
Quero estar presente na hora da reversão para lembrar ao novo governo as
doações feitas pelo impostor Temer de Carcará, de ações da BR Distribuidora, da
rede de gasodutos, um monopólio natural, o que transforma a venda em criminosa,
e por aí vai.
Não
entendo a posição dos investidores internacionais neste momento. Por acaso
estão pensando que fazem um grande negócio comprando a infraestrutura
brasileira a preço de banana? Pois, não estão fazendo negócio algum e poderão
ter que ressarcir danos causados ao patrimônio brasileiro no futuro. Eles sabem
que estão comprando tudo muito barato por atos de representantes ilegítimos do
povo brasileiro e querem aproveitar o momento de dominação do país. Será que as
transações estão sendo realizadas por preços vis porque os falsos brasileiros
que assaltaram o poder estão exigindo valores de corrupção “por fora” para os
negócios serem fechados com as empresas estrangeiras?
Por
exemplo, hoje, a Statoil e o seu proprietário, o governo norueguês, sabem que
são cúmplices e beneficiários do roubo de Carcará. Adquirir cada barril de
petróleo pelo preço de uma garrafa de água mineral se caracteriza como compra
de produto roubado e, no caso, dos brasileiros. Não venham alegar, depois, que
o contrato assinado pela Petrobras com a Statoil, e com a anuência da ANP, é um
contrato juridicamente perfeito. Todo contrato assinado no período do
desgoverno Temer é passível de ser revisto. Acabou a época de colônias
exploradas por países europeus, das quais tudo era sugado. A Noruega não teve
uma colônia no Novo Mundo, nem na África, e está, agora, querendo recuperar o
tempo perdido? Inclusive, isto não coaduna com o sentimento do povo norueguês
que conheci.
Depois
que o mundo girar, os tempos serão outros e posturas antidemocráticas, o
acolhimento de mentiras, a perseguição seletiva da Polícia Federal, do
Ministério Público, de parlamentares, de juízes e da mídia, como ocorre hoje,
serão impensáveis. Neste tempo, a verdade prevalecerá e os contratos lesivos ao
povo serão rasgados. Poderão ser acionados tribunais externos para respaldar as
decisões de término das explorações, nacionalização de bens adquiridos a preços
vis e resgate para o país do que é do povo brasileiro.
É
preciso registrar a outra força indutora do golpe. Um país rico em recursos
minerais descobre jazida imensa de bem mineral valioso. O país mais
desenvolvido do planeta planeja um golpe para destituir a presidente do país
que se nega a fazer a entrega quase gratuita deste bem. O desenvolvido coloca
naturais do país, bem treinados, para dar o golpe e, assim, poder começar a
exploração. Para alcançar o objetivo, recrutam, compram e corrompem
legisladores, servidores públicos, empresas, organizações não governamentais,
lideranças, enfim, todos que virão a ser os golpistas.
Aviso
aos usurpadores que estiverem de olho nas riquezas brasileiras para não se
aproveitarem do momento de confusão da nossa sociedade, pois iremos acordar e
todos os contratos assinados na época do ilegítimo Temer poderão ser tratados
como ilegítimos, se forem contrários ao interesse nacional. Ele não representa
o povo brasileiro e não é por outra razão que não se aventura a participar de
eventos públicos, apesar de toda ajuda da mídia vendida. Quando é obrigado a
participar, como nas Olimpíadas, é vaiado. O povo já reconhece que ele chegou
ao poder através de um golpe. Só falta o povo identificar que a nau Brasil está
sendo pilhada pelos piratas que a atacaram.
Paulo Metri é Engenheiro
Mecânico, mestre em Engenharia Industrial, conselheiro do Clube de Engenharia e
da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros, um dos autores de
‘Brasil à luz do apagão’ e de ‘Nem todo o petróleo é nosso’, diretor-geral do
Instituto Solidariedade Brasil.”
http://www.ocafezinho.com/2016/10/21/venda-do-pre-sal-a-preco-de-banana-pode-resultar-em-quebra-de-contratos/
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