Quer
dizer, então, que o capitão nazista é a favor da liberdade de expressão? Desde
quando?
E
o general Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, hein? Subitamente fez
um voo sem escala de paranoico anticomunista a democrata, inimigo número 1 da
censura.
A
doutora Raquel Dodge saiu-se melhor ainda. Descobriu a pólvora. Segundo a chefe
do Ministério Público, os ministros Toffoli e Moraes afrontam o estado de
direito quando desempenham ao mesmo tempo os papeis de acusadores e juízes.
Como assim, vossa excelência? Por acaso Moro e a tal força-tarefa da Lava Jato
não fazem há anos justamente isso colocando num balaio só juízes, procuradores
e delegados? Essa aberração constitucional só é válida quando a finalidade for
caçar Lula e o PT?
Já
o ex-comandante do Exército, e atual assessor da GSI, general Villas-Boas, em
cujo currículo consta a pressão descabida sobre os ministros do Supremo na
véspera da votação do habeas corpus de Lula, resolveu dar azo à sua veia
“democrática”, se dizendo escandalizado com o cumprimento de mandado de busca e
apreensão na casa do general Paulo Chagas. Indignação seletiva de viés
ideológico, pois quando reviraram a casa de Lula o general se calou. E no
privado, com certeza, aplaudiu
As
Organizações Globo através do noticiário, dos comentários de seus âncoras, e
até de editorial do jornal da família Marinho, vêm expressando sua repulsa à
censura ordenada pela dupla Toffoli-Moraes à revista Crusoé e ao site O
Antagonista. Ora, ora. Nada como um dia após o outro. A Globo recentemente
apoiou a censura imposta a Lula no cárcere, por meio da decisão arbitrária do
ministro Fux de impedi-lo de conceder entrevistas, desrespeitando inclusive
resolução da ONU. A proibição acaba de ser revogada por Toffoli, no fim da
tarde desta quinta-feira, 18 de abril. Voltando à Globo e sua falta de
autoridade para posar de paladino da liberdade de imprensa, não custa lembrar
que seus veículos escondem e manipulam tudo que se choca com os interesses
políticos e econômicos da casa.
O
compromisso democrático desses personagens e instituições vale tanto quanto o
respeito de Bolsonaro aos direitos humanos: nada. O golpe de estado que
interrompeu o mandato conquistado nas urnas pela presidenta Dilma, seguido da
perseguição e da prisão infame de Lula, têm as impressões digitais de todos
eles.
Se
é inquestionável que o STF se associou ao golpe fazendo vistas grossas para um
processo fraudulento de impeachment sem crime e que os juízes supremos
permitiram a prisão de Lula, é importante não perdermos de vista o que está em
jogo no cerco ao STF, uma vez que não ha nada que esteja tão ruim que não possa
piorar.
Na
anarquia institucional a que assistimos, com setores do golpismo se
engalfinhando em busca de mais espaço e do aniquilamento de seus adversários,
ocupam a mesma trincheira os nazibolsonaristas, os militares, a Lava Jato e os
grupos de mídia. Querem emparedar e aterrorizar o Supremo, e por tabela também
o STJ, para que os tribunais superiores não se atrevam a votar uma sentença
favorável a Lula.
A
liberdade de Lula virou motivo de pesadelo para essa gente, um fantasma a
assombrá-los dia e noite. Lula livre é uma ameaça real ao poder ilegítimo de
que desfrutam. Eles sabem do estrago que o maior líder de massa do país pode
provocar quando começar a falar e ter contato com o povo. Em poucos meses, a
mudança da conjuntura certamente levará os golpistas à desmoralização.
Esse
é o ponto central. Mas a vida dos lavajateiros foi incrivelmente facilitada
pela censura absurda praticada por Toffoli e Moraes. Embora a censura tenha
sido anulada por Moraes, o ato tresloucado e antidemocrático de vetar uma
matéria deu régua e compasso para a ofensiva do que há de mais obscuro na
política.
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